Archive for the ‘Reflexões’ Category

Caso Torres

quinta-feira, abril 3rd, 2014

Estou muito triste e decepcionada.
Para quem não está sabendo sobre o caso de Torres (RS), aqui está um link resumido e muito bem explicado sobre o que aconteceu.

Vocês compreendem a gravidade do caso que abre um precedente perigoso – o Estado passa a poder decidir sobre qualquer assunto por você, ignorando os seus direitos básicos? Adelir foi levada de casa por POLICIAIS armados, como uma criminosa, enquanto aguardava a evolução de seu trabalho de parto para voltar ao hospital. Os exames mostraram que estava tudo bem com o bebê e com ela e que não havia nenhuma indicação real de cesariana. Ela quis esperar em casa, mas foi levada e forçada a fazer uma cirurgia que ela não desejava. E mais uma lei foi violada quando o pai do bebê foi impedido de assistir à cirurgia.

“Ela foi arrancada de sua casa, em trabalho de parto, por policiais armados. Levada contra sua vontade para um hospital. E o Estado e a Obstetrícia brasileira fizeram nela uma cirurgia que não era necessária, sem qualquer tipo de indicação. Apropriaram-se de seu corpo, de sua vontade, de sua condição humana, arrancaram seu bebê contra sua vontade para dizer: “Seu corpo é nosso”. ESTAMOS EM ESTADO DE LUTO!” – por Cientista Que Virou Mãe.

Quando entraram na minha casa e liguei para a polícia, apareceu apenas um policial (muito tempo depois!), mas ele sequer queria fazer um boletim de ocorrência. Era a minha casa, eu ouvi o ladrão fugindo pela porta do fundo e ninguém fez NADA. Não apareceram policiais armados para me defender. Quando era repórter, atendi várias pessoas que lutavam por algum remédio que o Estado deveria fornecer, mas não conseguiam e ninguém fazia NADA. Agora uma mulher que deseja parir seu filho é levada por policiais e a sociedade vai achar que tudo bem? Não, né? Por favor, digam que não.

“Submeter uma gestante a uma cesariana à força, sob coerção do Estado, através de mandado judicial, é um absurdo: cadê o respeito à AUTONOMIA, um dos pilares da Bioética? Ainda que houvesse indicação absoluta de cesariana, só se admite submeter um indivíduo a um procedimento cirúrgico sem seu consentimento formal em condições de risco iminente de vida (ex.: uma cesariana por DPPNI com choque hemorrágico), o que não era o caso.

Segundo absurdo: não havia indicação absoluta de cesariana. Mulheres com duas ou mais cesáreas podem parir. Bebês em apresentação pélvica podem nascer por via vaginal. Não preciso me remeter a centenas de estudos, basta considerar os guidelines do ACOG, que consideram o parto vaginal uma opção razoável nesses casos, desde que esse seja o desejo da mulher. Além do que, não é obrigatória a interrupção da gravidez depois de 41 semanas, a própria revisão sistemática da Cochrane demonstra que sendo o risco absoluto de morte perinatal pequeno, a conduta expectante pode ser uma alternativa e as mulheres devem tomar a decisão depois de esclarecidas sobre riscos e benefícios.

Terceiro e não menor absurdo: a justificativa desse ato arbitrário foi “o direito do nascituro”, juridicamente sem fundamento!”
(pela médica obstetra Melania Amorim)

O caso diz respeito a todos nós. A quem opta pelo parto normal, a quem escolhe a cesárea, a quem acha que não é correto ser levado(a) por policiais para fazer algo contra sua vontade. O corpo é nosso!

Fernanda.

Conhecimento

terça-feira, abril 1st, 2014

Pedi ajuda a um grande amigo sobre um tema que não domino para o meu novo livro. Faz parte da minha natureza de repórter – eu gosto de aprender, adoro aprender coisas novas. Fiquei com um pouco de vergonha das minhas perguntas tão básicas (e achei até que eram “bobas”) e disse a ele, que me respondeu: “Fê, suas perguntas não são bobas e nem básicas, são perguntas curiosas e, como dizia o querido Carl Sagan, toda pergunta é um pedido de luz no conhecimento”. Achei tão bonito que quis compartilhar.

