Caso Torres

Estou muito triste e decepcionada.
Para quem não está sabendo sobre o caso de Torres (RS), aqui está um link resumido e muito bem explicado sobre o que aconteceu.

Vocês compreendem a gravidade do caso que abre um precedente perigoso – o Estado passa a poder decidir sobre qualquer assunto por você, ignorando os seus direitos básicos? Adelir foi levada de casa por POLICIAIS armados, como uma criminosa, enquanto aguardava a evolução de seu trabalho de parto para voltar ao hospital. Os exames mostraram que estava tudo bem com o bebê e com ela e que não havia nenhuma indicação real de cesariana. Ela quis esperar em casa, mas foi levada e forçada a fazer uma cirurgia que ela não desejava. E mais uma lei foi violada quando o pai do bebê foi impedido de assistir à cirurgia.

“Ela foi arrancada de sua casa, em trabalho de parto, por policiais armados. Levada contra sua vontade para um hospital. E o Estado e a Obstetrícia brasileira fizeram nela uma cirurgia que não era necessária, sem qualquer tipo de indicação. Apropriaram-se de seu corpo, de sua vontade, de sua condição humana, arrancaram seu bebê contra sua vontade para dizer: “Seu corpo é nosso”. ESTAMOS EM ESTADO DE LUTO!” – por Cientista Que Virou Mãe.

Quando entraram na minha casa e liguei para a polícia, apareceu apenas um policial (muito tempo depois!), mas ele sequer queria fazer um boletim de ocorrência. Era a minha casa, eu ouvi o ladrão fugindo pela porta do fundo e ninguém fez NADA. Não apareceram policiais armados para me defender. Quando era repórter, atendi várias pessoas que lutavam por algum remédio que o Estado deveria fornecer, mas não conseguiam e ninguém fazia NADA. Agora uma mulher que deseja parir seu filho é levada por policiais e a sociedade vai achar que tudo bem? Não, né? Por favor, digam que não.

“Submeter uma gestante a uma cesariana à força, sob coerção do Estado, através de mandado judicial, é um absurdo: cadê o respeito à AUTONOMIA, um dos pilares da Bioética? Ainda que houvesse indicação absoluta de cesariana, só se admite submeter um indivíduo a um procedimento cirúrgico sem seu consentimento formal em condições de risco iminente de vida (ex.: uma cesariana por DPPNI com choque hemorrágico), o que não era o caso.

Segundo absurdo: não havia indicação absoluta de cesariana. Mulheres com duas ou mais cesáreas podem parir. Bebês em apresentação pélvica podem nascer por via vaginal. Não preciso me remeter a centenas de estudos, basta considerar os guidelines do ACOG, que consideram o parto vaginal uma opção razoável nesses casos, desde que esse seja o desejo da mulher. Além do que, não é obrigatória a interrupção da gravidez depois de 41 semanas, a própria revisão sistemática da Cochrane demonstra que sendo o risco absoluto de morte perinatal pequeno, a conduta expectante pode ser uma alternativa e as mulheres devem tomar a decisão depois de esclarecidas sobre riscos e benefícios.

Terceiro e não menor absurdo: a justificativa desse ato arbitrário foi “o direito do nascituro”, juridicamente sem fundamento!”
(pela médica obstetra Melania Amorim)

O caso diz respeito a todos nós. A quem opta pelo parto normal, a quem escolhe a cesárea, a quem acha que não é correto ser levado(a) por policiais para fazer algo contra sua vontade. O corpo é nosso!

Fernanda.

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