Rio lindo

Foi tudo muito rápido e lá estava eu rumo ao Rio, esbaforida dentro do ônibus depois de conseguir fazer com que ele me esperasse chegar à plataforma. A chuva que desabou na estrada acabou com nossa programação bem feitinha e demoramos o dobro do tempo para chegar à rodoviária. E com a correria, restou utilizar o banheiro do busão mesmo, logo depois que acomodei minhas coisas em uma poltrona que não era a minha porque um homem ocupou o meu lugar e simplesmente não quis sair. O mundo não me surpreende mais.

E o que é banheiro de busão de viagem, minha gente? Tranca quebrada e o equilíbrio básico de uma mulher descolada: segura a porta com uma mão, se apóia nas pontas dos pés em posição de yoga para não encontrar com o vaso sanitário (acho lindo isso de chamar privada de vaso) e cuidados para não pisar nos respingos do chão. Voilá, deu certo, tudo bem e de repente você se vê com um espelho enorme. Pra que alguém quer um espelho daquele tamanho enquanto… hum, medita? Pra ficar observando sua própria cara? Mas o melhor mesmo é abrir a torneira, que é só um caninho por onde sai a água. É só apertar um interruptor (daqueles de campainha) e a água sai. Coisa chique, bem.

O cara que fazia “func func” da poltrona ao lado me dava medo e acho que por isso acabei dormindo (o pouco tempo que consegui dormir) com o pescoço virado para o outro lado e acordei com torcicolo. Delícia. Descemos do busão e o calor? Ah, o calor! Como é bom chegar ao Rio (o comentário do calor foi irônico, sobre o Rio foi verdadeiro, viu).

Enquanto aguardava a prima me buscar, eu pude observar as pessoas, e eu adoro observar pessoas. Parei ao lado de uma banca de jornal dentro da rodoviária – aliás, o Rio merece uma rodoviária melhorzinha, hein – e já vi um tipo que parece que engoliu umas três bolas de basquete, daqueles que parecem fazer força para esticar a barriga pra frente, sabe?, parar para ver a capa da Playboy. Eu posso jurar que vi o cara lamber os beiços (éca), mas me distraí com os outros dois que chegaram em seguida para ver… a capa da Playboy. O segundo moço, com a cueca aparecendo, só faltou dizer ao primeiro “Vamos rachar o valor e a revista?”. Olha, os homem pedem para não generalizarmos a “categoria”, mas desse jeito fica difícil, viu.

E embora o meu motivo de viagem-relâmpago tenha sido ruim (e já que não diz respeito a mim, eu não conto de jeito nenhum), mesmo assim, a viagem foi boa. No Rio eu sempre me sinto um pouco em casa. Como uma segunda casa, aquela que sempre me recebeu na infância e na adolescência, nas férias, onde tenho família e amigas muito queridas, onde coloco shortinho sem a vergonha absurda que acaba comigo em qualquer outro lugar, onde posso admirar que exista uma cidade tão linda, com praia e tudo. Pena que o Rio tenha violência, porque ele é lindo demais da conta. E eu adoro aquele lugar.

Alegrias,

Fernanda.

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