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O trabalho do escritor

sexta-feira, junho 18th, 2010

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Outro dia eu reli a entrevista que dei para o blog Libros di Amore (aqui) e vi o comentário da Leninha sobre “divertir-se com seu trabalho”. É verdade, escrever sempre foi o meu trabalho e meu hobbie. Engraçado isso, quando me perguntam sobre o que mais gosto de fazer, é natural eu dizer escrever e ler, mesmo que eu tenha outras atividades – AMO viajar, adoro piano, brincar com animais, cozinhar (doces principalmente), comer (vale?), dormir (vale?) e tantas coisas… Mas escrever é, definitivamente, a minha atividade predileta. E é o meu trabalho.

Mas o que muita gente não sabe é que a rotina de um escritor não é exatamente como nos filmes, em que as pessoas se isolam do mundo em uma ilha e cuja profissão é só glamur. A escritora Patrícia Barboza escreveu sobre isso aqui e eu penso exatamente como ela sobre as dificuldades que temos ao iniciar a carreira – e, às vezes, muito muito tempo depois de iniciar também.

Eu sou escritora, hoje em dia, em tempo integral, na teoria. Na maior parte do tempo eu sou assessora de imprensa, secretária, organizadora de eventos, analista financeira, vendedora (de livros!) e assumo tantas outras funções que nunca imaginei. Gosto, adoro, mas é um trabalho que consome mais do que todo o dia, uma loucura absurda. E temos de nos organizar para conseguir… escrever!

Vida de escritor não é bem como você, provavelmente, pensa. É duro quebrar preconceitos de que a jovem literatura nacional não é boa. É difícil para uma pessoa entender que seu livro não é dado porque é seu trabalho – e como diz uma amiga escritora, seu médico te dá consulta grátis? A loja te dá roupas de graça? Não. É trabalho. Muitas pessoas não sabem ou não acreditam que escritores ganham apenas de 5% a 10% do preço de capa do livro como direitos autorais (faça a conta, se um livro custa R$ 30, o autor recebe, na melhor das hipóteses, R$ 3). No Brasil, poucos leem, poucos compram livros e quando compram preferem as obras estrangeiras. Não está na hora de mudarmos esse cenário?

E sabem por que eu luto para nossa jovem literatura nacional dar certo? Porque eu AMO escrever. Saber que as pessoas estão lendo uma história que escrevi e que gostaram. Como Nove Minutos com Blanda começou a ser escrita em 2006, ano da última Copa do Mundo, acho que está na hora de logo dar outra história de presente aos leitores, o que vocês acham? Meu trabalho é para isso.

Alegrias,

Fernanda.