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Medos de criança

quinta-feira, abril 29th, 2010

Quando eu era criança, tinha medo de grampear o dedo. Era um dos meus maiores medos, eu achava que podia morrer se grampeasse o dedo. Isso porque um dia, enquanto fazia um trabalho de escola, sem querer machuquei o dedo com um grampeador e o susto assombrou meus pensamentos depois. Também tinha medo de ficar próximo aos carros, na rua, porque achava que poderiam passar por cima dos meus pés. Não me atropelar, mas passar por cima dos meus pés e amassá-los. São os medos absurdos e fantasiosos de criança, mas que hoje me fazem achar graça :-) Má tinha medo de atravessar a linha do trem, acho que era a síndrome de desenho animado, em que o trem só passava (muito rápido) quando o personagem colocava o pé na linha. Ele também tinha medo do homem do saco (que ele achava que era um homem que viu na igreja um dia). E eu também tinha medo de bola em jogos da escola – ops, essa é apenas uma desculpa para eu ter sido péssima jogadora sempre ;-)

E você, lembra qual era o seu medo de infância?

Alegrias,

Fernanda.

O que você queria ser quando crescesse?

terça-feira, abril 20th, 2010

A minha certeza deve ter nascido comigo. Sem exageros. Aos seis anos eu tive meu primeiro caderno de poesias (em breve mostro algumas páginas para vocês, se eu encontrar o caderno-sumido) e desde muito pequena dizia que seria jornalista e escritora. Assim, com todas as letras, sem dúvidas. Não passei por aquele perrengue da adolescência de não saber o que escolher no vestibular. Deve ser difícil. Eu tive um desvio no caminho no colegial (e o fiz por motivos justos e coerentes), mas faria de novo porque ganhei amizades (poucas, mas ótimas e valiosas). No vestibular eu só tinha Jornalismo como opção. E, por isso mesmo, não tive como opção muitas universidades.

Inspirada no texto do Alex Castro, “O sonho dos seus 12 anos”, lembrei de quando eu tinha essa idade lá no blog dele. E escrevi o seguinte: Quando eu tinha 12 anos, na sétima série, eu escrevia redações dizendo que seria jornalista e escritora. Montei um jornalzinho com minha prima e vendíamos exemplares na porta do prédio dela (do lado de dentro das grades). O pessoal comprava, tanto de fora quanto dos apartamentos. Eu realmente me tornei jornalista, concluí a faculdade em 2000, fiz especializações, trabalho em um jornal, gosto muito da minha profissão – embora ela seja pouco valorizada quando não se trata de “grande imprensa” e mal remunerada. E escritora eu engatinho para ser, mas já lancei meu primeiro romance em janeiro, Nove Minutos com Blanda. É um livro para adolescentes/jovens, uma comédia romântica bem leve. Escrever é a minha vida. Acho que eu não seria feliz sem escrever, não mesmo.

E é isso. Nunca pensei em ser algo diferente. Só há momentos em que fui mais jornalista e em outros, mais escritora. Ultimamente, estou na segunda opção. Mas sempre fui apenas essa Fernanda. E essa é uma das certezas da vida que eu não mudaria.

E você, o que queria ser (profissionalmente) quando crescesse? E o que se tornou?

Alegrias,

Fernanda.

Sabor de infância

sexta-feira, novembro 6th, 2009

Minha mãe ficou saudosa com esse post e olhem o que me deu na última visita a Sampa…

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Ahhhhh nem tive coragem de abrir ainda, hahaha! Mas o sabor de toda a vida mesmo é o bolo de nozes da vó. Já contei a história?

Qual seu sabor de infância?

Alegrias,

Fernanda.

