Archive for the ‘Minha história’ Category

#vclembra?

sábado, novembro 7th, 2009
Não acredito! Acho que acabei de achar a Fernanda França (lembram dela no Chupim, da Metropolitana FM?). Demais.
 
Haha. E eu achava que ninguém mais nesse mundo lembrava disso. Mas tudo bem, né. Foi em 1998 e 1999, eu era uma jovem estudante de jornalismo que começou a carreira em uma emissora de rádio (e eu curtia bastante). Até hoje tenho as fitas (cof cof) das gravações de alguns programas. Quero ver como é que eu passo aquilo para CD agora. Ahhhh esse mundo internético nos surpreende.
Alegrias,
Fernanda.

Sabor de infância

sexta-feira, novembro 6th, 2009

Minha mãe ficou saudosa com esse post e olhem o que me deu na última visita a Sampa…

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Ahhhhh nem tive coragem de abrir ainda, hahaha! Mas o sabor de toda a vida mesmo é o bolo de nozes da vó. Já contei a história?

Qual seu sabor de infância?

Alegrias,

Fernanda.

Diário de uma (ex) sedentária

sexta-feira, outubro 16th, 2009

Eu detesto academia. Mais uma vez: eu de-tes-to academia. Na verdade, eu não gosto de fazer exercícios físicos porque a impressão que eu tenho é que estou perdendo tempo (!) na minha vida, enquanto poderia estar dormindo, lendo ou vendo um filme legal. Pegar peso para mim é muito chato. Mas dois pontos me fizeram procurar um desses lugares de tortura: primeiro a indicação doS médicoS (no plural) e segundo porque eu não paro de comer doce nem a pau, Juvenal.

Daí que eu comecei. E a professora é tão bacana, mas tão gente boa, que me deixou à vontade, compreendeu que não posso fazer vários aparelhos (por causa do problema de coluna) e me indicou outros. Foi uma fofa. Resultado? Pela primeira vez na vida não larguei no primeiro mês. Comecei em maio e ainda continuo, com meia hora de exercício (mais do que isso é sair de lá e me internar que eu pirei).

_16102009_natacaoA felicidade foi descobrir que embora o peso estivesse praticamente igual três meses depois (eu como doce, lembram?), o percentual de gordura caiu em 10%. A saúde sempre é meu guia, sabem. E tem o lance do colesterol alto, do coração, blábláblá, e fui. Mas é legal ver que alguma coisa muda no corpo. Não, eu não baseio minha vida nisso. Eu não sou nada encanada com isso. Eu acho tão chato sair para jantar com os amigos e pedir alface! Eu sou boa de prato, eu como bem que nem muito homenzarrão, eu tenho prazer em comer, em experimentar, em provar receitas novas. Então os exercícios me ajudam a… continuar comendo! :-)

Mas então comecei a fazer natação e percebi que eu há algo que me deixa feliz e me faz bem ao mesmo tempo. Natação é maravilhoso. Isso foi em junho. Melhora tudo na vida: o humor, a dor na coluna, a respiração. E ainda conto com a companhia do marido, que é um nadador mutcho melhor que eu, mas é generoso e me deixa nadar com ele. Tão bom. Vocês já experimentaram? O brigadeiro nosso de cada dia agradece a oportunidade de permanecer nas nossas vidas. E lembrando da saga que foi começar a fazer exercício e do esforço que ainda faço, eu vou contando aos poucos como é ser uma ex-sedentária aqui para vocês.

Alegrias,

Fernanda.

Os professores da minha vida

quinta-feira, outubro 15th, 2009

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A primeiro professora que marcou minha vida chamava-se “tia” Raquel, uma freira fofa que me ensinou a ler e escrever. É engraçado não lembrar o que comi ontem, mas ter memórias nítidas de quando esse processo começou. Ela tinha um tabuleiro em madeira, pintado com letras. Cada letra era um pequeno pedaço de madeira que podíamos juntar com outros pedaços para formar palavras. E eu me lembro quando fui lá na frente da sala formar uma palavra. Não lembro qual era, mas hoje seria “Obrigada”.

