Archive for agosto, 2008

Minha São Paulo

sexta-feira, agosto 29th, 2008

Sou uma paulistana que posso até reclamar. Porque é verdade, há carro demais, gente demais, barulho demais, trânsito que nem se fala! Mas não experimente tentar falar mal da minha cidade perto de mim. Eu mudo o discurso e defendo. Sabe aquela coisa de filha? Sou filha da terra. Não moro mais na capital, mas não deixarei nunca de ser de lá. O lugar que acolhe pessoas de todo o mundo, que possui gente diferente num mesmo espaço. Não é só uma cidade que trabalha pra caramba (e trabalha mesmo): é um lugar com uma incrível variedade cultural e restaurantes dos bons – os melhores, aliás. Ah, minha gente, eu sou apaixonada por São Paulo. Se ela tem problemas? Ô se tem! Mas e quem é que disse que o que é bom precisa ser impecável?

Cenas da minha São Paulo para vocês. Fotos feitas por uma paulistana com visão de turista.

Nos poucos dias em que estive lá, ainda fui a outros lugares, como o Aquário de São Paulo. Passeei pela Avenida Paulista com a luz do sol. Trabalhei lá por quase cinco anos em duas épocas diferentes e eu acho linda aquela via! Fui a um novo restaurante e nisso me bate uma saudade constante, porque a gastronomia é um ponto forte de São Paulo. Há de tudo o que qualquer pessoa imaginar, em qualquer hora do dia. E ainda recebi a visita, na casa dos meus pais, do meu amigo mais antigo, o Ivo. Já são 22 anos de amizade, dá para acreditar? Nos conhecemos trocando canetas na segunda série, com sete anos, nos tornamos amigos de infância, continuamos inseparáveis na adolescência, fomos juntos a baladas, compartilhamos segredos, crescemos e cada um fez uma faculdade diferente, ele foi padrinho do meu casamento e ainda me levou à igreja e hoje, mesmo que a vida maluca de adulto nos faça ter compromissos demais para encontros freqüentes, é sempre como se tivéssemos nos visto no dia anterior. Há preço para uma amizade preciosa assim?

Bom, as fotos e relatos da viagem ao Uruguai e à Argentina virão depois. Estou terminando um projeto importantíssimo (eu sei que estou de férias, mas precisa ser agora), então logo mais eu volto.

Terça-feira, dia 2 de setembro, é meu aniversário. Quantos anos? Ah, vamos fingir que farei 20. Tá bom assim, né?

Alegrias!
Fernanda.

¡Hola!

sábado, agosto 16th, 2008

O que o Uruguai tem de melhor? Lindas paisagens e um povo simpático e acolhedor. A viagem está sendo ótima, a cada parada conhecemos pessoas bacanas e lugares maravilhosos. Como tanta coisa incrível já aconteceu (e emocionante também), melhor deixar para escrever na volta, com tempo e carinho. Preparem-se para ler muito… Por ora, só um “hola” do hotel, rapidinho, para vocês que vêm aqui (e eu adorei ler os recados, obrigada!). Relato completo na volta, depois de uns dias ao lado da família, combinado? ;o) Cuidem-se!

Alegrias,
Beijos do Uruguai,
Fernanda.

Ficção – Quase vida de Marli

terça-feira, agosto 5th, 2008

No dia seguinte ao seu aniversário de 42 anos, Marli decidiu acabar com a sua vida. O dia anterior tinha sido um dos mais solitários de que se lembrava, embora as memórias não fossem tantas. Sem pais, filhos, irmãos os tios, Marli passou horas deitada no sofá ouvindo o mesmo CD repetidas vezes, com o telefone sem fio na mão, mas o aparelho não tocou nem uma única vez. No ano anterior recebeu parabéns dos colegas de trabalho. Os abraços frios e sem sentimento não valeriam de nada para uma pessoa com amigos; para Marli, tinham um significado de existência.