Quando alguém fizer uma pergunta ou pedir ajuda em um assunto que você domina mais, em vez de achar que você é superior por saber, coloque-se no lugar do outro e lembre-se desse meu amigo (uma das pessoas mais inteligentes que conheço – e um dos melhores professores também). “Toda pergunta é um pedido de luz no conhecimento”. Quem pergunta mostra que quer aprender 

Uma ótima semana a todos!

Fernanda.

O que faz a roda girar?

terça-feira, agosto 9th, 2011

Todo mundo tem uma motivação. Na verdade, cada um tem a sua própria motivação. Não adianta dizer que o que vale para você também vale para o colega ao lado e nem mesmo para seus pais ou filhos. O que move cada um é único e intransferível. Pode coincidir, é claro, mas não se pode impor.

O que faz a roda de um girar pode ser supérfluo para você, mas aquilo o que te move pode não ter razão para outra pessoa. Não faz sentido julgar, porque não há certo ou errado. Existem aqueles que são movidos pelo dinheiro, outros pelo prestígio, alguns pela realização… Há aqueles que buscam a liberdade ou a realização profissional, a felicidade da família e tantos outros motivos que, ainda, podem ser combinados :-)

E o que faz a SUA roda girar, já pensou nisso? Conta pra mim!

Alegrias,

Fernanda.

Dia do Orgulho Heterossexual – que vergonha!

quinta-feira, agosto 4th, 2011
Ai, ai, leiam primeiro, porque é difícil até saber como começar…

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (2) o projeto de lei 294/2005, do vereador Carlos Apolinário (DEM), que institui, no município, o Dia do Orgulho Heterossexual. O projeto depende apenas de sanção do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para virar lei.

(…)

O texto propõe que a data deverá ser comemorada todo terceiro domingo do mês de dezembro. O projeto estabelece que a data passará a constar do calendário oficial do município e afirma que caberá à Prefeitura de São Paulo “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.

Autor do projeto, o vereador Carlos Apolinário afirmou que o projeto não é contra a comunidade gay. “Faço um apelo pelo respeito à figura humana dos gays”, afirmou. Apolinário disse que o projeto foi apenas uma forma de se manifestar contra “excessos e privilégios” destinados à comunidade gay. Ele afirmou que um dos privilégios é a realização da Parada LGBT na Avenida Paulista (…)

(texto de matéria do G1, aqui).

Olha, e depois sou eu que tenho criatividade para escrever ficção? E tem coisa mais absurda do que isso? Claro que ainda podemos torcer para o prefeito de São Paulo vetar. Há esperança.

A questão é a seguinte, meu povo e minha pova: Dia do Orgulho Heterossexual, sério? Já falei aqui sobre o Dia do Homem, é quase a mesma coisa. Eu sou heterossexual e nunca precisei de um dia para que as pessoas me respeitassem por isso. Eu me casei com um homem e nunca ninguém me recriminou, nunca apanhei na rua por ser hétero, nunca sofri preconceito porque sou mulher, casada com um homem e pronto. Eu não preciso de um dia para que as pessoas me respeitem por eu ser quem eu sou. Preciso de um Dia da Mulher para lembrar que, sim, as mulheres ainda sofrem preconceito, ganham menos do que os homens nas mesmas funções e muitas sofrem violência doméstica. Como mulher, eu sei o que é precisar que as pessoas lembrem todos os dias que os avanços foram feitos, mas ainda há muito para se fazer, mas como heterossexual eu nunca sofri preconceito, você já?

Aí vem o autor dessa beleza e diz que quer “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”. Pera lá, meu amigo, e a comunidade LGBT não tem moral e nem bons costumes? E quantos heterossexuais sem moral e sem bom costume que guarda dinheiro na cueca, rouba, mata e agride homossexuais existem por aí? Ética, moral, vergonha na cara e várias outras palavras podem pertencer ou não a héteros ou a gays. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Mas tem mais, meus amigos, tem mais. Ele diz que “o projeto foi apenas uma forma de se manifestar contra “excessos e privilégios” destinados à comunidade gay”. Privilégios de serem discriminados ainda hoje, em pleno 2011? Privilégio de sofrerem violência gratuita? Não é privilégio nenhum garantir à comunidade LGBT os direitos que os heterossexuais já têm. Se o casamento gay existe em alguns lugares, não é um excesso, é um direito. Eu sou mulher e tive o direito de casar com meu marido, não tive? Então eu ter casado com um homem é um excesso ou um privilégio? Direitos iguais para uma sociedade mais justa.

