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O futuro bem lá na frente

sexta-feira, dezembro 18th, 2009

Hoje fui fazer uma matéria no Centro de Convivência para a Terceira Idade Joaquina Maria de Arruda. Um lugar lindo, como uma chácara, com árvores, lago, refeitório, espaço para fisioterapia, quartos e muito mais. A Prefeitura Municipal mantém um projeto chamado Centro Dia, em que alguns idosos (além daqueles que moram lá) vão passar o dia. Ganham transporte, alimentação e participam de atividades. Na hora de entrevistar, eu logo percebo o clima do lugar. As pessoas não conseguem esconder. E as idosas com quem falei estavam tão felizes que me contagiaram! Todos os Municípios deveriam ter um espaço assim. Mas não é a verdade.

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Estar lá com eles me fez cair uma ficha tão grande. Todos na mesma faixa etária, cabelinhos brancos, e cada um do jeito que deve ter sido a vida toda. Eu sempre imaginei que a idade não nos faz chatos ou bacanas, apenas potencializa o que somos. E com o passar do tempo, não é difícil imaginar que seguimos o ciclo inverso e voltamos, cada vez mais, a ser crianças.

Não sei por que as pessoas têm preconceito com idosos. Falam “ah, aquele velho” ou “a velhota passou na frente da fila”, essas coisas horrorosas. Ser idoso não é um pecado, mas no mundo moderno parece que é. As pessoas não podem envelhecer, colocam cada vez mais botox, esticam tudo e ficar velho é… psiiiiuuuu fala baixo… é uma contravenção! “Credo, eu? Eu não, sou jovem”. É jovem, mas não para sempre. Nenhum de nós será para sempre.

_18122009_idosos01As pessoas tendem a ter empatia por crianças, mas deprezo pelos idosos. E para onde vamos, afinal? Se tivermos SORTE, é para lá que vamos. Porque só não fica velho quem morre antes, meus caros. Envelhecer deveria ser encarado com mais naturalidade. As mudanças no corpo devem acontecer, mas por que os mais jovens se acham melhores se não têm a experiência dos mais velhos?

Eu adoro falar com idosos, sou um chamariz. Os do prédio, quando me veem, já sabem que podem conversar porque eu sempre puxo papo. Na rua, de tanto eu dar Bom Dia, há vezes que eles mesmos me cumprimentam quando eu não os vejo. Eu gosto, principalmente, de ouvir histórias. De saber de onde vieram, quantos filhos tiveram, por que estão onde estão, o que fazem. Eu ADORO ouvir histórias de idosos. Eles têm tanto para nos ensinar, sabem?

IS098RD0KE todos chegaremos lá. Eu, você, a pessoa ao lado. O que eu imagino é que devemos dar atenção às necessidades da terceira idade, porque cada vez mais se vive mais, e é bom viver com saúde, na atividade. Eu me imagino bem velhinha (minha bisavó se foi quando tinha 99 anos, eu vou seguir a linha da família), lúcida (mas sem memória, óbeveeeo) e escrevendo livros. Que eu espero que até lá sejam lidos por muita gente. E vocês, como imaginam o futuro bem lá na frente?

Alegrias,

Fernanda.

Fotos GettyImages