E eu me recordo de cada professor do primário, do ginásio e colegial. Minha mãe foi minha professora de Ciências da 5ª a 8ª série e não é porque é minha mãe, não, mas ela foi uma das melhores professoras que eu já tive. Explicava tudo com carinho, levava os alunos ao laboratório, era tão bom! Minha mãe é uma grande educadora. Uma pena que muitos dos alunos hoje em dia não vejam isso.

(mais…)

Fernanda criança

segunda-feira, outubro 12th, 2009

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Tenho lembranças de infância que aquecem meu coração. Do jeito que eu ficava quietinha para parecer estar dormindo e ser carregada no colo pela mamãe ou pelo papai, do pastel com guaraná preparado no sábado à noite, quando nos reuníamos em volta da mesa de centro da sala para ver TV juntos, das longas partidas de WAR que eu, meus pais e meu irmão fazíamos, do presente que eu ganhei de Papai Noel que não era o que eu queria, mas que era o que meus pais podiam dar e se tornou o meu preferido pra sempre: a boneca com cabelos de lã cor-de-rosa que me fez perder a inocência do bom velhinho, mas me mostrou mais uma vez a família linda que eu tinha, das brigas e brincadeiras com meu irmão, da turma da rua, onde fazíamos bailinhos e brincávamos de esconde-esconde, do leite quente que meu pai preparava pra mim e do jeito carinhoso com que ele me acordava todas as manhãs, da paixão por minha mãe pelos animais, que passou para mim com toda a força, das aulas de matemática que meu pai me dava e das de ciências dadas pela minha mãe. Lembro do colégio de freiras, das orações da manhã, do uniforme azul berrante da escola, das pecinhas de teatro que preparamos para as datas comemorativas, da gincana em que participamos com um grupo de nome “boto rosa” (sem comentários), da troca de canetas e de fofocas com meu primeiro amigo que eu me lembro nessa vida e que foi meu padrinho de casamento, das lições de português que eu fazia com gosto porque realmente me fascinavam, da única Barbie que eu ganhei depois de “mocinha”, porque antes eu brincava com a Suzy que tinha sido da mamãe, das roupas de boneca que ela fazia para mim com o maior capricho, do meu forninho de brinquedo em que eu e as amigas da rua preparávamos lanchinhos (e comíamos!), das aulas de natação, de balé, de inglês e das tantas bolsas de estudo que eu tinha para tudo. Lembro do meu gosto pela leitura desde cedo, dos meus dibis da Turma da Mônica, meus primeiros livros e meu caderno de poesia de capa amarela. Lembro todos os dias que sou uma privilegiada por ter conhecido os meus quatro avós e ainda ter a vóva ao meu lado. Do “ô ô ô” que o meu avô de olhos azul como céu fazia e do seu jeito de derrubar lanche pela casa inteira porque não gostava de pratinhos, dos livros emprestados pela avó paterna e que me fizeram pegar ainda mais gosto pela leitura, ainda mais policial (que eu comecei a ler criança, acreditem), do jeito do meu avô paterno falar italianado na mesa à refeição e eu me sentir morrendo de vergonha quando ele queria que eu respondesse em italiano. Das blusas de lã que a vóva fazia e ainda faz, do jeito solidário dela e da maneira fofa com que fala cada vez que lê algo que eu escrevo. Lembro da vó materna, essa aí, nos dias em que preparava sopa de feijão para jantarmos, quando papai ainda não tinha voltado da farmácia e mamãe da escola e depois nos lia histórias. De “João e Maria e “A Bela e a Fera” principalmente, eram minhas favoritas e estavam escritas num livro velho, que a vó já tinha usado para ler para minha mãe. Eu me recordo das viagens curtas em família, das danças com meu pai na sala de casa, dos discos de vinil que me fizeram gostar de Beatles, das noites assistindo ao Carnaval com minha mãe e dos dip lick, aquele pirulito com pozinho colorido, que meu pai trazia. Não esqueço das viagens ao Rio desde muito pequena, das bagunças com a prima, as idas à praia e o meu gosto pela água desde cedo. Lembro, especialmente, que a minha infância foi marcada pela presença da minha família, de muito amor, de pouco dinheiro, de abundância de felicidade e de exemplos de honestidade. Fui uma criança feliz. Sou uma mulher feliz. E, dentro de mim, ainda há uma criança. Vai ver que é por isso que eu não preciso voltar no tempo – ele está em mim e fez de mim o que sou hoje.Fe_crianca3_tw