Só quando a humanidade compreender que precisa aceitar as pessoas sem impor as suas próprias verdades é que passaremos a viver em paz. Cada um na sua felicidade sem se incomodar em como o outro é feliz. Porque o que importa, mesmo, é caráter, é ética, é honestidade. São os valores que determinam quem eu quero como amigo ou não. Quem eu acho que pode ser um bom líder ou não. Ser hétero, gay, negro, branco, mulher ou homem não faz a menor diferença. Faz pra você?

Alegrias,

Fernanda.

Dia do homem?

sábado, julho 16th, 2011

Eis que vejo no Twitter entre os 10 assuntos mais comentados o tal “Dia do Homem”. Resolvo clicar para ver o que as pessoas estão comentando (já imaginando o nível da discussão) e encontro frases como:

Sabe pq vcs mulheres não podem reclamar do #DiadoHomem? Pq se existe o dia das mulheres é pq os homens deixaram! RÁ ..rs

#DiaDoHomem Nem é comemorado direito que nem o Dia da Mulher, porque todo dia é dia do homem tá ligado

todo dia é o #diadohomem , só mulheres pra precisar de um dia próprio pra serem lembradas

#diadohomem eu não ganhei P.N dia da mulher se eu não der presente eu sou insensível #Frescura

And in the end of the day, o #diadohomem mostrou ter a mesma função do dia da mulher: servir de pretexto para as mal-amadas reclamarem.

Não vou citar o nome dos indivíduos e nem continuar essa bizarra lista (que contém palavrões, baixarias e comentários de mulheres machistas também, além de piadinhas idiotas). Não costumo abordar o assunto por aqui, mas não posso deixar passar. O que as pessoas pensam sobre o Dia da Mulher? Ele não existe para ganharmos presentes, porque não é isso o que queremos. Queremos respeito e igualdade. Se o dia existe, é porque algo precisa ser lembrado e esse algo é que até hoje as mulheres ainda não têm posição de igualdade com os homens. É que até hoje mulheres sofrem violência doméstica. É que até hoje mulheres ganham menos do que os homens. É que ainda existe o preconceito.

Não dá para existir um Dia do Homem porque seria dizer que o homem precisa de um dia para ser lembrado. Como não é necessário um dia para as pessoas de raça branca, porque, afinal, quem sofre preconceito é a raça negra, certo? Por isso temos um dia para nos lembrar tudo que os negros já passaram e ainda passam e que não podemos continuar repetindo erros. Não dá para fazer uma passeata pelo orgulho hétero porque os heterossexuais não sofrem preconceito!!! Os homossexuais fazem passeata e lutam por um espaço que ainda não foi conquistado. Porque ainda existe preconceito.

Eu demorei muito para entender que feminismo não é o contrário de machismo (que todos conhecemos bem, afinal, o mundo é machista). Feminismo é a luta pelos direitos IGUAIS e eu acho que não só para as mulheres, mas para as minorias. Porque são as minorias (assim como as mulheres) que sofrem todos os dias. E a luta pelos direitos iguais não é bem vista por muitos… que acham que está bom como está, proque provavelmente não sofrem e nem nunca sofreram preconceito.

E lutar por uma causa não implica que você esteja em uma minoria. Aliás, sempre achei que quem luta por uma sociedade mais igual, mesmo que esteja em situação “confortável”, merece ainda mais consideração. Lutar contra o preconceito é a atitude mais digna do ser humano.

E se ainda assim você achar que um Dia do Homem deve existir, por favor, tente me convencer.

Fernanda.

Para lembrar que ser diferente é normal.

quinta-feira, junho 30th, 2011

Gente, as propagandas do Instituto MetaSocial são bárbaras. Já falei delas aqui e falei sobre o autismo nesse post (com lindo vídeo da Turma da Monica e uma matéria minha completa sobre o assunto). Como faz algum tempo que falei sobre isso e gosto sempre de lembrar que ser diferente é normal (título da propaganda), voltei com o tema. Agora está no ar um novo filme deles. Mais uma vez, ótimo! Vejam comigo.

Está na hora de acabarmos com os preconceitos. Todos. E podemos começar mudando nossas atitudes.

Alegrias!

Fernanda.