O melhor era acabar com tudo naquele domingo. Marli não imaginava mais alguns anos de completa ausência. Ela não era infeliz, apenas não era nada. Tinha um bom emprego, um cargo importante em uma empresa respeitável, um salário que seria maior do que todas as suas amigas caso tivesse amigas, um apartamento confortável em uma cobertura de bairro calmo e residencial e uma saúde de ferro. Se esperasse um fim normal, seriam anos de completo nada. Marli precisaria agir.

O aniversário foi a última esperança e Marli já dormiu com a certeza dos acontecimentos do dia seguinte. A primeira decisão foi escolher a roupa: um vestido preto. No fundo do armário, encontrou um álbum de fotografias. Tinha mania de escolher as melhores fotos de cada ano e colocar em um único álbum. Casou-se e separou-se três vezes e em nenhuma delas teve coragem de jogar o álbum fora. Ali ela tinha uma quase vida.

O último casamento de Marli poderia ser resumido em um erro. Em nenhuma das fotos ela aparecia sorrindo. Foi então que ela percebeu que os mais bonitos lugares visitados não interferiam no semblante sem alegria. Marli aparecia, no máximo, com um sorriso de lábios cerrados. Justo ela, que gostava dos seus dentes. Marli sempre ouviu, quando criança, sobre o seu sorriso perfeito. Talvez o ciúme doentio do último marido ou a falta de vontade de ser vista pelo mundo a tenham feito esquecer que havia algo em si mesma que ela apreciava.

As fotos das primeiras páginas do álbum remeteram Marli à história com o primeiro marido, com quem se casou muito jovem e de quem se divorciou quando acreditou estar apaixonada pelo segundo marido. Marli pensava que o amor era feito de aventuras diárias, loucuras cometidas pela paixão e surpresas todos os dias. Com o primeiro marido ela tinha uma rotina agradável e feliz. Com o segundo, um sentimento arrebatador que era tão forte como as mãos pesadas daquele que dormia em sua cama. Conheceu o terceiro marido em um consultório, quando tentou se tratar de algo que pensava que tinha, mas poderia muito bem ser apenas desilusão.

Lembrou que as únicas risadas verdadeiras tinham sido dadas com aquele que ela dispensou. O primeiro não lhe proporcionava loucuras, mas trazia flores quase todos os dias. Colhia no quintal e entregava com um beijo. Escrevia poesias em guardanapos e deixava bilhetes no espelho. Marli percebeu somente anos depois que fora amada. Ironicamente, quando tudo estava quase no fim.

Com o vestido preto sobre a cama, buscou a caixa de remédios e segurou-a por um longo tempo. No colo, o álbum recebeu uma única lágrima. No momento em que o telefone tocou.

Não reconheceu a voz, mas ele pediu desculpas por não ter ligado no dia anterior. O atraso era pequeno, mas os votos de felicidade ainda valiam. Mas tanto tempo sem nos falar, por onde andava? Casei, separei, tive uma filha e estou sozinho. E você? Casei, separei e foram três vezes, mas não tive filhos. Trabalho naquele mesmo lugar, mas a função é outra. Coincidência, eu também. Não me esqueci do seu aniversário nem um dia em todos esses anos, vamos nos ver? E Marli disse sim. Sem saber o motivo, apenas disse sim e combinou o dia como sendo aquele, o horário para dali a poucos minutos.

O vestuário não era mais apropriado. Jogou no chão o vestido preto, no lixo a caixa de remédios e guardou no mesmo lugar do armário o álbum de lembranças. Ali, nas primeiras páginas, estavam as fotos do homem que iria encontrar em pouco tempo e a quem agradecia ter mudado seus planos. Quando Marli pensou que a estrada acabaria, tudo voltou ao início. E esboçou um sorriso aberto e encantador.

