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9 – 1º dia Buenos Aires

sábado, outubro 18th, 2008

A viagem de ferry boat foi muito boa. Três horas de duração entre as duas capitais – Montevideo, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Quase não conseguimos lugar porque, sem saber, aquela segunda-feira era um feriado na Argentina. Passamos a viagem conversando com um senhor simpático que sentou ao nosso lado, o alemão Rolf Seeler. Enquanto ele falava em espanhol e nós em português, passamos um tempo ótimo contando histórias. Ele disse que como seu nome era muito diferente e há anos ele morava na América Latina, as pessoas o chamavam de Rodolf. Então assim ficou.

Rolf é escritor de livros de viagem. Foi jornalista, trabalhou em uma multinacional e resolveu largar tudo para viajar. Cada viagem que esse homem já fez que não dá para acreditar! Morou em navio de carga e deu a volta ao mundo em três meses, morou nas Ilhas Fiji (elas existem), conhece o Brasil melhor do que muitos de nós e morava, até o momento que conversamos, em Punta Del Este, mas fazia viagens diversas pela América do Sul para escrever e revisar seus livros. “Um dia eu quero ser como o senhor”, eu brinquei, mas falando a verdade.

Chegamos em Buenos Aires e pegamos um táxi para o Che Lagarto Hostel, o albergue que escolhemos. Como em Buenos Aires a hospedagem é bem cara, optamos por algo diferente e mais em conta. O albergue pertence a uma rede e é simpático, com funcionários legais e um ambiente bom. Ficamos em um quarto privativo com banheiro e TV.
Deixamos a malinha e a mochilona e fomos passear.

Vale ressaltar que não me estenderei nas descrições de Buenos Aires porque a cidade é bastante conhecida dos brasileiros e há quem a conheça bem melhor do que eu pela internet afora. Mas darei meu relato e dicas. A começar pelo choque que tivemos logo ao chegar na cidade. O lugar é bonito? É. A cidade é interessante? Sim. Gostamos de lá? Gostamos. Voltaríamos? Não sei. O fato é que depois de sair do Uruguai, foi um pouco decepcionante chegar a uma cidade tão grande, com trânsito e, em geral, pessoas educadas, mas não simpáticas, percebem a diferença? Aquele calor humano e a empatia foram embora. Desculpem-me os amantes de Buenos Aires – e eu não generalizo porque ao contrário do Uruguai, não conhecemos a Argentina. Conhecemos apenas a sua capital e sabemos que isso pode não refletir o povo como um todo – a verdade é que preferimos qualquer cidade do Uruguai a Buenos Aires. Sem críticas, apenas uma observação, ok?

Nosso primeiro passeio foi andar até Puerto Madero, o famoso porto onde estão localizados restaurantes badalados. Fizemos nossa única refeição já eram mais de 18h00 no Il Gatto, um restaurante com preço justo, ambiente agradável e comida deliciosa, além da bela vista das janelas de vidro. Voltamos para o albergue e como combinado, o pessoal do El Viejo Almacen passou para nos buscar. Fomos a um show de tango.

Eu esperava mais, muito mais. O tradicional show de tango, oh, na verdade é um show muito bonito, sim, mas com tudo: música, dança, mais música, mais música, mais sei lá o quê e o que queremos ver – os dançarinos de tango – aparecem vez ou outra, perdidos num show grandioso. O lugar era acolhedor, serviu um delicioso vinho argentino, mas ficou a desejar, ainda mais se considerarmos o preço caríssimo do ingresso. Sem o jantar, vale dizer, porque caso contrário seria assalto à mão armada. Mas vale a pena conhecer, afinal, o tango é tão famoso por lá…

No dia seguinte, 19 de agosto, fomos primeiro ao Caminito, aquele bairro das casinhas coloridas, uma periferia alegre e intimidadora. Não fizemos city tour, mas pode ser uma boa opção na cidade. Resolvemos andar durante quase todo o tempo e aqui vale uma dica: não compre nada no Caminito, ali é lugar de turista, eles enfiam a faca no preço. Visitamos o museu do Boca Juniors e, bom, sem comentários. Nem marido, que quis tanto entrar, gostou. Não quis nem entrar no Estadio La Bombonera, que vimos apenas através de um vidro, o que foi suficiente.