Reedição do ano passado, já que o blog antigo ficou esquecido e muitos textos não foram lidos. ;-) Desse eu gosto porque me sinto aconchegada com as lembranças.

Feliz Dia das Crianças para todos vocês!
Alegrias,
Fernanda.

Adolescência madura

quarta-feira, setembro 30th, 2009

Na mesa, eu e meu revisor fofo que tem 10 anos a menos que eu (mas abafa o caso que eu não pareço ser uma moça de uns 20 e poucos, bem poucos?). Marido inda mais véio e eu vemos o Biafra na tevê e começamos a lembrar de algumas coisas do passado, tipo “Qual é a música” com o Silvão na época em que o Ovelha participava, sabem? Ovelha, minha gente, Ovelha! E Trio Los Angeles, e Naim, e o cara do Ursinho Blau Blau. Ah, tipo, foi ontem.

Eis que meu revisor, que é moço inteligente e fino, diz que não lembra disso. Ou melhor, faz cara de que não tem a menor idéia do que eu tô dizendo. Aí me cai a ficha: “sua lesa, olha tua idade”. E agora eu ouço uma rádio anos 80/90 que toca Erasure e quase começo a pular aqui no meio da sala no último dia de férias, mas penso “caramba, isso é velho”. Mas é bão, ah, como é bão!

O fato é que ter 30 anos é uma sacanagem com as mulheres. Puxa vida, nunca me senti tão bem na vida! Uma amiga diz que é a fase da produção – em que mais criamos, trabalhamos, parimos, casamos, enfim, fazemos mil coisas. Eu estou a mil com idéias, projetos, viagens, e não me sinto velha. E lá vem um bobão que escreve e dá o nome de balzaquiana, certo? Quem é ele pra acabar com minha auto-estima?

Cheguei aos 30, mas acho que estou em plena adolescência madura. Bem melhor esse nome, não?

Alegrias,

Fernanda.

Memória afetiva

segunda-feira, agosto 31st, 2009

Eu morei durante toda a minha vida, até os 25 anos, no mesmo local. A entrada pelo quintal ainda leva à casa de minha tia, à casa de minha avó e à casa de meus pais. Foi meu bisavô quem construiu tudo isso, cada tijolo, cada parede. E foi nesse quintal que eu cresci, nesse espaço que eu vivi a maior parte da minha vida. Primeiro na casa dos meus pais e depois do falecimento do meu avô, em um quarto ao lado da minha avó. Foi assim: com duas casas, duas cozinhas, duas salas, uma família pequena, mas bastante unida.

Quando eu venho para essas casas, ainda posso sentir o cheiro dos doces da minha mãe, da comida da minha avó, a lembrança do meu pai me ensinando matemática, das brigas e pazes com meu irmão, de todos os animais que já passaram por aqui. Eu me lembro que gostava de ler gibi deitada no quarto dos meus pais, que fazia lição de casa na mesinha de centro da sala, que brincava de bonecas no meu quarto, que era separado do quarto do meu irmão com dois armários.

Eu me recordo das histórias que a vó contava na janta, da Duquesa (minha primeira tartaruga), dos primeiros peixes, da primeira gata, a Cherry, do gato que viveu comigo por mais tempo, o Tovy, que por 14 anos foi um companheirão. Eu me lembro do meu avô comendo lanche pela casa, de sua risada, de seu jeito carinhoso de abrir a janela quando me ouvia entrando pelo quintal.

