Memória afetiva

Eu morei durante toda a minha vida, até os 25 anos, no mesmo local. A entrada pelo quintal ainda leva à casa de minha tia, à casa de minha avó e à casa de meus pais. Foi meu bisavô quem construiu tudo isso, cada tijolo, cada parede. E foi nesse quintal que eu cresci, nesse espaço que eu vivi a maior parte da minha vida. Primeiro na casa dos meus pais e depois do falecimento do meu avô, em um quarto ao lado da minha avó. Foi assim: com duas casas, duas cozinhas, duas salas, uma família pequena, mas bastante unida.

Quando eu venho para essas casas, ainda posso sentir o cheiro dos doces da minha mãe, da comida da minha avó, a lembrança do meu pai me ensinando matemática, das brigas e pazes com meu irmão, de todos os animais que já passaram por aqui. Eu me lembro que gostava de ler gibi deitada no quarto dos meus pais, que fazia lição de casa na mesinha de centro da sala, que brincava de bonecas no meu quarto, que era separado do quarto do meu irmão com dois armários.

Eu me recordo das histórias que a vó contava na janta, da Duquesa (minha primeira tartaruga), dos primeiros peixes, da primeira gata, a Cherry, do gato que viveu comigo por mais tempo, o Tovy, que por 14 anos foi um companheirão. Eu me lembro do meu avô comendo lanche pela casa, de sua risada, de seu jeito carinhoso de abrir a janela quando me ouvia entrando pelo quintal.

Não é mais a minha casa. As minhas coisas já estão em outro lugar, eu já tenho meu canto, aqui é a casa da minha família, mas no fundo parece que nunca deixou de ser minha. É como um refúgio, um aconchego, um lugar que eu conheço direito. Cada canto tem uma história. Uma história feliz. E o mais importante é que a família está aqui.

Vocês também têm a sorte de ter um refúgio assim?

Alegrias,

Fernanda.

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14 Respostas to “Memória afetiva”

  1. Lolla Says:

    Até tinha, mas infelizmente não tenho mais acesso a ele. :(

    Fernanda França Reply:

    Lolla, que pena… não existe mais o seu refúgio?? Crie outro. Descubra outro. É importante termos sempre algum lugar para nos sentir bem, não é? Beijos, Fê. :-)

  2. Elianinha Says:

    Como estamos muito próximos dos meus pais, me senti assim, recordando cada cantinho, pois nossa casa está no fundo de meus pais. Só que o que era meu quarto hoje abriga muitas alegrias do meu filho, e, ainda por cima eles construiram um quartinho de brinquedos, que tornou-se meu “guardador” de livros.
    Aqui há um grande quintal para se brincar, jardim para colher umas florzinhas, e, ainda um portão que se vê a rua. Que para meu filho acho ótimo!
    Em breve a viagem, né? ehehehehe!
    Beijos …

    Fernanda França Reply:

    Estar perto dos avós não tem preço!!! Eu sei porque tive essa felicidade, graças a Deus :-)

  3. Lelei Says:

    Meus pais ainda moram no mesmo apartamento que chamo de casa no Brasil, minha tia ainda na casa dos meus avós que passei parte da infância, mas duas casas já se foram….Mas o meu refúgio está na minha mente. E me segue mesmo que eu não queira, em meus sonhos enquanto durmo, em meus devaneios enquanto estou acordada. Minhas memórias serão vivas pra sempre enquanto eu for pelo menos ;)

    Fernanda França Reply:

    Às vezes o refúgio está no coração, amiga ;-)

  4. Ana Says:

    É estranho mas hoje moro no meu antigo refúgio. Não sinto o mesmo na casa dos meus pais. Explico. Enquanto morava com meus pais, adorava me refugiar na casa da minha avó. E era lá, na vovó, que eu saboreava os cheiros, os colos, os cafunés, as fotos antigas cheias de história, essas delícias de família. Hoje, moro neste ambiente só que, muita coisa já não é igual. O ap foi reformado, muita coisa se perdeu. Acho que descaracterizou um pouco o que tenho na memória. O ap onde meus pais moram, onde eu morei por séculos, rsrs, tb está descaracterizado. Conto muito mais com minha memória mesmo.

    Fernanda França Reply:

    E a memória não é um refúgio? É o mais perfeito deles, amiga, aquele que ninguém nos tira. Beijos com amor.

  5. Vivien Says:

    meu refúgio… acho que não tenho um lugar assim… não vejo a hora de voltar para meu apto aqui em Recife, mas não sinto que seja lá. Acho que a beira da praia, aqui na frente mesmo, seria um refúgio. É nela, andando pela areia, mergulhando meus pés na água, que desabafo minhas tristezas, que contemplo a obra de Deus. xêro!

    Fernanda França Reply:

    Que lindo, Sil! Estar na frente de uma obra de Deus é sempre um refúgio. Beijos, querida.

  6. Luciana Says:

    Oie,
    Eu lembro das tardes e até início de algumas noites, que estudávamos na cozinha… Aquelas coisas bacanas que envolviam matemática, física e eletrônica… risos… E das noites que passamos conversando no seu quarto, acho que já era na casa de sua avó. Apesar de eu lembrar bem do seu quarto na casa da sua Mami.
    Esta semana estou na casa da Mami. Eu ainda tenho o meu quarto montado lá mas virou um quarto de visita. Eu me impressiono como eu me adapto bem em voltar para casa da Mami… é diferente. Não porque eu não sinta que lá não é mais meu cantinho (eu ainda tenho muita coisa lá) mas porque eu me sinto diferente, a gente muda bastante quando sai de casa. Agora o papo pela noite, por uma ou duas ou mais horas seguidas, na cama da Mami… Isso nunca irá mudar… risos…
    Beijos,
    Lu

    Fernanda França Reply:

    Algumas coisas nunca mudam. Graças a Deus, né, amiga? :-)

  7. Fabiana Says:

    meu refúgio com certeza é minha casinha , lá eu me sinto tao em paz … a casa da minha mae sempre foi muito agitada , entre e sai de gente , vizinhos , parentes , lá eu nao tinham muito sossego e acho que por isso nao tenho saudades da casa em si , só das pessoas mesmo

    Beijos Fe

    Fernanda França Reply:

    Nossa casa deveria ser, sempre, um templo, onde nos sentimos bem. E você é feliz por ter isso, linda. Beijos!

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