Amor: uma escolha perigosa?

terça-feira, junho 28th, 2011

‎”Comecei a desconfiar que o amor não é tudo; até é, enquanto se está amando, mas, para viver uma paixão, é preciso renunciar à própria vida, uma opção perigosa que não costuma ser eterna.” (Danuza Leão em “Quase Tudo”).

A frase é bárbara (mesmo que eu não concorde), mas não li o livro. Foi uma conversa no Facebook com meu amigo Ivo (que postou a frase) que me fez escrever sobre o assunto. Primeiro, o que eu respondi para ele, lá mesmo: “Posso filosofar, amigo? :-) Primeiro, ela fala de amor e paixão, que são coisas diferentes. E para viver um amor, de verdade, não ‘é preciso renunciar à própria vida’, muito pelo contrário – um amor de verdade só se vive quando a própria vida é vivida da maneira mais feliz. Quando descobrimos que NÃO devemos abrir mão da própria vida e que podemos ser quem somos e, ainda assim, estamos com alguém ao lado, descobrimos o amor.”

Gosto de falar sobre amor. Por que muitas pessoas têm a tendência de achar que amar é renunciar à vida? Pensam que se estão com alguém terão de deixar de fazer o que gostam, esquecer um pouco de si mesmos, adotar a vida do outro como modelo. E eu penso justamente o contrário! Afinal, o que perdemos por amar?

Porque se o amor é o mais sublime dos sentimentos, é o que nos faz felizes e não o contrário. Não digo de alguns finais, que não são felizes. Mas aí não existe mais amor e na vida real as relações acabam, sim. Digo do amor quando é vivido. Não abrimos mão de quem somos quando amamos. Nós abraçamos novos gostos, entendemos, respeitamos e convivemos. Fazemos concessões que não nos abalam, mas nós as recebemos também. Aprendemos a partilhar. E, acima de tudo, quando o amor é de verdade, somos mais nós mesmos do que em qualquer outra ocasião. Somos impulsionados e incentivados a seguir, temos uma mão ao lado para nos empurrar e um sorriso para garantir que tudo dará certo. Quando existe amor, mas não um sentimento qualquer de posse fingindo ser o mais leal dos sentimentos, somos nós em potência maior, com mais força e certeza. E Danuza está certa, a opção pelo amor pode ser perigosa e nem sempre é eterna, mas é a melhor das escolhas da vida.

Alegrias,

Fernanda.

Nicholas Winton, o herói anônimo da Segunda Guerra

segunda-feira, junho 13th, 2011

Recebi parte desse vídeo de uma amiga (obrigada, Telminha!) por e-mail e fui buscar mais informações. Encontrei o vídeo abaixo no YouTube e, pela voz, é Sérgio Chapelin, apresentador do Globo Repórter (um dos programas de que mais gosto da Globo). Fiquei emocionada ao assistir a história de Nicholas Winton e por imaginar que existem pessoas tão boas assim no mundo. Fui pesquisar, ele está com 102 anos, acho que alguns anos a mais com saúde é uma forma de Deus recompensá-lo por tudo o que ele fez. ;-)

Alegrias,

Fernanda.

As melhores lembranças na casa em que nasci

quarta-feira, junho 8th, 2011

Hoje fiz um vídeo da casa em que morei por 25 anos, até casar. Admito que ainda não parei para pensar, a fundo, o que será essa mudança, já que está sendo lenta, bem lenta. Parece que é para que todos possamos nos acostumar. Meus pais vão se mudar, a vó vai se mudar, a tia também. A casa, que foi construída pelo meu bisavô, e onde moraram meus bisavós, avós, pais e meu irmão e eu, ficará sozinha em poucos meses. Provavelmente será destruída, dará lugar ao comércio, vai sumir.

É claro que toda mudança é positiva, eu sempre digo isso. Eu acredito realmente que as mudanças vêm para o nosso bem. Todos ficarão bem, foi uma escolha, irão para um bairro legal, o comércio já tomou conta do meu bairro de infância. Mas, mesmo assim, dá um nó no peito imaginar que foi ali que morei por tanto tempo. Há seis anos e meio eu não moro mais lá, mas ali ainda parece ser como um porto-seguro. É onde moram as pessoas que eu amo, é onde minha história nasceu.

