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Memória afetiva

segunda-feira, agosto 31st, 2009

Eu morei durante toda a minha vida, até os 25 anos, no mesmo local. A entrada pelo quintal ainda leva à casa de minha tia, à casa de minha avó e à casa de meus pais. Foi meu bisavô quem construiu tudo isso, cada tijolo, cada parede. E foi nesse quintal que eu cresci, nesse espaço que eu vivi a maior parte da minha vida. Primeiro na casa dos meus pais e depois do falecimento do meu avô, em um quarto ao lado da minha avó. Foi assim: com duas casas, duas cozinhas, duas salas, uma família pequena, mas bastante unida.

Quando eu venho para essas casas, ainda posso sentir o cheiro dos doces da minha mãe, da comida da minha avó, a lembrança do meu pai me ensinando matemática, das brigas e pazes com meu irmão, de todos os animais que já passaram por aqui. Eu me lembro que gostava de ler gibi deitada no quarto dos meus pais, que fazia lição de casa na mesinha de centro da sala, que brincava de bonecas no meu quarto, que era separado do quarto do meu irmão com dois armários.

Eu me recordo das histórias que a vó contava na janta, da Duquesa (minha primeira tartaruga), dos primeiros peixes, da primeira gata, a Cherry, do gato que viveu comigo por mais tempo, o Tovy, que por 14 anos foi um companheirão. Eu me lembro do meu avô comendo lanche pela casa, de sua risada, de seu jeito carinhoso de abrir a janela quando me ouvia entrando pelo quintal.

Não é mais a minha casa. As minhas coisas já estão em outro lugar, eu já tenho meu canto, aqui é a casa da minha família, mas no fundo parece que nunca deixou de ser minha. É como um refúgio, um aconchego, um lugar que eu conheço direito. Cada canto tem uma história. Uma história feliz. E o mais importante é que a família está aqui.

Vocês também têm a sorte de ter um refúgio assim?

Alegrias,

Fernanda.