Não é mais a minha casa. As minhas coisas já estão em outro lugar, eu já tenho meu canto, aqui é a casa da minha família, mas no fundo parece que nunca deixou de ser minha. É como um refúgio, um aconchego, um lugar que eu conheço direito. Cada canto tem uma história. Uma história feliz. E o mais importante é que a família está aqui.

Vocês também têm a sorte de ter um refúgio assim?

Alegrias,

Fernanda.

Cantada

terça-feira, julho 7th, 2009

“Deus abençoe a sua beleza”, disse um homem para mim enquanto eu caminhava para o trabalho. Eu ri. Sério, eu ri mesmo. Mas achei delicado, porque vamos concordar que cantada ridícula é aquela de baixo calão. O cara me elogia e ainda pede para que eu seja abençoada? Amém, tio. Mas eu não conto isso com a menor pretensão, muito pelo contrário. Quem me conhece sabe que eu não me acho bonita (e não sou, oras), mas sou bem resolvida e feliz. Acho que isso faz a diferença.

O mais interessante é observar que eu fui motivo de chacota durante toda a adolescência. Na fase em que as mocinhas são teúdas e manteúdas, cantadas na rua, paqueradas e tudo o mais, eu era o ET, o monstro do Lago Ness, o bicho horrendo de quatro-olhos. Eu já disse aqui que adolescente é cruel. E é demais, minha nossa. Parece que eles não têm a menor noção do estrago que fazem com o outro. Por ser tão discriminada eu aprendi a não ter tantos preconceitos assim (gente chata e mal-educada entra na lista de “poréns”).

E aí eu passei uma boa parte da vida achando tanta coisa de mim que foi preciso ter uma mãe e um pai muito muito muito legais e amáveis para me fazerem entender que cada um é diferente e blábláblá. Nunca me esqueço de uma cena em que eu chorava no quarto da minha mãe porque alguém me chamou de feia e ela só disse “você tem uma beleza diferente e única, e você vai crescer e isso vai passar”. Não porque eu mudei por fora, mas mudei por dentro, isso realmente passou.

Aí acho graça quando alguém me paquera hoje em dia, quase na casa dos 30 anos (ainda tenho dois meses na casa dos 20). Esse aí estava sóbrio, como dois garotões que passaram de bicicleta outro dia e me chamaram de loirinha linda. Não o bêbado, que cantou “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”, mas ele foi tão simpático que eu dei “bom dia”. Acho graça que a felicidade possa emanar algo que as pessoas acham que é beleza. Mas é ALEGRIA mesmo. Só isso.

Alegrias para todos,
Fernanda.

I love Beatles!

segunda-feira, maio 11th, 2009

Comei a escutar Beatles com o meu pai, quando ainda era criança, na sala de casa. Eu me lembro das capas dos discos de vinil e, anos mais tarde, eu já era apaixonada por aquele grupo. Aos 12 anos, fiz minha primeira peça de teatro lá na Cultura Inglesa, onde estudei por quase nove anos. E a montagem era justamente sobre… Os Beatles! O nosso grupo ia participar de uma competição infanto-juvenil da escola (entre todas as filiais) e era minha primeira apresentação em inglês.

Acabei ganhando o papel da Linda McCartney e a peça tornou-se a primeira de muitas, já que eu me apaixonei perdidamente pelo teatro. Foi uma experiência inesquecível. No fim das contas (e eu ainda volto para contar mais sobre esse dia), nossa peça foi a vencedora, ganhei um prêmio de melhor atriz (que fofo!) e “most improved english”, já que entrei na peça sem saber quase nada e saí pelo menos com o texto decorado direitinho, hahaha.

A roteirista e uma das diretoras era inglesa e teve a idéia de escrever sobre os Beatles, e a peça ficou uma graça, delicada e engraçada. E a trilha sonora era… Beatles, claro! Tocava She Loves You, Twist and Shout, Yesterday e outros grandes sucessos. O público cantava junto, era uma delícia. E Beatles, que já era uma paixão, tornou-se trilha sonora obrigatória na minha vida.