Eu me lembro de gostar de ficar “escondida” na janela da sala da minha avó. Era uma janela alta, eu precisava subir no sofá e ficava ali, quietinha entre o vidro e a grade, como se ninguém pudesse me ver. Já criança eu ficava sozinha para escrever poemas, pode uma coisa dessas? Filmando a casa, recordei de quando meu quarto e de meu irmão era dividido por dois armários. De todos os gatos que tivemos, desde a primeira, aos meus 10 anos, a Cherry, de todos os almoços da vó, dos Natais no quintal com churrasco, temas divertidos e luzes em todos os cantos. Eu me lembro de chegar das festas de madrugada, aos 18 anos, e meu avô abrir a janela para dizer “ô ô tá tarde”, com aquele jeito fofo. Do cachorro Stopa, que era um anjo. Das brincadeiras com os amigos da rua, que iam até minha casa. Dos amigos de infância e adolescência, da festa de 15 anos no quintal.

Eu me lembro que fui uma criança feliz ali, uma adolescente amada pela família e uma pessoa com amigos maravilhosos. Eu me lembro que lembrar é uma das melhores coisas da vida. Quando temos saudade, é porque temos memórias lindas.

E a casa não vai mais existir, em alguns meses, mas a minha família vai continuar junta. E eu vou ter as melhores lembranças do mundo.

Alegrias,

Fernanda.

Processos de mudança (e gatos).

quarta-feira, maio 18th, 2011

Nesse entra-e-sai de pessoas na fase pós-mudança, um rapaz comentava comigo enquanto media a pia do banheiro: “gato só gosta da casa, não tem nenhum amor pelas pessoas”, ao que eu perguntei: “você já teve gato?”. Muitos comentam sem nunca ter tido um gato. Não do vizinho ou da avó, mas seu próprio gato, dentro da sua casa, em seu convívio. Mas ele responde que, sim, já teve um gato. “E ele fugiu quando mudamos de casa. Porque ele só gostava da casa”, concluiu, sem saber o que estava falando.

Eu comparo os gatos a nós, humanos. São muito mais parecidos conosco do que os cães. Vêm quando querem (como nós), ficam bravos e até viram a cara, mas depois voltam (como nós), mas são aquilo o que recebem. Se ganham amor, é isso o que eles serão: puro amor. Mas essa personalidade forte, o que me faz admirá-los ainda mais, passa pelos problemas que passamos. Mudar de casa, por exemplo, já é estressante para nós, humanos, que supostamente deveríamos ficar tranquilos porque sabemos o que está acontecendo. Se mesmo assim não é fácil, imagine para um gato?

A minha mudança foi ótima, desejada e feliz. Mas não posso dizer que foi fácil, porque nenhuma mudança é. Quando mudamos, ganhamos um bocado de coisas (e é nisso que sempre foco), mas deixamos para trás uma história. Encerramos um ciclo. As amizades não acabam, mas ficam distantes fisicamente. Há a saudade. E acontece o fim de uma etapa de sua vida. Quando visitei o meu ex-apartamento pela última vez, nos poucos minutos em que estive sozinha lá dentro, meus olhos se encheram de lágrima. Não porque eu estava triste, mas porque lembrei do quanto fui feliz ali, no meu primeiro imóvel próprio, na minha primeira conquista material com meu marido, no apartamento que arrumei com carinho, dentro das possibilidades durante o tempo em que moramos lá.

Cheguei e ainda não estou completamente adaptada. Há não somente a mudança de casa – que sozinha já é uma baita mudança porque você olha para as paredes e pensa “é minha casa mesmo?”, até que possa se sentir confortável e no seu lar -, mas existe também a mudança de cidade e de toda a rotina, desde a minha manicure querida até o mercado, passando pela experiência de pegar confiança de novo em tanta gente nova e aprender novos caminhos.

Se para mim não é fácil – embora delicioso e empolgante -, imaginem para um gato?

Teddy é sempre o que mais sente as mudanças. Polly fica brava, mas logo se acostuma. Nikky é tão tranquila que nem parece que se mudou, já que se sente em casa em qualquer lugar e Teddy é assustado, até mesmo pela sua história de sofrimento. No primeiro dia, saiu correndo da casa para a construção ao lado. Imaginem, aqui não era a casa dele, não é? Se EU não me sentia em casa, como podia esperar isso do bichinho? Lá, no meio da construção, ficou parado e com medo, tremendo. Cheguei perto e comecei a conversar com ele. Ao ouvir minha voz, foi se acalmando. Foi tarefa árdua, mas chegamos perto e ele voltou conosco. Passou a ficar grudado em nós. E agora parece estar cada dia mais feliz por aqui, rola, corre, brinca e está se acostumando aos poucos, assim como nós.

