Diário de uma mulher

Uma praia linda, mar azul, areia e um calor de mais de 30 graus. Acordo. A praia foi embora, mas o calor continua. Deito novamente para tentar aproveitar os últimos 10 minutos antes de o despertador tocar. Dessa vez, sonho que minha gata é uma terrorista internacional. Levanto da cama atordoada – acho que estou ficando louca. Escovo os dentes e juro que posso ouvir um caminhão fazendo propaganda de uma escola (e não é de samba). A gata está escondida. Aquela calça cinza-claro não cai bem e resolvo colocar outra, mas todas as seguintes também não podem ser usadas. Decido que daquele momento em diante só quero usar calças pretas e só uma mulher poderia entender meu ponto de vista. Jeans também pode ser uma boa saída. Para ir trabalhar, lembro novamente da praia do sonho. Passo protetor no rosto, nos braços e ainda não posso esquecer do repelente nas pernas. Ao sair na rua, tenho a sensação que entrei no forno. Eu sou o bolo e logo serei assada. O calor aumenta, o suor escorre, é um nojo tão grande que não sei como alguém pode gostar disso. O sol brilha, é lindo, mas seria realmente bom se o sol esquentasse uma temperatura de pelo menos 10 graus a menos. Hora de almoço e já chega aos 35, a sandália escorrega do pé e fico imunda de terra. No caminho há terra, quando chove é barro. Durante todo o dia eu penso em tudo o que preciso fazer, mas não posso, porque estou no trabalho – é irônica essa vida. Chego em casa e tomo banho gelado, justo eu que nunca gostei de água fria. Assisto a um filme, mas não esqueço que preciso entregar um trabalho do curso que eu nem comecei e tenho pilhas de tarefas para serem feitas. Janta eu não faço nem que me paguem, eu pensei. Mesmo após a crise da calça e sem coragem de encarar a balança, escondida embaixo da pia do banheiro, eu preparo brigadeiro para comer de colher. Encho a pança com três quartos da lata. Como tudo de uma só vez, mas não é 100 por cento, é apenas três quartos, para diminuir a culpa. Passo mal e não consigo dormir. Tento pensar em algo bom, para adormecer, porque a madrugada chega e eu não posso esticar na cama no dia seguinte. Um amigo diz que a ditadura do horário comercial é impiedosa e eu me recordo que preciso descansar porque estou com olheiras. Quando sonho com a praia, o despertador toca. Não tão mal assim, pelo menos pulei a parte da gata terrorista.

Fernanda.

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