Líder de si mesmo
Na última aula de natação, a professora propôs um desafio. Eu não sou boa em velocidade, mas topei e nadei. Parei muito antes do que se não fosse um desafio, com respiração alterada. Parei e continuei nadando como se nada estivesse acontecendo nas raias ao lado. Eu não estava competindo. Então ela comentou em uma das minhas paradas que eu estava nadando muito bem o crawl, que melhorei muito e meu nado estava “bonito”. Foi a minha vitória competindo comigo mesma.
Não curto certas competições. Psicólogos podem dizer que é medo de errar, mas na boa, eu erro mesmo, não é isso. Eu simplesmente não tenho a intenção de ser a melhor em nada. Eu quero ser boa, até ótima, quem sabe excelente, linda, maravilhosa (ui), mas não a melhor. Há gente melhor por aí, eu admiro, não sou eu. Eu quero ser o melhor que eu posso, e isso me basta e me alegra. Quero ser boa e ser admirada pelo que sou e pelo que faço não porque sou a melhor, mas porque sou eu. Quero que me conheçam, que leiam meus livros, que divulguem meus livros, que amem meus livros, sim, eu quero, mas não ser a melhor, porque isso cabe a outras pessoas. Quero ser eu. Apenas isso.
Algumas pessoas nasceram para serem as melhores, são gênios, são incríveis. Algumas pessoas nasceram para ser chefes, para mandar, para ordenar, para liderar. Eu não sou uma dessas pessoas e muitas não são e deveriam admitir. Eu quero liderar apenas minha própria vida. Não há nada de errado nisso. Criou-se uma cultura de que precisamos ser líderes, que para prosperar temos de ter cargos de chefia. Eu não sou assim, não penso assim e penso que prospero além disso e inclusive por isso.
Outro dia, conversando com minha amiga Carol – que é advogada competentíssima, chefe, líder e tudo o mais da melhor qualidade em uma empresa –, eu disse que gostaria que ela fosse minha chefe se eu fosse advogada. Porque eu acho que não nasci para liderar e não vejo mal nenhum nisso. Mas também tenho sérios problemas com lideranças, porque penso que não sou escrava, não sou criança e não sou burra, então ao longo da vida muitas coisas já aconteceram. Hoje estou feliz, não tenho problemas com isso. E descobri que conduzir a própria vida também é, de certa forma, ser líder. De si mesma.
Acho errado quem critica os outros pela sua posição. Em um programa de TV outro dia (assisto a cada um que vocês nem imaginariam), uma moça disse “Ah, não quero conversar com ele por causa da profissão dele”. Quê? Primeiro, é preconceito (e como vocês já sabem, detesto preconceitos), segundo porque todo mundo só quer saber de namorar, ser amigo e conviver com quem é “líder”. Para mim, a maior liderança da vida é cuidar de si próprio com responsabilidade e de quem depende de você (filhos, no caso). Se cada um tivesse a consciência de que seu trabalho é importante, porque é, daríamos mais valor ao que o outro faz. E todos seríamos mais felizes.
Alegrias,
Fernanda.
Tags: chefia, competição, líder, liderança, trabalho
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 8:32
Adorei seu texto… .eu penso exatamente igual a vc…. nunca pensei que tivesse alguém que pensasse assim igual a mim….. fico feliz de não ser a única..
Eu detesto competir com os outros…. não compito com ninguém… gosto
apenas de competir comigo mesma…
Bjo
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:25
Nanda, e eu pensei que fosse a única e me achariam uma louca! rsrsrs beijos!
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 9:17
Fê, sou do seu time e do time da nanda aqui de cima. Ufa! Não sou a única!!!
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:31
Não é a única!
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 9:51
Oi Fer, tudo bom? Olha, vc não imagina como esse seu post veio combinar direitinho com o que estou sentindo ultimamente. Parece que vc escreveu ele pra mim, pra me inspirar e me dar forças. Eu tenho vivido essa “pressão” sabe, de TER QUE ser líder, TER QUE estar em determinada posição, TER QUE ganhar mais, TER QUE, TER QUE, enfim… E eu estava embarcando nessa onda toda, mas de uns tempos pra cá tenho me questionado se essa busca toda era por mim mesma, por eu querer tudo isso de fato, ou se era porque todo mundo estava fazendo o mesmo. Agora a moda é fazer concursos. Mas eu, sinceramente, DE-TES-TO estudar pra concursos e por bastante tempo carreguei uma angústia, sensação de incapacidade, por não ficar tão estimulada qto as minhas amigas pra fazer concursos. Agora estou mudando isso em mim. Amei seu texto, vou até reler.
bj
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:32
Deby querida, fico muito feliz quando um texto pode ajudar alguém. Às vezes precisamos parar para pensar que não somos iguais aos outros, cada indivíduo é único!!! Espero que você fique em paz com suas escolhas. Um superbeijo!!!