Fernanda criança

segunda-feira, outubro 12th, 2009

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Tenho lembranças de infância que aquecem meu coração. Do jeito que eu ficava quietinha para parecer estar dormindo e ser carregada no colo pela mamãe ou pelo papai, do pastel com guaraná preparado no sábado à noite, quando nos reuníamos em volta da mesa de centro da sala para ver TV juntos, das longas partidas de WAR que eu, meus pais e meu irmão fazíamos, do presente que eu ganhei de Papai Noel que não era o que eu queria, mas que era o que meus pais podiam dar e se tornou o meu preferido pra sempre: a boneca com cabelos de lã cor-de-rosa que me fez perder a inocência do bom velhinho, mas me mostrou mais uma vez a família linda que eu tinha, das brigas e brincadeiras com meu irmão, da turma da rua, onde fazíamos bailinhos e brincávamos de esconde-esconde, do leite quente que meu pai preparava pra mim e do jeito carinhoso com que ele me acordava todas as manhãs, da paixão por minha mãe pelos animais, que passou para mim com toda a força, das aulas de matemática que meu pai me dava e das de ciências dadas pela minha mãe. Lembro do colégio de freiras, das orações da manhã, do uniforme azul berrante da escola, das pecinhas de teatro que preparamos para as datas comemorativas, da gincana em que participamos com um grupo de nome “boto rosa” (sem comentários), da troca de canetas e de fofocas com meu primeiro amigo que eu me lembro nessa vida e que foi meu padrinho de casamento, das lições de português que eu fazia com gosto porque realmente me fascinavam, da única Barbie que eu ganhei depois de “mocinha”, porque antes eu brincava com a Suzy que tinha sido da mamãe, das roupas de boneca que ela fazia para mim com o maior capricho, do meu forninho de brinquedo em que eu e as amigas da rua preparávamos lanchinhos (e comíamos!), das aulas de natação, de balé, de inglês e das tantas bolsas de estudo que eu tinha para tudo. Lembro do meu gosto pela leitura desde cedo, dos meus dibis da Turma da Mônica, meus primeiros livros e meu caderno de poesia de capa amarela. Lembro todos os dias que sou uma privilegiada por ter conhecido os meus quatro avós e ainda ter a vóva ao meu lado. Do “ô ô ô” que o meu avô de olhos azul como céu fazia e do seu jeito de derrubar lanche pela casa inteira porque não gostava de pratinhos, dos livros emprestados pela avó paterna e que me fizeram pegar ainda mais gosto pela leitura, ainda mais policial (que eu comecei a ler criança, acreditem), do jeito do meu avô paterno falar italianado na mesa à refeição e eu me sentir morrendo de vergonha quando ele queria que eu respondesse em italiano. Das blusas de lã que a vóva fazia e ainda faz, do jeito solidário dela e da maneira fofa com que fala cada vez que lê algo que eu escrevo. Lembro da vó materna, essa aí, nos dias em que preparava sopa de feijão para jantarmos, quando papai ainda não tinha voltado da farmácia e mamãe da escola e depois nos lia histórias. De “João e Maria e “A Bela e a Fera” principalmente, eram minhas favoritas e estavam escritas num livro velho, que a vó já tinha usado para ler para minha mãe. Eu me recordo das viagens curtas em família, das danças com meu pai na sala de casa, dos discos de vinil que me fizeram gostar de Beatles, das noites assistindo ao Carnaval com minha mãe e dos dip lick, aquele pirulito com pozinho colorido, que meu pai trazia. Não esqueço das viagens ao Rio desde muito pequena, das bagunças com a prima, as idas à praia e o meu gosto pela água desde cedo. Lembro, especialmente, que a minha infância foi marcada pela presença da minha família, de muito amor, de pouco dinheiro, de abundância de felicidade e de exemplos de honestidade. Fui uma criança feliz. Sou uma mulher feliz. E, dentro de mim, ainda há uma criança. Vai ver que é por isso que eu não preciso voltar no tempo – ele está em mim e fez de mim o que sou hoje.Fe_crianca3_tw

Reedição do ano passado, já que o blog antigo ficou esquecido e muitos textos não foram lidos. ;-) Desse eu gosto porque me sinto aconchegada com as lembranças.

Feliz Dia das Crianças para todos vocês!
Alegrias,
Fernanda.

Memória afetiva

segunda-feira, agosto 31st, 2009

Eu morei durante toda a minha vida, até os 25 anos, no mesmo local. A entrada pelo quintal ainda leva à casa de minha tia, à casa de minha avó e à casa de meus pais. Foi meu bisavô quem construiu tudo isso, cada tijolo, cada parede. E foi nesse quintal que eu cresci, nesse espaço que eu vivi a maior parte da minha vida. Primeiro na casa dos meus pais e depois do falecimento do meu avô, em um quarto ao lado da minha avó. Foi assim: com duas casas, duas cozinhas, duas salas, uma família pequena, mas bastante unida.

Quando eu venho para essas casas, ainda posso sentir o cheiro dos doces da minha mãe, da comida da minha avó, a lembrança do meu pai me ensinando matemática, das brigas e pazes com meu irmão, de todos os animais que já passaram por aqui. Eu me lembro que gostava de ler gibi deitada no quarto dos meus pais, que fazia lição de casa na mesinha de centro da sala, que brincava de bonecas no meu quarto, que era separado do quarto do meu irmão com dois armários.

Eu me recordo das histórias que a vó contava na janta, da Duquesa (minha primeira tartaruga), dos primeiros peixes, da primeira gata, a Cherry, do gato que viveu comigo por mais tempo, o Tovy, que por 14 anos foi um companheirão. Eu me lembro do meu avô comendo lanche pela casa, de sua risada, de seu jeito carinhoso de abrir a janela quando me ouvia entrando pelo quintal.

Não é mais a minha casa. As minhas coisas já estão em outro lugar, eu já tenho meu canto, aqui é a casa da minha família, mas no fundo parece que nunca deixou de ser minha. É como um refúgio, um aconchego, um lugar que eu conheço direito. Cada canto tem uma história. Uma história feliz. E o mais importante é que a família está aqui.

Vocês também têm a sorte de ter um refúgio assim?

Alegrias,

Fernanda.