Archive for dezembro, 2008

Ser amigo é…

domingo, dezembro 21st, 2008

dez08_amigos01…Dar risada junto, compartilhar segredos, alegrias (para que se multipliquem) e tristezas (para que elas fiquem menores)…
Eu e Carol Di, desde 1985 ou 1986, por aí (quando ela estudou com meu irmão)

dez08_amigos02…Contar as histórias mais absurdas e rir, rir, rir…
Eu e Carola, desde 1992, quando nos encontramos em um grupo de teatro e em seguida na turma do inglês

dez08_amigos03…Compartilhar os sonhos e as conquistas, dia após dia (e ganhar uma editora de presente!)…
Eu e Lu, desde 1996, quando nos conhecemos no colegial

dez08_amigos04…Conseguir manter uma amizade no pior ambiente possível e depois esse laço bacana só crescer com o passar dos anos…
Eu e Fê, desde 2001, quando ela começou a trabalhar na empresa em que eu trabalhava

dez08_amigos06…Torcer pela felicidade do outro…
Eu e Juliana, desde 1987, quando eu estudei com a irmã dela, a Lúcia, minha outra grande amiga!

dez08_amigos07…Compartilhar o dia a dia com bom humor e alegria…
Eu e Cláudia, desde 2005, quando eu comecei a trabalhar no jornal em que ela já trabalhava

dez08_amigos08…Admirar o trabalho do outro e torcer pela sua felicidade…
Eu e Sherry, desde 2008, quando nos conhecemos por intermédio da grande amiga, querida demais, Ana Cláudia

dez08_amigos09…Ser um porto-seguro…
Eu e minha família amada, desde sempre, para sempre.

dez08_amigos10…Estar sempre perto mesmo quando longe fisicamente…
Eu e Ivinho, desde 1987, quando nos conhecemos na 2ª série e desde então não nos separamos mais

Estas são apenas as fotos recentes. Há amigos especiais que não estão nas fotos, mas sabem que estão no topo do coração também. Meus queridos que moram em São Paulo, em Curitiba, em Venda Nova, em Goiânia, no Rio de Janeiro, em Sumaré, em Salvador e no exterior. Obrigada por serem meus amigos, todos vocês.

Alegrias,
Fernanda.

Mundo do faz-de-conta

terça-feira, dezembro 16th, 2008

Hoje o texto não é meu. É do jornalista Camilo Vannuchi, que escreveu para a IstoÉ a matéria “Cuidado com os burros motivados”, em entrevista com Roberto Shinyashiki em 19/10/2005. Vale a pena ler. Os grifos são meus, para que percebam o que eu quis passar com o texto no blog.

Eu penso muito sobre isso, sobre as aparências, a felicidade de mentira, o “parecer” em vez de ser. Eu ia escrever aqui outro dia, passou e lembrei depois de ler esse texto. Porque sou feliz e não tenho como explicar isso, porque não sou rica, não tenho uma posição mega importante em nenhuma mega empresa, não vou herdar nada material de família (só muito amor), mas tenho amigos incríveis, o prazer de fazer o que gosto, a minha escrita, um grande amor, família, gatos, peixes, tudo aquilo o que me faz feliz de verdade. Minha vida não gira em torno de um cargo, de um nome, de um rótulo. E vai ver que é por isso que eu não ligo muito pra essas coisas. Ele também fala sobre os sonhos… alguém aí por acaso pensa em desistir dos seus? Fale logo para levar uma bronca já.

Depois me digam o que acharam da entrevista e vamos bater um papo nos comentários.

Alegrias,
Fernanda.
Terça-feira, 16 de dezembro de 2008.

“Cuidado com os burros motivados”

Em Heróis de verdade, o escritor
combate a supervalorização da
aparência e diz que falta ao Brasil
competência, e não auto-estima

Camilo Vannuchi

Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (…) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”

ISTOÉ – Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki – Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ – O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki – Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ – Qual o resultado disso?
Shinyashiki – Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ – Por quê?
Shinyashiki – O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ – Há um script estabelecido?
Shinyashiki – Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.” É exatamente o que o chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma
forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ – Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki – Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ – Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki – Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ – Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki – Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.” Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ – O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki – Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ – É comum colocar a culpa nos outros?
Shinyashiki – Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder. Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.