Para gostar de gatos é preciso estar aberto a entender que eles são sinceros e verdadeiros e que quando fazem algo, é porque querem de verdade. Dão amor que só quem convive com um gato pode compreender. E você também pode. Adote um gatinho! Você vai ver que delícia que é aprender todos os dias lições de tolerância, respeito e amor com esses seres tão apaixonantes. Não é à toa que eu sempre coloco gatos nos meus livros. No próximo não será apenas um (para quem não conhece a história, Blanda tem um gato chamado Freddy Krueger), mas DOIS felinos ;-)

Alegrias,

Fernanda.

Mudança: novos caminhos…

terça-feira, abril 26th, 2011

Em 31 de maio de 2010, não faz nem um ano, eu escrevi aqui no blog: “Sempre abençoei mudanças. Creio que são movimentos de Deus nas nossas vidas. Porém, mesmo com fé, começar uma nova etapa não é fácil. Exige disciplina, bom humor e a crença de que tudo vai dar certo mais uma vez. E é assim que eu me sinto hoje. É a junção da estranheza e da tristeza à esperança”. Naquele momento, eu encerrava o ciclo de cinco anos de trabalho como repórter em um jornal e seguia a carreira de escritora exclusivamente. Hoje, não sinto tristeza, apenas estranheza pela mudança e muita esperança.

Nesse tempo, quanta coisa aconteceu! Parecem anos. Parecem muitos anos que eu me dedico aos livros. Desde a última “mudança”, eu já viajei com minha comédia romântica Nove Minutos com Blanda por várias cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Poços de Caldas, Ribeirão Preto, São José dos Campos e tantas outras), já concedi várias entrevistas para jornais, quatro entrevistas para emissoras de TV, escrevi um novo livro (tá lindo, gente!) e já tenho outro na ponta do lápis para ser escrito.

Tudo isso para dizer que mais um ciclo se encerra. Desta vez, mudarei de cidade. (mais…)

Há razões para acreditar.

quinta-feira, abril 7th, 2011

Quando assisti a essa propaganda, fiquei feliz. Não estou falando do produto, não me faz a menor diferença. E sei que se trata de um comercial, oras, eu fiz Comunicação, sei que eles querem “vender”. Mas vamos esquecer isso, vamos? Então assistam com o coração e prestem atenção aos números. É lindo. É emocionante saber que no meio de tanta coisa errada, há razões para acreditar. Que entre tanta gente desonesta, há esperança. Será que sou uma sonhadora, como diria John Lennon? Ou será que podemos contagiar os outros com os sentimentos bons?

Como hoje coloquei no Twitter: Tudo acaba dando certo para quem é correto e justo. Acredite, mesmo que às vezes, durante o percurso, pareça que não vale a pena. Vale. E em seguida: Em resumo: “O bem vence o mal, espante o temporal. Azul e amarelo, tudo é muito belo” (hehehe). Ué, mas o Gorpo estava certo, viu. :-)

E você, também acha que ser honesto vale a pena?

Eu não acho que vale…

Ser honesto, para mim, não só vale como é o único caminho ;-)

Alegrias,

Fernanda.

Todos os dias das mulheres

terça-feira, março 8th, 2011

No ano passado eu fiz um post parecido. Esse ano, a correria por aqui me impede de escrever algo a mais, mas não posso deixar passar o Dia da Mulher – que este ano, por cair na terça-feira de Carnaval, deve ser quase totalmente esquecido. Como já disse antes, os homens (somente os babacas) diriam “Por que não existe um dia dos homens?” e eu explico na matéria que escrevi no ano passado. Porque o dia existe para lembrar que a luta não acabou. Porque ainda hoje as mulheres ganham menos do que os homens (cerca de 28,42%), porque 83,3% das mulheres fazem jornada dupla de trabalho (contra 43,6% dos homens) e embora as pesquisas mostrem maior escolaridade, as mulheres ainda ocupam bem menos postos de chefia.