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 11:37
Pelo visto essa é uma dessas sensações que muitos têm mas não se costuma exteriorizar. Talvez por essa questão cultural mesmo, de se valorizar uma postura mais combativa, principalmente no trabalho. Uma vez, na escola, um professor perguntou pra gente que bicho gostariamos de ser. Entre a profusão de onças, tigres, cobras e águias, para espanto geral respondi “pardal”, porque “era comum”. Acho que foi uma das poucas vezes que fui totalmente espontânea numa sala de aula, se tivesse pensado pra responder não teria me colocado no centro das atenções daquele jeito, haha. Minha escolha era pautada na liberdade de voar e de não ser caçada e ir parar numa gaiola, mas nem o professor entendeu. Saí com a pecha de “loser”. Whatever. Também nunca desejei ocupar qualquer cargo de chefia, não preciso disso pra me sentir poderosa, hehe. Mas é importante ressaltar que as qualidades de um líder em ambiente de trabalho vem mudando de conotação nos últimos anos, se afastando da idéia de mera autoridade hierárquica em direção a um papel mais de coordenador de equipes, daquela pessoa que sabe lidar com pessoas, gerenciar egos e tarefas e fazer a coisa andar de forma harmônica.
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:34
Sandra linda, adorei, amei seu comentário. Sim, o perfil de chefe tem mudado, mas…gulp…opsss… Percebe que é raro ainda? Beijos, querida.
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 12:33
Oi Fê,
Saudades de vc menina!
Ando super ocupada pois como sabe, agora tenho dois blogs, além da família, trabalho, a leitura e a fotografia para dar conta…Rs
Se um dia desses quiser aparecer para uma visitinha em meu blog pessoal fique á vontade.
http://feitoseconceitos.blogspot.com
Bjaum
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:35
Eu adoro seus blogs, outro dia fui pesquisar uma viagem no “errante”… rsrsrs. Um beijo com carinho, Fê.
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 12:34
Ah, desculpa…O link do meu blog foi errado no comentário anterior
O certo é:
http://efeitoseconceitos.blogspot.com
Bjoka
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 19:51
LIndooooooooo Vou imprimir e colocar no mural da escola, perto da sala da chefia !!!! eheheheheh
E olha que eu faço!!! Agora eu posso tudo!!!! eheheheh
Beijosssssssss Essa é minha linda filha e filha linda!!!!!
Mamy
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:36
Isso, mami, faz cópias e distribui hahahaa! Beijos. Te amo.
sexta-feira, 26 de março de 2010 at 21:29
Meninaaaaa…..
Primeiro, MUITO agradecida pelos elogios… mas vc exagerou !!!
Tô chique: minha amiga famosa falou de mim no site dela !! uhuuuu !!! Vou falar isso lá no meu blog !!! hehehe
Lembro muito bem quando tivemos esta conversa sobre chefia e liderança… realmente dá muito debate.
Tenho que confessar que eu gosto de liderar e, diferentemente de você, sou motivada pela competição. Sempre quero provar que sou melhor que os outros – o que não deixa de ser uma tremenda bobagem…
Fernanda França Reply:
abril 1st, 2010 at 17:36
Você é boa e linda e maravilhosa e deve ser boa chefe, então continue fazendo o que você faz muito bem e poucos sabem fazer hehehe. Beijos.
sexta-feira, 9 de abril de 2010 at 14:14
Oie,
Esse texto ficou belíssimo… eu demorei mas acho que finalmente aprendi que o autoconhecimento está justamente em reconhecer as próprias limitações. E, na verdade, todos temos muitas limitações e assim mesmo podemos ser os melhores!
O melhor eu busco sempre: busco ser a melhor mãe para o meu filho, a melhor esposa para meu esposo, a melhor filha, a melhor amiga, a melhor profissional e, ainda por cima, ser a melhor para mim mesma.
Não é fácil, eu erro todos os dias comigo, com os que estão a minha volta… mas eu me esforço… e muito!
E acho que o certo é isso: ser o melhor que você pode e isso não significa ser melhor que ninguém. Porque somos seres únicos com capacidades e necessidades diferentes…
Beijos,
Lu
Fernanda França Reply:
abril 11th, 2010 at 2:31
Adorei seu comentário. Você sempre me inspira a escrever mais, amiga. Beijos.
segunda-feira, 21 de junho de 2010 at 9:06
Eu percebi que não nasci pra ser chefe a muito tempo atrás. Não pela competência mas porque pra ser chefe tem que ser durão, tem que ser casca grossa pra ter as coisas feitas, senão todo mundo encosta e o mundo acaba num barranco. Mas mesmo sendo casca grossa, tem que ser dócil e ser bom em se colocar no lugar de quem tá abaixo da gente.
Eu tive muita sorte e sempre tive chefe maravilhoso (com excessão de dois) e sei que o balanceamento é possível, mas não pra mim. Sou 8 ou 80, e sou feliz assim, sem responsa de ser chefe e sendo competente no meu cargo de peão mesmo
quarta-feira, 27 de outubro de 2010 at 16:24
Eu amei tb esse texto e é a minha cara…pena que algumas pessoas são hipócritas em achar q as quando pensamos assim, somos pessoas pequenas…Parabéns..