Minha mãe

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Minha mãe é professora e foi a minha mestra na vida e na sala de aula. Quando era sua aluna, não aprendi só Ciências (que ela ensina lindamente), mas tive lições de honestidade. Foi quando aprendi a dar valor às notas que eu tirava e que não ganhava. Minha mãe nunca me proibiu de ver suas provas, mas me mostrou que o caminho mais delicioso para a vitória era aquele em que eu mesma chegava sozinha. Nunca vi uma questão sequer, sempre estudei e tirei boas notas e me orgulho de ter aprendido tudo isso com a minha mãe.

Minha mãe é moderna. Desde antes de eu nascer, ela decidiu que continuaria estudando e trabalhando mesmo depois do casamento. Em uma época em que as amigas muitas vezes optaram pelo (honrado) trabalho do lar, minha mãe comunicou que trabalharia fora. Eu e meu irmão fomos criados com muito amor, mesmo sabendo que ela não estaria em casa em todos os momentos por causa do trabalho. Minha mãe é um orgulho pra mim. Eu sempre admirei o fato de ela dar aulas de manhã, tarde e noite, e ainda ter a atenção de fazer carinho nos meus pés para eu dormir. Minha mãe devia ser a única, até agora, que sabia que eu gosto de carinho nos pés para dormir.

Minha mãe é artista. Pode ser que ela mesma já tenha se esquecido, mas eu não. Eu me recordo do cheiro de tinta pela casa e só adulta consegui entender o amor de mãe que a fez parar suas pinturas por causa da filha com problemas respiratórios, que não existem mais. Minha mãe gosta de cores, mas de tantas cores que em casa é conhecida como a brilhante. Se ela pudesse, se vestiria de luzes. Mas é a cara da minha mãe.

Minha mãe é preocupada. Tão preocupada que chega a deixar maluco quem estiver ao redor. O coração parece que não vai caber no peito de amor pelos filhos e a tecnologia a aproxima dos dois que moram cada um em uma cidade diferente de onde nasceram. Hoje, minha mãe é tecnológica. Acessa e-mails, páginas na internet, prepara as provas dos alunos no computador, envia torpedos pelo celular e até fotos. Mas a preocupação ainda é grande. Minha mãe esteve comigo nos momentos mais alegres e mais difíceis. Passou dias na porta de uma UTI só esperando o momento em que poderia entrar para ver a filha. Trocou bilhetes “clandestinos”, que enviava pelo funcionário que topasse entregar a cartinha cheia de carinho e de força. Minha mãe nunca me deixou sozinha.

Minha mãe acredita em Deus e me ensinou a rezar quando era pequena. Fazíamos uma roda de mãos dadas e agradecíamos ao Papai do Céu pela nossa vida. Minha mãe sempre soube antes o que era bom pra mim, mas nem sempre eu sabia disso. Minha mãe gosta de ler o que escrevo no jornal, mas se o texto é muito longo, ela desiste. Ela torce por mim, não só para que aconteça o que quero, mas para que aconteça o melhor. Eu demorei a entender isso. Vai ver que vou entender cada detalhe de minha mãe no dia em que for mãe.

Minha mãe é chata. E mesmo sendo chata, eu rio com minha mãe. Conto tudo para ela e não consigo esconder os sentimentos. Minha mãe tem uma mãe que é minha mãe duas vezes. Uma outra mãe que é diferente dela e que é diferente de mim. Juntas, todas em uma grande diferença, somos parecidas e unidas pelo amor. Minha mãe não é igual a mim. Muito pelo contrário, porque não somos parecidas fisicamente (uns dizem que nosso sorriso é parecido) e temos maneiras diferentes de ver as coisas e agir em determinadas situações. Mas ela é minha mãe mesmo assim. E eu a amo do jeitinho que ela é. Deus, obrigada pela minha mãe. Mãe, obrigada por ser você.

Minha mãe me ensinou que presentes não têm data para acontecer. Lá em casa, não raro era eu aparecer com uma cartinha escrita à mão, sem presentes. Ou esquecer a data que determinaram que seria dela. Porque o dia da minha mãe era todo dia. Ainda é todo dia. Eu digo que a amo sempre, porque isso é o que importa. Mesmo assim, não poderia deixar passar esse Dia das Mães. Para ela e todas as mães, Feliz Dia. Todos os dias.

Fernanda.

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