Marido também adora o grupo e adoramos viajar ouvindo algum CD deles. E no último sábado assistimos à apresentação da Cia. Filarmônica de São Paulo com o espetáculo Beatles’ Songs aqui na cidade. Foi incrível. Eu sabia todas as letras, até parecia que eu tinha vivido em uma geração antes da minha. Quem tiver a oportunidade de ver o show em sua cidade, vá. A matéria que escrevi antes do espetáculo, pode ser lida aqui.

As minhas (todas) preferidas deles são Let it Be, Help!, Penny Lane, Here Comes the Sun, I wanna hold your hand e Here, There and Everywhere. E vocês, gostam de Beatles?

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Alegrias,
Fernanda.

Nariz vermelho

quinta-feira, abril 2nd, 2009

Vocês conhecem o trabalho de palhaços que visitam os hospitais para levar conforto aos pacientes e familiares? Recentemente escrevi uma matéria sobre isso e que pode ser lida aqui. Em seguida, escrevi uma coluna que foi publicada no jornal na edição seguinte, em que conto a minha experiência pessoal com os palhaços e compartilho abaixo com vocês.

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Escrever a matéria sobre o trabalho da equipe UAI (Unidade de Alegria Intensiva), inspirada nos Doutores da Alegria e publicada nesta edição, foi um prazer para mim. Após anos eu pude me lembrar de episódios que marcaram a minha vida, afinal, eu sempre gostei de palhaços, mas nunca imaginei que eles estariam tão ligados a mim em fases diferentes. A começar por uma das minhas fotos preferidas de quando era criança – ao lado de um boneco-palhaço. Tudo bem que era o Bozo, não exatamente um “modelo” de palhaço, mas eu me recordo que adorava aquele boneco de cabelo laranja que era maior do que eu no tamanho.

Aos 22 anos, após alguns anos de curso de teatro, por dica de um amigo, fiz um workshop sobre o clown. Fiquei completamente apaixonada pela arte do palhaço. Não só eu, mas toda a turma, que resolveu continuar a estudar. Assim, permanecemos juntos por cerca de um ano. O professor, a quem eu chamava de “mestre clown”, era o ator Márcio Ballas, com uma grande experiência como João Grandão (esse era o nome de seu clown). Ele foi um dos “Palhaços sem Fronteiras” franceses com quem fez expedições para a África e campos de refugiados durante a guerra do Kosovo. Márcio também foi integrante dos Doutores da Alegria.

Durante todo o tempo em que estive com aquela turma, aprendi muito sobre mim mesma e as outras pessoas. O palhaço faz isso pelo ator, é capaz de virar o seu olhar para dentro de si mesmo, conhecer suas fraquezas e trabalhar com elas. Fazíamos jogos de improvisação, aprendemos a rir dos nossos defeitos e transformar as características em munição para o riso alheio. Ser palhaço não é fácil, mas é maravilhoso.

Foi aí que eu descobri a Tiffany, a minha clown. Cada pessoa possui apenas um palhaço em toda a vida. Não é um personagem, é parte de você. E com as aulas passei a ter cada vez mais vontade de participar de grupos de palhaços que visitam hospitais para levar conforto aos pacientes e familiares por meio do lúdico. O palhaço que visita hospitais é generoso: ele doa a sua alegria. Imaginava se seria capaz, mas decidi que era isso o que queria fazer. Os colegas do curso iniciaram um movimento para visitar hospitais e assisti ao primeiro sarau de palhaços. Apresentei-me poucas vezes para a turma e convidados e nunca, nunca mesmo, senti nada igual como a sensação de fazer rir como a Tiffany.

O destino, porém, não me contou que antes de eu fazer a primeira visita a algum hospital eu passaria por uma situação de inversão. Em 2003 fui internada às pressas, passei quatro dias na UTI por conta de um derrame pleural e suas consequências e a situação chegou a gravíssima. Ao contrário de outras pessoas (e talvez dos próprios médicos), eu sabia que não ia morrer. Agarrei-me à fé em Deus e às lições aprendidas com os palhaços. Dias depois, já no quarto, recebi uma visita inesperada e que fez o hospital ficar colorido. Um palhaço foi me ver.

