3 – 1º dia em Montevideo

Queridos, antes de começar, eu quero agradecer os recados dos últimos posts. Já respondi tudo nas próprias caixas de comentários, ok? Se tiverem alguma dúvida, podem perguntar que continuarei respondendo. Vou colocar fotos da viagem em todos os textos, para que possam conhecer os lugares. Espero que apreciem os registros que separei especialmente para colocar aqui para vocês. E continuem acompanhando essa viagem, pois estamos apenas no começo…

Nosso primeiro dia começou na Plaza Independencia. Colocamos casacos, mas não imaginávamos que aquele lindo dia de sol nos reservava seis graus. Apesar do frio e da pouca roupa, eu adorei a temperatura. Tudo perfeito: um dia ensolarado com um clima ameno e céu azul. Porque Montevideo é uma capital federal, mas o céu não é cinza. É de um azul limpo e que não dá para esquecer.

A praça está localizada em uma área chamada de Ciudad Vieja e onde estão os mais importantes pontos de visitação. A Plaza Independencia é a maior da cidade e data de 1836 e tem como monumento principal a Estátua de Artigas. Na parte de baixo da praça está o mausoléu do político e militar Jose Gervasio Artigas, herói uruguaio nascido em 1764 e falecido em 1850. Sua participação na história começa em 1810 quando passou a defender os “orientais”, moradores da margem oriental do Rio Uruguai. Participou da Revolução oriental contra o Governo Hispânico Conservador, em 1811 comandou as tropas na Batalha de San Jose e a formação da Liga Federal e passou a ser chamado de “protetor dos povos livres”. A história de exílio no Paraguai não o permitiu voltar nunca mais ao seu país e seu nome aparece hoje em diversas ruas de diferentes cidades do Uruguai.

A Plaza Independencia é rodeada por construções antigas que parecem sair de um filme dos anos 50. O cenário fica completo com os carros estacionados ou em movimento, muitos antigos como é difícil encontrar em qualquer outro lugar. A impressão que dá é que lá os carros são usados para sempre, até não funcionarem mais. E é bonito ver carros antigos conservados e nas ruas.

Um dos prédios da praça é a Casa de Gobierno, que possui uma inscrição de 1880 junto à cabeça de um leão. No local funciona atualmente um museu que nos impressionou pela organização e qualidade de material exposto. Gratuito e com um simpático senhor na porta que puxou papo conosco, o local merece ser visitado e a construção antiga é belíssima. Ao lado está sendo construída uma nova, moderna e espelhada Casa de Gobierno.

Muito próximo está o Palacio Salvo, que atualmente é um prédio de moradias – descobrimos porque tentamos entrar e um senhor perguntou gentilmente se precisávamos de algo. O prédio foi construído entre 1922 e 1928. Ao lado está o Palacio Rinaldi, também com apartamentos.

Um pouco afastado da praça, mas na mesma região e localizado entre as Calles Buenos Aires, Juncal e Reconquista, está o Teatro Solís, que foi construído em várias etapas. O prédio principal foi erguido entre 1842 e 1856 e as alas em 1869.

No princípio, a classe mais abastada entrava no teatro pela porta central, enquanto os demais entravam pelas laterais. Com a grande reforma pelo qual o prédio passou, essa diferença foi extinta. Há visitas guiadas para o teatro, mas vale confirmar antes, já que em dias de apresentação os horários são reduzidos e existe a possibilidade de não ver a sala principal. O teatro é lindo e os funcionários que realizam a visita – inclusive em português – são prestativos e simpáticos. Às quartas as visitas são gratuitas e nos demais dias custam 20 pesos uruguaios em espanhol e o dobro em outros idiomas.

Em frente ao teatro está a Peatonal Bacacay, um calçadão só para pedestres que vai até a Peatonal Sarandí. No caminho há cafés, restaurantes e lojas. Nesse primeiro dia de Montevideo almoçamos na Bacacay em um restaurante chamado Parrilla Del Solís e para entrar no clima do nome, pedimos a especialidade, uma parrilla de frango. Não estava ruim, mas não levem em conta a opinião de dois seres que não comem carne vermelha e estão tentando parar de comer frango. Não é exatamente a melhor refeição que poderíamos ter, mas o local é lindo, os pratos são feitos de forma que os clientes podem ver o preparo, há muitas opções de guarnições e provamos uma entrada muito boa, um pão temperado.

