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Memória gastronômica

quinta-feira, junho 24th, 2010

Memória é algo que não me pertence, mas descobri que posso ter um tipo diferente de memória (não é visual, olfativa, nada disso). É a memória gastronômica.

Conversando com uma amiga, ela me perguntou sobre algumas coisas que aconteceram há 10 anos (quando a gente se conheceu) e eu não lembrava. Fui puxando pela memória… “Ah, naquele dia que saí para jantar em X restaurante (eu lembrava qual e o que comi) e depois comi X de sobremesa (sim, também lembrava)”. E ela: “Viu, você lembrou TUDO”. Hahaha… Para completar, eu ainda brinquei “Você é minha amiga com quem eu ia comer o bolo de chocolate nos almoços do trabalho”. Somente referências gastronômicas.

Eu tenho uma memória péssima mesmo, não é brincadeira. Tudo referente a números é uma tristeza (datas, aniversários, comemorações, telefones, senhas, qualquer coisa é um horror) e também me esqueço de fatos, detalhes que os amigos me contam, nomes de pessoas que conheço pouco. Eu me lembro da pessoa e fico pensando “como ela se chama?”, torcendo para que a própria pessoa me tire da saia-justa e diga “oi, sou a fulana, lembra de mim?” (já sabe como se aproximar de mim, hehe).

Final de filme é um horror, não lembro. Ou melhor, às vezes não lembro o filme inteiro, assisto como se fosse a primeira vez – nome do filme que deve ter sido dedicado a mim. Mas eu me lembro de comidas, de aromas de pratos, do preparo de receitas, do sabor de determinadas comidas que eu só comi uma única vez. Eu me recordo do gosto do primeiro arroz que eu fiz (horrível, empapado e salgado), do bolo de chocolate fofinho que eu fazia quando adolescente e cuja receita repeti há poucos dias depois de anos, do sabor do pastel de Belém de Portugal, do Chaja do Uruguai, do Tiramisù da Itália, do pastel que minha mãe fazia quando eu era criança e do pirulito que meu pai trazia para mim.

Eu encaro como gesto de carinho quando alguém cozinha pra mim, quando eu posso colocar o dedo na massa do bolo e confesso que às vezes deixo um pouquinho de massa pra comer depois, sem assar. Eu lembro do gosto de alguns queijos e do sabor de alguns vinhos, da polenta da minha avó e do bolinho de mandioquinha que ela faz melhor do que qualquer pessoa. Quando me oferecem um pedaço de doce, com carinho e não por obrigação, eu digo que é uma demonstração de amizade e amor.

Minhas referências gastronômicas não são de gula somente – e não digo que elas nunca existiram, porque seria mentira -, mas também são de cuidado e felicidade.

Comer, para mim, é mais do que simplesmente se alimentar. É conhecer culturas, pessoas, famílias, gostos. É agradar, acariciar, levantar o astral, compartilhar ao redor de uma mesa com a família e os amigos.

Eu vejo poesia nas receitas. E descobri que, por causa delas, eu não sou uma pessoa tão sem memória assim.

Alegrias,

Fernanda.

Qual a comida típica aí?

segunda-feira, março 22nd, 2010

Esta semana assisti a “Truques de Confiança” na GNT, com o chef francês Claude Troisgros e o chef inglês Jamie Oliver. Eu nunca tinha visto, acho que foi um programa especial, na verdade. E adorei. Primeiro porque gosto dos dois – o Claude é um fofo que apresenta, em português, o Menu Confiança, e o Jamie é outro fofo que apresenta vários programas – e segundo porque foi um barato ver os dois cozinhando juntos.

Em um momento Jamie disse “Não é justo, ele é franco-italiano e mora no Brasil!”, brincando com as vantagens de Claude para cozinhar bem. E então Jamie experimentou jambu, badejo feito na panela de pedra com manteiga de garrafa, castanha de caju e outros ingredientes brasileiros. Um barato!

Eu adoro comida. Adoro comer bem, conhecer novas cozinhas, experimentar pratos típicos. E então quero saber: onde você mora e aí qual é o prato típico? E qual é sua comida preferida?

Alegrias,

Fernanda.

Diário de uma (ex) sedentária

sexta-feira, outubro 16th, 2009

Eu detesto academia. Mais uma vez: eu de-tes-to academia. Na verdade, eu não gosto de fazer exercícios físicos porque a impressão que eu tenho é que estou perdendo tempo (!) na minha vida, enquanto poderia estar dormindo, lendo ou vendo um filme legal. Pegar peso para mim é muito chato. Mas dois pontos me fizeram procurar um desses lugares de tortura: primeiro a indicação doS médicoS (no plural) e segundo porque eu não paro de comer doce nem a pau, Juvenal.

Daí que eu comecei. E a professora é tão bacana, mas tão gente boa, que me deixou à vontade, compreendeu que não posso fazer vários aparelhos (por causa do problema de coluna) e me indicou outros. Foi uma fofa. Resultado? Pela primeira vez na vida não larguei no primeiro mês. Comecei em maio e ainda continuo, com meia hora de exercício (mais do que isso é sair de lá e me internar que eu pirei).

_16102009_natacaoA felicidade foi descobrir que embora o peso estivesse praticamente igual três meses depois (eu como doce, lembram?), o percentual de gordura caiu em 10%. A saúde sempre é meu guia, sabem. E tem o lance do colesterol alto, do coração, blábláblá, e fui. Mas é legal ver que alguma coisa muda no corpo. Não, eu não baseio minha vida nisso. Eu não sou nada encanada com isso. Eu acho tão chato sair para jantar com os amigos e pedir alface! Eu sou boa de prato, eu como bem que nem muito homenzarrão, eu tenho prazer em comer, em experimentar, em provar receitas novas. Então os exercícios me ajudam a… continuar comendo! :-)

Mas então comecei a fazer natação e percebi que eu há algo que me deixa feliz e me faz bem ao mesmo tempo. Natação é maravilhoso. Isso foi em junho. Melhora tudo na vida: o humor, a dor na coluna, a respiração. E ainda conto com a companhia do marido, que é um nadador mutcho melhor que eu, mas é generoso e me deixa nadar com ele. Tão bom. Vocês já experimentaram? O brigadeiro nosso de cada dia agradece a oportunidade de permanecer nas nossas vidas. E lembrando da saga que foi começar a fazer exercício e do esforço que ainda faço, eu vou contando aos poucos como é ser uma ex-sedentária aqui para vocês.

Alegrias,

Fernanda.