Quando eu vi o meu amigo Fernando Weno vestido de Fred, o seu palhaço simpático, com bexigas em forma de bichos, os meus olhos se encheram de água. Eu senti uma sensação que não posso explicar. Lá estava eu, a aprendiz de palhaço que desejava visitar hospitais, recebendo a visita de um. Eu estava do outro lado e percebi, na pele, a dimensão de tudo aquilo.

Weno fez, ali mesmo no quarto, bichinhos com as bexigas. Encantou médicos e enfermeiras e os pacientes dos quartos vizinhos até pediam seus próprios animais. Meu amigo-palhaço anunciou os votos de melhora da minha turma de clown e percebi que o caminho de levar o sorrriso ao ambiente hospitalar é algo inexplicável. Ele funciona.

Eu admiro muito o trabalho de todos os voluntários que dedicam o seu tempo a levarem um pouco de alegria a pessoas que estão fragilizadas. E quem nos dera todos fôssemos um pouco “palhaços” no dia-a-dia, para aplacar as dores e minimizar as decepções. Se conseguíssemos entender o princípio de rirmos de nós mesmos, a nossa vida – e a de quem está ao nosso redor – seria mais fácil e deliciosa. Hoje eu não tenho medo de me sentir ridícula e de colocar o meu nariz vermelho. Medo eu tenho, isso sim, de não sorrir.

 mar09_tiffany2peqAqui sou eu, após dias no hospital e em casa, ainda em repouso, em abril de 2003. É a única foto que eu tenho com as bexigas que ganhei no hospital e por vergonha as usei para esconder os braços roxos de tantas picadas.

mar09_tiffany1peqEssa é Tiffany, com seu primeiro figurino, que logo foi substituído por um vestido cor-de-rosa.

Alegrias,
Fernanda.

Adolescência

sábado, março 14th, 2009

Coloquei música para arrumar a casa. Não é o meu forte fazer essas tarefas diárias e corriqueiras, desde colocar uma roupa no lugar até lavar a louça (aliás, quer coisa mais triste para estragar as unhas que acabamos de fazer?). Óbvio que eu não sou fresca, quem me conhece sabe, o problema é que eu não nasci mesmo com o “dom” de ser dona-de-casa. Acreditem, é preciso de dom para isso também, a profissão mais difícil de todas ao meu ver. Até que eu aprendi a fazer certas tarefas ao longo do tempo. Hoje cozinho bem (mas marido cozinha melhor), lavo a louça (mas marido prefere lavar), passo a roupa quando necessário, enfim, coisas básicas. Meu gosto mesmo é acender um incenso, colocar velas coloridas e perfumadas, enfeitinhos e deixar tudo com a nossa cara. Isso é bom de fazer. Mas, enfim, por que raios que caí nesse assunto mesmo?

Ah, sim, eu coloquei música para arrumar a casa em um final de semana. Escolhi na TV a cabo a rádio “anos 90”. Ahá, era tudo de que eu precisava! Eu comecei a cantar a primeira, depois a segunda e a terceira e, bom, eu conheço todas as músicas que tocam nessa seleção e não resisti, parei tudo para contar para vocês. Como é bom recordar do passado com carinho, não é? Não estar presa a ele, de jeito nenhum! (Até porque posso dizer com segurança que a melhor época em que já vivi é o hoje e o agora), mas lembrar do que fomos e pelo que passamos é um resgate de nossa própria história.

Alguns cantores e grupos cantam até hoje e fazem sucesso, outros sumiram e o mais legal é transportar a mente para algum lugar do passado. Minha adolescência foi nos anos 90, com aquelas calças de cintura alta e jeans coloridos, cabelos armados e encaracolados, que eu, aliás, quis ter também. Imaginem uma garota com 16 anos não satisfeita com o cabelo superliso que hoje é a moda? Eu os enrolava, passava gel ou laquê, achava lindo, sempre achei, até hoje acho e não entendo muito bem essa mania de todo-mundo-ser-igual. Respeito, mas não entendo muito bem, não. A diversidade é tão bacana e percebi que cresci quando, finalmente, aceitei ser quem eu era, com defeitos e qualidades, com o que eu achava bonito e feio.