Isso sem mencionar o que ainda acontece com as mulheres pelo mundo. O preconceito, as agressões, as mutilações, as pressões. Vocês sabiam que o drama da mutilação genital feminina já não é mais “exclusividade” da África? A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que o tipo de mutilação genital da mulher mais comum é a cisão do clitóris e dos lábios menores – 80% dos casos -, enquanto 15% dos casos correspondem à infibulação, consistente na extirpação de clitóris, lábios menores e parte dos lábios maiores, seguida pelo fechamento vaginal mediante sutura. Trecho retirado de matéria original do UOL.

Chocante? Acontece HOJE. E algumas pessoas ainda perguntam o motivo de existir um Dia da Mulher? Se algumas barbaridades não existissem, o dia também não precisaria existir. Mas, infelizmente, muita coisa ainda precisa ser mudada. A começar por você ou seu amigo que acredita que sua mãe não “faz nada” quando cuida da casa ou que sua namorada nunca “está tão cansada quanto você”, sendo que ela também trabalha, meu caro. Ainda há muito para ser feito, mas podemos começar agora :-)

A nós, mulheres, um feliz dia todos os dias. A vocês homens, não se esqueçam dessa luta.

Alegrias,

Fernanda.

Palavras

segunda-feira, fevereiro 28th, 2011

Outro dia eu perguntei no Twitter “Qual é a sua palavra favorita e qual você menos gosta”? Vou colocar abaixo algumas das palavras mais citadas pelo pessoal.

Palavras preferidas

Amor, Paciência, Cumplicidade, Saudade, Fé, Perdão, Solidariedade, Amizade, Esperança, Mãe e Família.

Piores palavras

Inveja, Egoísmo, Vingança, Prepotência, Mágoa, Tristeza, Injustiça e Descaso.

E eu?

(mais…)

Coisas que são e não deveriam ser.

quinta-feira, fevereiro 17th, 2011

Meu afilhado voltou para o hospital por causa da icterícia (ele está bem, mas a madrinha e o padrinho aqui só pedem a Deus que ele fique bom logo). Por causa dessa internação, depois que ele já havia ido para casa, eu pude observar alguns comportamentos e como jornalista preciso relatar.

Não vou entrar em detalhes dos motivos de cada procedimento, mas comadre entrou com Gabriel e foi para um quarto compartilhado no hospital. Estava pelo SUS, a companheira pelo plano de saúde. Minha comadre está passando pela mudança do plano da empresa (que é uma novela) e a carteirinha do plano novo nem chegou. Tudo bem, estava sendo bem atendida, embora o banho de luz estivesse sendo feito apenas com uma luz mais fraca (chamam de bilispot) em vez do berço com luz (o biliberço), que estava com o bebê da cama ao lado (não vou comentar pelo menos isso, tentarei ser imparcial). Comento apenas que já é triste saber que só existe UM berço daqueles para um problema tão comum em recém-nascidos.

Meia-noite e comadre é expulsa do quarto para outro quarto do SUS porque lá entraria uma grávida do plano. Não fazia sentido, as duas mães com seus bebês estavam bem instaladas, sem o ar condicionado ligado (não podiam por causa dos pequenos) e Tati teve de ir para um quarto com uma grávida passando mal, ar ligado, etc etc etc. Por que não colocaram uma grávida com a outra e deixaram os bebês juntos? Por que, raios, o tratamento no SUS precisa ser assim em alguns lugares? Por que, mais uma vez, o tratamento é sempre diferente quando é PAGO?

Nervosa, ela saiu e pediu um quarto particular e sozinha. Chorou… Chorou de nervoso porque foi tirada no meio da noite de um quarto por NADA. Ficou uma hora e meia até arrumarem outro lugar para ela. Nos falamos pela madrugada e ela se acalmou. Mas por que tinha que passar por isso? Misteriosamente hoje, como paciente particular, Gabrielzinho está com o berço de que tanto precisa (mas como outras crianças também precisam, voltamos a pensar, sem egoísmo: o que acontece se seu filho é internado pelo SUS, nesse caso, hein?). Fico feliz porque ele está sendo bem atendido e os pais podem pagar sua internação, mas triste porque o SUS deveria atender todos da mesma forma. E bem.

Os profissionais da saúde têm o meu total respeito. Eu admiro a profissão, mas assim como em qualquer outra profissão, há os profissionais e os PROFISSIONAIS de verdade. Só isso.

Triste por constatar o que muita gente deve passar no Brasil. Triste de verdade.

Pronto, já esqueci que sou jornalista e falei… Mas mexeram com meu afilhado, ué.

Alegrias,

Fernanda.