17 de outubro de 2007
Entrei na escola aos quatro anos porque, quem diria, eu era tímida. E foi lá que aprendi não só a vencer a timidez em uma peça de teatro, como fiz amigos, descobri o gosto por algumas matérias e conheci professores que nunca mais sairão da minha memória. A “tia” Raquel, por exemplo, foi quem me ensinou a ler e a escrever, ainda tão cedo. Eu queria ler sozinha os gibis da Turma da Mônica que minha mãe lia para mim. E ali naquela sala de aula eu descobri as letras com um tabuleiro de madeira. Um novo mundo que se abriu.
Na última segunda-feira, dia 15 de outubro, comemoramos o Dia dos Professores. Eles, que muitas vezes esquecemos de quão importante foram para a nossa formação, merecem muito mais do que apenas um dia. Nós devemos respeito a esses profissionais. Hoje em dia é dito que os professores não são mais valorizados e eu concordo. Por que uma profissão tão importante para a formação de um ser humano é deixada de lado? E não adianta dizer que ganham bem, porque não ganham. Perto do que eles fazem para o país, é pouco.
É verdade que muitos profissionais se sentem tão desmotivados que perdem até o gosto por ensinar. O Governo não incentiva (mesmo que as propagandas digam o contrário), os pais não colaboram e os alunos acham que quem está ali, de pé na sala de aula, não merece respeito. Professores são agredidos fisicamente, ofendidos verbalmente e têm no seu ofício, algumas vezes, um motivo para o medo. E isso não se restringe às escolas públicas, não. Nas particulares, não faltam estudantes para lembrar que “se meu pai paga, você é meu funcionário”. E assim o professor, que ensina, passou para um plano bem abaixo do que deveria estar.
EM CASA
Eu tenho professores em casa e aprendi desde cedo como é a rotina de um mestre. Minha mãe é bióloga e foi a minha professora de ciências durante o “ginásio”. Ela não me ensinou só a matéria, mas a ser um ser humano de bem. As provas que preparava eram deixadas em cima da mesa da cozinha. “Se você quiser ver, pode ver, mas você não vai ter mérito nenhum pela sua nota. Você quer isso?”, ela me dizia. Eu nunca olhei uma linha sequer. E aprendi que cada ponto conquistado com suor (assim como na vida) tem mais sabor, porque é honesto.
Minha tia Marlene também é professora e dá aulas de teatro. Meu pai, apesar de não ser professor em escola e sim balconista, foi o meu grande mestre na matemática. Era com ele que eu tirava todas as dúvidas e até hoje isso acontece. E eu também fui professora. Comecei a lecionar inglês aos 16 anos e retomei a atividade durante alguns períodos da minha vida. Eu adoro ensinar.
Todos nós temos professores dentro de casa. É uma tia que ajuda na lição da escola, uma avó que lê histórias e ensina a fazer um bolo, um avô que mostra como fazer uma casinha para o animal de estimação, um irmão mais velho que ajuda com a redação. E os mestres que encontramos ao longo da vida completam a nossa formação.
PARABÉNS
Não sei se ter tido exemplos dentro de casa me mostrou o verdadeiro valor dessa profissão, mas sempre respeitei meus professores. Desde a “tia” Raquel, uma freira de cabelos brancos que foi a primeira a ver o meu amor pelas letras, até os últimos educadores que eu tive. Mesmo aquela professora brava e que eu não gostava na 8ª série, ela também teve o meu respeito. Outros, tiveram também minha admiração e o meu carinho.
Foi Edson, um professor da faculdade, que me incentivou a seguir no jornalismo impresso (embora eu tenha começado no rádio). E com ele fiz meus primeiros trabalhos como freelance e aprendi tanto que nunca me esquecerei. Hoje também tenho uma professora. Depois de anos de sonhos em aprender a tocar piano, eu decidi que era a hora de começar e há oito meses estudo o instrumento. A Cidinha, com seu talento e dedicação, me incentiva a cada aula. “Não há idade para aprender a tocar”, eu aprendi. E a música trouxe ainda mais alegria para a minha vida. Para a Cidinha, a “tia” Raquel, o mestre Edson, meus pais, minha tia Marlene e todos os professores desse país, os meus parabéns. Não só por um dia, mas por todos.