E ali, bem perto, está o monumento que não conseguimos ver, a Puerta de La Ciudadela, que estava em plena restauração, com um enorme pano que a cobria. As pedras datam de 1746 e a maneira certa de vislumbrar esse pedaço da história é da Peatonal Sarandí. E esse mesmo calçadão nos leva a uma outra praça importante da cidade, a Plaza Matriz, também chamada de Plaza de La Constituición. É a praça-mãe da cidade, de 1726 e uma das mais agradáveis também.

Nos arredores da praça está o Club Uruguay (Sarandí, 584) e a Catedral Metropolitana, onde casou o general Artigas. A igreja é muito bonita, de estilo neoclássico do final do século XVIII. Do outro lado da praça está o prédio do Cabildo, local onde se jurou a Constituição de 18 de Julho de 1830 e onde está o arquivo e histórico municipal.

Resolvemos voltar pela Sarandí depois da visita à Plaza Matriz. E naquele calçadão (Sarandí, 683) encontra-se o Museo Torres-García, uma descoberta muito agradável. O museu é gratuito, mas aceita colaborações e possui uma lojinha com produtos bacanas logo na entrada. Joaquín Torres-Garcia (1874-1949) é um dos pintores uruguaios mais importantes e realizou muitas exposições e conferências sobre a arte construtivista, uma veia do abstracionismo.

Seguindo a Sarandí chega-se à Plaza Zabala, pequena e reservada. Próximo à praça (Calle Rincón, 437) está a Casa Rivera, que foi a casa do primeiro presidente da República e hoje faz parte do Museu Histórico Nacional. Outro museu muito bem organizado e com funcionários educados. A casa, por si só, já é um grande espetáculo com seus enormes cômodos que, um dia, já foram usados por gente muito rica.

Apesar de termos ido de carro, de lá é possível caminhar até o Mercado Del Puerto (entre Calles Perez Castellano (Peatonal), Piedras e Rambla 25 de Agosto), que funciona das 8h00 às 19h00, mas é muito mais movimentado no horário do almoço. Uma boa opção para almoçar barato e em restaurantes ou lanchonetes típicas.

Já no final do dia, resolvemos dar um passeio de carro pela principal avenida da cidade, a avenida 18 de Julio, que nasce no Palacio Salvo e vai até o Obelisco, onde começa a chamada Cidade Novíssima. Apesar do trânsito intenso do fim de tarde, algo que observamos em todos os passeios como pedestres (e aplicamos como motoristas) é que o pedestre tem preferência. Principalmente nas ruas menos movimentadas, basta pôr o pé na faixa de segurança que o carro pára na hora. Não tivemos o menor problema com isso e ficamos admirados por ser um costume local.

Chegamos ao Palacio Legislativo, um prédio simplesmente maravilhoso. De lá a vista para a avenida 18 de Julio é ainda mais bonita, com o entardecer e as luzes doa carros acesas (lá os carros precisam andam com a luz acesa em qualquer hora do dia). Também é possível ver a Torre de Telecomunicaciones, o edifício mais alto do país e símbolo da modernidade em um lugar em que existe a preservação do antigo. Chamamos a torre carinhosamente de “Torre de Dubai”, pela semelhança no formato com o original do outro país, Burj Dubai.

Para finalizar o dia fomos passear no Shopping Punta Carretas, no bairro de mesmo nome e onde funcionava um antigo presídio. Na praça de alimentação há opções para todos os gostos e ficamos felizes em encontrar o Verde & Wok, onde tivemos uma janta deliciosa, leve e vegetariana. O Shopping é muito agradável e os preços, embora o nosso dinheiro seja mais valorizado, são equivalentes aos do Brasil. Artigos para o frio são mais baratos, já que lá todos usam e é muito comum encontrar casacos, tocas, luvas e cachecóis em todos os cantos.

Dentro do próprio shopping fomos ao mercado Risco. Não resisto a um mercado. Você quer saber o que um povo come? Vá ao mercado. É o lugar mais típico, embora o menos atraente, para se conhecer em um novo país. E lá vimos prateleiras lotadas com alfajores. Muitos, de todos os sabores e marcas. Escolhemos um da marca Sierras de Minas, depois de conversar com atendentes do mercado, que nos explicaram que é fabricado no interior, é o mais caseiro e é considerado o primeiro alfajor do país. Delícia, simplesmente delícia. E para completar, compramos um refrigerante que vimos muito por lá, o Pomelo. É muito bom, mais doce do que soda e ainda assim mantém o azedinho. Ir a mercados também pode proporcionar refeições rápidas, típicas e muito baratas para quem quer economizar.

O dia acabou assim, depois de muito passeio e uma longa caminhada. E na quinta-feira teríamos nosso segundo dia de Montevideo. Hoje eu sei que ficaria ainda mais. Muito mais.

(Continua…)

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