ISTOÉ – Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki – Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki – O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTOÉ – Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki – A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.” Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.

ISTOÉ – O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?
Shinyashiki – Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis. Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos.

Uma palavrinha

quinta-feira, dezembro 11th, 2008

E então eu recebi por e-mail aquelas brincadeiras de descrever o amigo em uma única palavra. Legal, eu gostei, respondi todas. Mas acabei não enviando o e-mail para ninguém – para saber qual seria a única palavra “para mim”, a que me descreveria melhor. Fiquei curiosa, pensando no que os amigos ou conhecidos escreveriam. Qual é a palavrinha que me descreve?

Eis que recebo depois um e-mail de uma amiga que iluminou o meu dia cinzento e hoje, quando precisei, novamente recorri às palavrinhas dela. Resolveu me “devolver” a palavra da tal brincadeira. Ela escreveu assim, desse jeitinho:

“E sua palavra é FÉ!
Quase “Fê”, rsrs. ;-) )
Fé em Deus, fé no amor, na amizade, na esperança, no ser humano, num mundo melhor, no poder que os animais tem sobre o Homem, no poder da transformação e, por fim, fé em você mesma (apesar dos dias difíceis), pois no fundo você sabe que é alguém especial e que faz toda a diferença por onde passa. E, por isso, faz bem feito (trabalho, por exemplo). ;-)
Aaaaiiiiii, eu e minha língua que não se contém em uma única palavra!!!! rsrsrs
Beijos amada amiga, eterna otimista!
Ana.”

Não é linda? E generosa? :õ)
Um amigo muda tudo na nossa vida. Pra tão melhor!
Ah, e qual é a minha palavrinha pra você? Leitor amigo ou leitor caladinho que eu adoro, com qual palavra você descreveria a moça aqui?
Um abraço apertado e um prato de brigadeiro pra cada um!

Alegrias,
Fernanda.

Recordar é viver – parte 1

terça-feira, dezembro 9th, 2008

Vóva aponta para ela mesma e pergunta:
- Quem é esta aqui??
Tia Lene responde:
- Mãe, é a senhora!!
Mas ela não acredita.
- Imagina que sou eu…
Em seguida, aponta para a minha mãe na foto, criança, e pergunta:
- E esta aqui??
E tia Lene responde:
- A Margareth falou que era ela.
Vóva então finaliza:
- Nossa, como ela está diferente!

Hahahaha, claro, né, só… tipo, umas décadas mais velha :o )

dez08_antigas01

Minha bisavó Geraldina (que eu chamava de vovózinha e com quem convivi até os 15 anos), bisavô Gregório (que infelizmente não conheci), tia-avó Alice (uma gracinha!) e o menorzinho é meu avô Walter, que faleceu quando eu tinha 19 anos e quem eu amo muito (era ele o marido da vóva, de quem sempre falo, minha fofa).

dez08_antigas02

Não sei quem são todos, mas vamos lá… a primeira moça em pé é a vóva e a última em pé é a vovózinha Geraldina, abraçada à tia Téia (na verdade, prima da minha mãe, uma pessoa superbacana). Abaixados estão tio Chico (outro irmão do meu avô) e Chiquinho, marido da Téia. As crianças são minha mãe (lindinha, né?) e meu tio Carlos.Recordar É viver.
Bão demais!

Alegrias,
Fernanda.

Ficção – O perdão de Carina

segunda-feira, dezembro 8th, 2008

Eu só percebi a perfeita imbecil que eu era anos depois. Sério, foram anos para perceber. Primeiro eu realmente achava que tudo aquilo era normal, que eu só estava passando por um momento difícil, que ele era um cara especial e merecia uma segunda chance e que nunca mais em toda a minha vida, e se eu tivesse mais do que uma vida valeria também, eu encontraria alguém que me amaria como ele me amava. Eu vivia uma relação de palpitação no coração, daquelas ruins, da angústia e desconfiança, mas pensava que era boa.