Semana da Amamentação

sexta-feira, agosto 1st, 2008

Hoje começa a Semana Mundial da Amamentação. Eu sempre adorei escrever sobre o tema e deixo para vocês a matéria que saiu hoje no jornal em que trabalho. Agora quero saber de vocês: amamentaram? Se não, qual foi o motivo? Se ainda não são mães, pretendem amamentar? Se são pais, auxiliaram as companheiras na amamentação? O que pensam sobre o assunto? Vamos bater um papo aí nos comentários! E convido todos a participarem da “blogagem coletiva” sobre o tema.

Bom final de semana a todos.
Alegrias,
Fernanda.

EM TODO O MUNDO
Semana da amamentação começa hoje

Este ano,
destaque é a
importância do
apoio à mulher

Fernanda França

A foto da atriz Dira Paes amamentando seu filho Inácio, de dois meses, e ao lado da mãe, dona Flor, é a imagem escolhida para representar a 17ª Semana Mundial de Amamentação, que tem início hoje em todo o Brasil, numa parceria entre o Ministério da Saúde e a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). O tema deste ano é “Nada mais natural que amamentar. Nada mais importante que apoiar” e lembra a necessidade do auxílio à mulher que amamenta.
Todos os anos a Semana aborda um aspecto da amamentação, definido pela Waba, da sigla em inglês, Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno e o movimento acontece em mais de 120 países. Este ano, a Semana pretende mostrar aos familiares e amigos da lactante como é importante o apoio para que o leite materno seja oferecido à criança. A amamentação ainda é um costume cultural recente na sociedade brasileira.
De acordo com a enfermeira obstetra da Santa Casa de Misericórdia de Mogi Guaçu, Elaine Aparecida de Almeida, mestre em saúde da criança e do adolescente, a mãe ainda vê na chupeta e mamadeira um apoio, em contrapartida não possui incentivo de pessoas com experiência na amamentação para auxiliar no processo. “É importante a mulher ter ao lado alguém que esteja disposto a ajudar”, disse.
O auxílio à mãe precisa respeitar a natureza da amamentação, de acordo com Elaine. Por exemplo, a produção de prolactina, hormônio que estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias, é maior no período noturno, quando a mulher está em repouso. Se o leite artificial é oferecido à criança nesse momento, no dia seguinte a produção será menor. A enfermeira lembrou que a amamentação é um período de entrega de todos os envolvidos. “Amamentar requer 24 horas por dia da mãe”.
O apoio à mulher que amamenta deve acontecer para que o processo seja mais fácil para ela e para a criança, além de criar um vínculo entre a família e o bebê. “A mãe pode não conseguir ordenhar a mama sozinha. O marido ou pessoa mais próxima tem um papel essencial no aleitamento”, lembrou a enfermeira. Para conhecer o processo, a Santa Casa mantém um Ambulatório de Aleitamento Materno que atende mães e familiares em qualquer horário e dia da semana. O auxílio pode ser feito por telefone ou pessoalmente.

NÃO DESISTIR
Para Elaine, é importante que a mulher não desista de amamentar, já que os primeiros 20 ou 30 dias são difíceis, mas depois o processo se torna natural e mais fácil. “É normal encontrar dificuldades, mas tudo se encaixa em seu lugar. Basta não desistir”, incentivou. Um dos problemas mais freqüentes atendidos na Santa Casa é o da mama regurgitada, ou seja, muito cheia de leite. Os ensinamentos populares dizem que água quente auxilia, mas não é verdade.
“O leite se ejeta com o calor, mas a produção aumenta e pode chegar a um ponto em que a mulher desiste de amamentar. O ideal é fazer compressas de água fria ou gelada”, orientou a especialista. Até os seis meses, a criança deve ser alimentada exclusivamente de leite materno e a amamentação deve se estender até os dois anos de idade com a introdução de demais alimentos. É recomendado que o leite artificial seja incluído na alimentação somente após os dois anos da criança. Todas as mulheres podem amamentar. No Brasil, o único caso contra-indicado é para mães portadoras do vírus da Aids.

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