Na adolescência eu passei por muitos momentos complicados no curso que fiz de Telecomunicações na Federal, que hoje é chamada de Cefet. O lugar também me trouxe uma das minhas melhores amigas e a certeza que posso enfrentar situações difíceis, então deixemos de lado o que foi ruim. A época também era de bailinhos com o pessoal da rua e matinês em discotecas (mudaram o nome de discoteca para casa noturna? Ou boate? Ou qualquer outra coisa? Mas era discoteca!). Menores de idade, um dos pais das garotas nos deixava e o outro ia nos buscar. Meu pai e minha mãe quase sempre estavam no meio, eles foram muito legais, sempre nos levando e trazendo e, creio hoje, que queriam saber exatamente onde estávamos e com quem. Que bom.

Um dos nossos lugares preferidos era uma casa grande de esquina em um bairro lindo de Sampa e bastante conhecida na época, matinê das 17h às 23h, ou mais ou menos isso, e eu e minhas amigas íamos todos os domingos. Todos. Até no dia dos pais fomos, certa vez, após o almoço com a família. A moda era usar calças de sarja coloridas. Eu e uma amiga tínhamos a mesma calça vermelha, que usávamos com camisetas e blusinhas para combinar. Eu tinha uma botinha que não tirava do pé porque era confortável para dançar. E como eu dançava! Até hoje eu adoro dançar, mas naquela época eu dançava o tempo inteiro, não sei como aguentava.

Essa rotina aconteceu desde 13, 14 anos até uns 16 anos, quando descobrimos que poderíamos entrar em algumas discotecas no período noturno. Ok que nossos pais não nos deixariam chegar tarde em casa, mas éramos “quase adultas” e pelo menos não precisaríamos mais conviver com os “pirralhos” da matinê. Abandonamos as calças coloridas e começamos a usar saias e blusas brilhantes, afinal, era noite. E eu dançava a noite inteirinha com um salto alto enorme sem reclamar. Talvez eu me escondesse na dança. A verdade, sem pieguice, é que eu nunca fui a garotinha bonita da turma, nunca nem cheguei perto. E estou amenizando o comentário, na verdade.

Os anos 90 foram intensos para a Fernanda adolescente. Foi quando eu fiz meu curso técnico, época em que saí muito com minhas amigas, que fiz teatro, que estudei idiomas, que aprendi, a duras penas, a saber quem sou. Em 1997 entrei na faculdade, aos 17 anos, e comecei a ficar “um pouco mais adulta”, e já trabalhava como professora de inglês desde o ano anterior. Então começou uma nova fase na minha vida. Quem sabe um dia eu a lembre aqui também. O importante é saber que tudo o que passamos nos fortalece para sermos quem somos hoje. E depois de muita terapia comigo mesma (sabe comé, você fala com você mesma e tal?), eu consigo lembrar com carinho da minha adolescência. Muito carinho! Afinal, ela foi boa demais!!

E como foi a adolescência de vocês?

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Alegrias,
Fernanda.

Carta do irmão

terça-feira, janeiro 6th, 2009

Ele devia ter uns 11, 12 anos, por aí. E minha mãe achou essa carta perdida entre outros papéis. Eu e meu irmão trocávamos cartas (a maior parte delas com gozações), mas essa aí é tão bonitinha… acho que eu devia estar triste, sei lá, e ele escreveu (meio sem jeito, já que nunca gostou de escrever) para tentar me animar. A gente brigava, se batia, depois ficava amigo de novo. Hoje somos o oposto um do outro: eu falo demais, ele fala de menos; eu sou extrovertida e ele é introvertido; eu não tenho memória pra nada, ele lembra de muita coisa; eu sou péssima com números, ele é ótimo (além de ser muito mais inteligente do que eu); eu amo escrever, ele escreve duas linhas e tá bom, mas ambos temos um grande senso de humor para qualquer situação e nos amamos muito. Eu o vi chorar, mais do que em qualquer outro momento na vida, quando eu fiquei doente. E vi naqueles olhinhos de rosto sardento uma preocupação genuína, um carinho imenso e transbordante. E quando peço a Deus pelas pessoas que eu amo, lá está ele, no topo da minha lista. Porque fico feliz em ver aquele sorriso maroto, acho graça quando ele vira o rosto quando vou dar beijinho, me acabo de rir com as melhores tiradas, que só ele tem. É meu irmão. E eu o amo.