Primeiro que ele não me amava. E só isso já seria suficiente para mandá-lo embora. E todo o resto, desde o começo, estava errado. Aquilo tudo não era normal merda nenhuma, por que desde quando “tudo bem” se um cara te trai e ainda bota a culpa em você? Ele não estava passando por momento difícil, era um vagabundo mesmo que só pensava em jogar futebol e comprar filmes pornôs na TV a cabo e não era nada especial, embora me fizesse acreditar nisso. Mesmo se eu ficasse sozinha para sempre, esse fim parecia melhor do que viver aquilo.

Lúcio não só me traiu como fez isso com uma cretina que morava no nosso prédio. Uma vizinha que iria ficar careca em poucos anos, mas ele não deve ter percebido. Aquelas entradas na testa me davam arrepios, mas foi com ela, com aquela mulher estranha, que ele saiu por três meses. Saiu, não, entrou, porque ainda confessou que passou uma semana com a estranhona lá em casa, quando eu viajei a trabalho. Que nojo.

- Eu não estou arrependido.
- Ãh?
- Eu estou apaixonado por ela, Carina.
- Peraí que eu não entendi, você tinha acabado de dizer que queria salvar nosso casamento antes de dizer que não está arrependido.
- Mas eu quero.
- Não dá pra unir “salvar o casamento” com “estou apaixonado por outra”.

E mesmo assim, mesmo assim eu ainda o deixei morando lá em casa. Eu falei um monte de abobrinhas, critiquei, mas acreditei na palhaçada de salvar o casamento depois que ele trouxe flores e disse “só fiz isso porque em casa não encontro o que preciso”. Como a careca do andar de cima era cozinheira profissional, não é que lá fui eu fazer um curso de culinária para agradar o marido? E lá recebo a ligação dele dizendo que sairia para jantar com os amigos. Em plena cinco horas da tarde de um sábado.

- Está cedo para um jantar. Eu mesma farei o jantar mais tarde.
- Nós precisamos ter nosso espaço, querida.

Entre mãos melecadas de massa caseira para espagete e um delicioso pesto aprendido no curso, que eu resolvi fazer no dia seguinte, eu percebi que aquela não era a vida que eu queria para mim. Não queria agradar alguém quando eu deveria receber os agrados depois da maior filhadaputice que um homem pode fazer com uma mulher, não sonhava em passar os meus dias vivendo uma relação em que só eu acreditava que poderia dar certo, quando a outra parte ainda pensava na outra e, principalmente, eu não merecia aquilo.

Foi quando ele entrou na cozinha perguntando o que tinha para jantar. Eu tirei o avental e limpei as mãos em um pano de prato.

- Macarrão. Mas só para mim. Vá embora agora. Você tem até o jantar para sumir da minha frente.

E foi desse jeito, sem programar, sem pensar em como seria um futuro horrível sem aquele crápula que eu imaginava amar, sem ponderar sobre nada, que eu coloquei o Lúcio para fora de casa, já que eu morava lá antes de nos casarmos, era eu quem pagava o aluguel e, bom, eu tinha sido a traída da história e não sairia dali de jeito nenhum. Para azar do safado, a careca foi viajar e nunca mais voltou e eu…. eu aprendi a me amar antes de amar outro homem. A me respeitar acima de tudo e só depois me permitir entrar em uma relação.

Anos depois eu percebi que fui muito mais estúpida do que pensei. Porque eu insisti eu sustentar uma mentira. Não sei qual foi o motivo – agradar os meus pais, o medo de ficar sozinha ou tudo junto -, mas o fato é que eu cresci só depois daquilo. E quando a gente se respeita, o amor vem. Mas um amor de verdade mesmo. Que só faz o coração palplitar se for de felicidade.