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Líder de si mesmo

sexta-feira, março 26th, 2010

Na última aula de natação, a professora propôs um desafio. Eu não sou boa em velocidade, mas topei e nadei. Parei muito antes do que se não fosse um desafio, com respiração alterada. Parei e continuei nadando como se nada estivesse acontecendo nas raias ao lado. Eu não estava competindo. Então ela comentou em uma das minhas paradas que eu estava nadando muito bem o crawl, que melhorei muito e meu nado estava “bonito”. Foi a minha vitória competindo comigo mesma.

Não curto certas competições. Psicólogos podem dizer que é medo de errar, mas na boa, eu erro mesmo, não é isso. Eu simplesmente não tenho a intenção de ser a melhor em nada. Eu quero ser boa, até ótima, quem sabe excelente, linda, maravilhosa (ui), mas não a melhor. Há gente melhor por aí, eu admiro, não sou eu. Eu quero ser o melhor que eu posso, e isso me basta e me alegra. Quero ser boa e ser admirada pelo que sou e pelo que faço não porque sou a melhor, mas porque sou eu. Quero que me conheçam, que leiam meus livros, que divulguem meus livros, que amem meus livros, sim, eu quero, mas não ser a melhor, porque isso cabe a outras pessoas. Quero ser eu. Apenas isso.

Algumas pessoas nasceram para serem as melhores, são gênios, são incríveis. Algumas pessoas nasceram para ser chefes, para mandar, para ordenar, para liderar. Eu não sou uma dessas pessoas e muitas não são e deveriam admitir. Eu quero liderar apenas minha própria vida. Não há nada de errado nisso. Criou-se uma cultura de que precisamos ser líderes, que para prosperar temos de ter cargos de chefia. Eu não sou assim, não penso assim e penso que prospero além disso e inclusive por isso.

Outro dia, conversando com minha amiga Carol – que é advogada competentíssima, chefe, líder e tudo o mais da melhor qualidade em uma empresa –, eu disse que gostaria que ela fosse minha chefe se eu fosse advogada. Porque eu acho que não nasci para liderar e não vejo mal nenhum nisso. Mas também tenho sérios problemas com lideranças, porque penso que não sou escrava, não sou criança e não sou burra, então ao longo da vida muitas coisas já aconteceram. Hoje estou feliz, não tenho problemas com isso. E descobri que conduzir a própria vida também é, de certa forma, ser líder. De si mesma.

Acho errado quem critica os outros pela sua posição. Em um programa de TV outro dia (assisto a cada um que vocês nem imaginariam), uma moça disse “Ah, não quero conversar com ele por causa da profissão dele”. Quê? Primeiro, é preconceito (e como vocês já sabem, detesto preconceitos), segundo porque todo mundo só quer saber de namorar, ser amigo e conviver com quem é “líder”. Para mim, a maior liderança da vida é cuidar de si próprio com responsabilidade e de quem depende de você (filhos, no caso). Se cada um tivesse a consciência de que seu trabalho é importante, porque é, daríamos mais valor ao que o outro faz. E todos seríamos mais felizes.

Alegrias,

Fernanda.