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Alegrias,
Fernanda.

Cartas e lembranças

quinta-feira, junho 12th, 2008

Eu fico pensando, acho que seria melhor se eu não parasse tanto para pensar, porque muitas vezes fico em dúvida e outras chego a conclusões que não quero aceitar. Talvez seja porque a realidade é incrivelmente mais dura que os meus doces e ternos sonhos. Neles as coisas sempre são corretas, as pessoas felizes e eu, completamente satisfeita, sem dúvidas ridículas que eu normalmente possuo no meu dia a dia. Aí eu penso o quanto somos fortes e não sabemos… somos corajosos por enfrentar novas situações e pessoas estranhas e diferentes por inovar, ou pelo menos tenta… a mudar este país. Somos parte do que é a alegria que move o mundo, considerados a esperança do amanhã. Somos diferencialmente distinguidos por nossas aptidões e vocações pessoais e, acima de tudo, sonhadores. Eu sonho tanto e não tenho receio de dizer isso a ninguém. Mas queria, ao menos às vezes, poder entender porque na vida real estes mesmos sonhadores que compartilham o mundo com você te fazem sofrer, magoam e nem se quer se preocupam em entender seus sentimentos… Ah, queria…

Esta sou eu, aos 16 anos, em 17 de março de 1996. O texto foi resgatado pela minha amiga Luciana, com quem eu trocava longas cartas na adolescência – que se transformaram em longos e-mails hoje em dia. Há pouco tempo ela me emprestou umas dezenas de cartas que escrevi para ela nessa mesma época. Minha idéia era fazer a pesquisa para um livro, que ainda penso em escrever, e ainda não consegui devolver o material. Lá estão as minhas palavras, memórias, pensamentos… E quando eu leio, penso “como eu podia ser tão adulta e ao mesmo tempo tão criança?”.

Resgatar os meus escritos foi um dos presentes da minha amiga. Em folhas de caderno da escola, em qualquer papel que encontrava pela frente. A nossa troca de cartas selou uma amizade que começou há 14 anos, em um momento turbulento da nossa adolescência, mas só aumentou e seguiu por todos os anos seguintes, em que pudemos compartilhar lindos acontecimentos.

Acabo de completar um ciclo importante. Fechei um processo que se iniciou em outubro de 2006, quando essa mesma amiga me incentivou de tal maneira que eu não tive como ter outro pensamento além de acreditar em mim. Quando eu “esquecia”, ela pedia novas páginas. Muitas pessoas perguntam por que nunca enviei meus escritos, mas eu sou assim. Apesar de falante e escandalosa, não sou de incomodar ninguém, não. Minha modéstia exagerada me impede de “mostrar” o que faço. Montar esse site aqui, acreditem, foi o resultado de uma luta interna muito grande. E hoje aprendo a ser diferente.

A Lu sempre esteve ao meu lado, não importava a distância de nossas casas. Ela pedia mais, fazia campanha, escrevia textos alegres e eu não tinha como dizer não. Assim construí uma história. Tenho muito a agradecer a muitas pessoas que me incentivam nessa caminhada, muitas amigas queridas que me escrevem, me ligam, me mandam recadinhos, me esperam no shopping enquanto faço pesquisa, me aturam. Nesse processo todo, não posso esquecer da minha primeira editora informal, editora amiga, editora on-line. E ela ainda me deu esse texto lindo de presente no blog dela.

Vamos brindar o dia de hoje.

Alegrias a todos e Feliz Dia dos Namorados ao meu namorado-marido!

Fernanda.