De lá andamos muito, mas muito mesmo, algumas horas. E fomos parando pelo caminho, para conhecer bairros e monumentos. Vimos a replica da Casa Amarilla, do Almirante Brown, o parque Lezama, a Igreja Ortodoxa Russa e passamos por vários museus que estavam em reforma. Buenos Aires, aliás, parecia um grande canteiro de obras. O Museu de Arte Moderna, um prédio muito bonito, estava fechado, bem como o Museu do Cinema, próximo a ele e cujo prédio estava caindo aos pedaços. O Museu Penitenciário estava fechado porque não abre em todos os dias da semana e a igreja ao lado, a Parroquia San Pedro Gonzalez Telmo, belíssima por fora, estava em reforma.

Andamos mais um pouco e chegamos à simpática Plaza Dorrego e de lá pegamos um táxi para o Restaurante Bodhi, na rua Chile, 1763. A dica do restaurante vegetariano foi da amiga Luciana e fomos conferir o menu. Uma delícia! Tivemos uma ótima refeição sem carne na cidade que adora um bife! E continuamos a caminhada para o Centro – Monserrat, cuja primeira parada foi na Plaza de Los Congresos.

Conhecemos, mais à frente, o Palazio Carlos Gardel, onde funciona o Museo Del Tango, um dos lugares bacanas que vimos na cidade. Bem organizado, muito bonito e onde acontecem freqüentes apresentações de tango. Gostamos muito. Logo mais fomos ao Café Tortoni, dica do nosso amigo Rolf e ponto que merece uma visita. O prédio é magnífico e o chocolate quente uma delícia – eu pedi o normal com churros e marido um chocolate espesso.

Passamos pela Calle Florida, o famoso e lotado calçadão para compras, onde não compramos nada porque preços melhores podem ser encontrados em outras regiões e chegamos à Plaza de Mayo, com os prédios mais conhecidos da cidade. Vimos a bela Catedral Metropolitana, o Cabildo, a Sede do Governo de Buenos Aires, o Banco de La Nacion, o Palacio Del Congreso e a Casa Rosada, que mais parece ter a cor de terra desbotada e estava em reforma.

Nas redondezas, conhecemos a Parroquia San Ignácio de Loyola, que angaria fundos para uma restauração e conhecemos o Mercado de Las Luces, um lugar muito bonito e que faz parte da história do povo portenho. Continuamos caminhando e chegamos ao Museu Franciscano, ao lado da Capilla San Roque (fechada) e a bonita Parroquia San Francisco. O “complexo” fica em frente à Farmácia La Estrella, que funciona no local desde 1834. Aqui estamos entre as ruas Defensa e Alsina.

Voltamos à Plaza de Mayo e visitamos o Museo da Casa de Gobierno, sem comparação com o equivalente da capital vizinha. O espaço era menor, apesar de organizado, mas eram poucos os objetos de interesse. Vale pela história e pelo ingresso gratuito. E então vimos, de um outro ângulo, a Casa Rosada, na frente com seu monumento a Cristóvão Colombo. Caminhamos rumo ao Obelisco, passamos pela Secretaria de Comunicação (um prédio enorme e bonito) e paramos no Centro Cultural Jorge Luis Borges, lindo e iluminado à noite. A caminhada continuou e vimos o Teatro Colón e adivinhem? Está em reforma. Tão lindo por fora, mas inacessível do lado de dentro até, pelo menos, o final do próximo ano, segundo o segurança da porta.

A avenida 9 de Julio é muito bonita depois que o sol vai embora. Aquelas luzes, o obelisco e a visão daqueles prédios antigos e conservados é bonita, mas nada que seja tão diferente de São Paulo.

O lugar que eu mais gostei em toda a cidade, porém, veio a ser o último visitado no primeiro dia em Buenos Aires. Por indicação do amigo Ivo e reforço de Rolf para que não deixássemos de ir, fomos à livraria El Ateneo, que funciona em um antigo teatro. Imaginem duas das coisas que eu mais gosto na vida? Livros e teatro, juntos. O lugar era magnífico, passamos um bom tempo lá, trouxe para casa um exemplar em espanhol mesmo sem saber o idioma (eu posso começar, né) e a verdade é que não queria ir embora dali.

Jantamos próximo à livraria, no La Madeleine, onde encontramos vários pratos vegetarianos. Depois de comer bem, pegamos um táxi e fomos para o hotel descansar para o segundo dia corrido na capital da Argentina.

(Continua…)