Adolescência

Coloquei música para arrumar a casa. Não é o meu forte fazer essas tarefas diárias e corriqueiras, desde colocar uma roupa no lugar até lavar a louça (aliás, quer coisa mais triste para estragar as unhas que acabamos de fazer?). Óbvio que eu não sou fresca, quem me conhece sabe, o problema é que eu não nasci mesmo com o “dom” de ser dona-de-casa. Acreditem, é preciso de dom para isso também, a profissão mais difícil de todas ao meu ver. Até que eu aprendi a fazer certas tarefas ao longo do tempo. Hoje cozinho bem (mas marido cozinha melhor), lavo a louça (mas marido prefere lavar), passo a roupa quando necessário, enfim, coisas básicas. Meu gosto mesmo é acender um incenso, colocar velas coloridas e perfumadas, enfeitinhos e deixar tudo com a nossa cara. Isso é bom de fazer. Mas, enfim, por que raios que caí nesse assunto mesmo?

Ah, sim, eu coloquei música para arrumar a casa em um final de semana. Escolhi na TV a cabo a rádio “anos 90”. Ahá, era tudo de que eu precisava! Eu comecei a cantar a primeira, depois a segunda e a terceira e, bom, eu conheço todas as músicas que tocam nessa seleção e não resisti, parei tudo para contar para vocês. Como é bom recordar do passado com carinho, não é? Não estar presa a ele, de jeito nenhum! (Até porque posso dizer com segurança que a melhor época em que já vivi é o hoje e o agora), mas lembrar do que fomos e pelo que passamos é um resgate de nossa própria história.

Alguns cantores e grupos cantam até hoje e fazem sucesso, outros sumiram e o mais legal é transportar a mente para algum lugar do passado. Minha adolescência foi nos anos 90, com aquelas calças de cintura alta e jeans coloridos, cabelos armados e encaracolados, que eu, aliás, quis ter também. Imaginem uma garota com 16 anos não satisfeita com o cabelo superliso que hoje é a moda? Eu os enrolava, passava gel ou laquê, achava lindo, sempre achei, até hoje acho e não entendo muito bem essa mania de todo-mundo-ser-igual. Respeito, mas não entendo muito bem, não. A diversidade é tão bacana e percebi que cresci quando, finalmente, aceitei ser quem eu era, com defeitos e qualidades, com o que eu achava bonito e feio.

Na adolescência eu passei por muitos momentos complicados no curso que fiz de Telecomunicações na Federal, que hoje é chamada de Cefet. O lugar também me trouxe uma das minhas melhores amigas e a certeza que posso enfrentar situações difíceis, então deixemos de lado o que foi ruim. A época também era de bailinhos com o pessoal da rua e matinês em discotecas (mudaram o nome de discoteca para casa noturna? Ou boate? Ou qualquer outra coisa? Mas era discoteca!). Menores de idade, um dos pais das garotas nos deixava e o outro ia nos buscar. Meu pai e minha mãe quase sempre estavam no meio, eles foram muito legais, sempre nos levando e trazendo e, creio hoje, que queriam saber exatamente onde estávamos e com quem. Que bom.

Um dos nossos lugares preferidos era uma casa grande de esquina em um bairro lindo de Sampa e bastante conhecida na época, matinê das 17h às 23h, ou mais ou menos isso, e eu e minhas amigas íamos todos os domingos. Todos. Até no dia dos pais fomos, certa vez, após o almoço com a família. A moda era usar calças de sarja coloridas. Eu e uma amiga tínhamos a mesma calça vermelha, que usávamos com camisetas e blusinhas para combinar. Eu tinha uma botinha que não tirava do pé porque era confortável para dançar. E como eu dançava! Até hoje eu adoro dançar, mas naquela época eu dançava o tempo inteiro, não sei como aguentava.

Essa rotina aconteceu desde 13, 14 anos até uns 16 anos, quando descobrimos que poderíamos entrar em algumas discotecas no período noturno. Ok que nossos pais não nos deixariam chegar tarde em casa, mas éramos “quase adultas” e pelo menos não precisaríamos mais conviver com os “pirralhos” da matinê. Abandonamos as calças coloridas e começamos a usar saias e blusas brilhantes, afinal, era noite. E eu dançava a noite inteirinha com um salto alto enorme sem reclamar. Talvez eu me escondesse na dança. A verdade, sem pieguice, é que eu nunca fui a garotinha bonita da turma, nunca nem cheguei perto. E estou amenizando o comentário, na verdade.

Os anos 90 foram intensos para a Fernanda adolescente. Foi quando eu fiz meu curso técnico, época em que saí muito com minhas amigas, que fiz teatro, que estudei idiomas, que aprendi, a duras penas, a saber quem sou. Em 1997 entrei na faculdade, aos 17 anos, e comecei a ficar “um pouco mais adulta”, e já trabalhava como professora de inglês desde o ano anterior. Então começou uma nova fase na minha vida. Quem sabe um dia eu a lembre aqui também. O importante é saber que tudo o que passamos nos fortalece para sermos quem somos hoje. E depois de muita terapia comigo mesma (sabe comé, você fala com você mesma e tal?), eu consigo lembrar com carinho da minha adolescência. Muito carinho! Afinal, ela foi boa demais!!

E como foi a adolescência de vocês?

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Alegrias,
Fernanda.

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5 Respostas to “Adolescência”

  1. Kerol Says:

    OMG!!!! De qdo foi este post? To fuçando no seu site, abrindo os jornais que falaram do seu livro e tcharam..me deparo com uma foto de mil novescentos e bolinhaaaaa… E a cortina atras da nossa foto? Remanescente de uma decoração infantil – que ainda éramos crianças….com o nosso look wanna be periguetchy – hahahahaha
    Muito bom!

    Fernanda França Reply:

    Hahahaha achei seu comentário, desculpa não responder antes. O site tava com um erro no link. O post era do blog antigo, por isso muita gente não tinha visto aqui, eu republiquei. Ai, Kerol perua, tanta lembrança boa, vai! Não é? Beijo.

  2. jessica Says:

    você não era feia. o seu nariz era.

    Fernanda França Reply:

    Oi Jéssica, seja bem-vinda ao blog. Sim, o meu nariz era realmente muito feio. Por uma questão médica (não respirava direito), eu passei por uma cirurgia e acabei saindo dela sem o osso que deixava o meu nariz tão grande para meu rosto. O que foi bom – há males que vêm para o bem, né? Abraços.

  3. alex Says:

    adolescencia=saudades.anos 1990s. Jogar videogames supernintendo ou mega drive, arcades. Mp3? Kkk só walkman de pilha. Google? Kkk biblioteca e livros. Era mais ação e zero de internet ou celular em tudo. Fita k7,vinil ou cd que ainda era novidade. Seriados= mel rose, barrados no baile, alf o ET’eimoso. Tenis allstar, que atualmente voltou a ser moda. E-mail? Nada! Era Cartinha mesmo. Celular? Coisa de milionário kkk. Eram tantas coisas. Nen sentiamos falta da net,twitter e etc, pq nem existia. Os beijos. Valeu.

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