Os professores da minha vida

corujinha professora

A primeiro professora que marcou minha vida chamava-se “tia” Raquel, uma freira fofa que me ensinou a ler e escrever. É engraçado não lembrar o que comi ontem, mas ter memórias nítidas de quando esse processo começou. Ela tinha um tabuleiro em madeira, pintado com letras. Cada letra era um pequeno pedaço de madeira que podíamos juntar com outros pedaços para formar palavras. E eu me lembro quando fui lá na frente da sala formar uma palavra. Não lembro qual era, mas hoje seria “Obrigada”.

E eu me recordo de cada professor do primário, do ginásio e colegial. Minha mãe foi minha professora de Ciências da 5ª a 8ª série e não é porque é minha mãe, não, mas ela foi uma das melhores professoras que eu já tive. Explicava tudo com carinho, levava os alunos ao laboratório, era tão bom! Minha mãe é uma grande educadora. Uma pena que muitos dos alunos hoje em dia não vejam isso.

Também tive a professora Marlene. E o mais incrível é que não era minha matéria preferida, Português, mas a matéria que eu mais detestava no mundo: Matemática. Marlene era tida como brava. Eu não achava. Eu a achava uma professora ótima, conseguia entender os conceitos, passei a achar que matemática não era tão ruim assim. Nos dias atuais, Marlene é amiga de minha mãe e minha amiga também. Como Marlene deixou de ser minha professora, voltei a detestar Matemática, e não é culpa dela! (risos).

Em casa, quem me ensinava Matemática era meu pai. Esse não foi professor mas teria sido um dos melhores, com certeza. Ele sabe explicar e dar exemplos. Meu pai é um homem inteligente e esforçado e tenho orgulho de ver o quão bem ele tem se saído em concursos. Ele foi professor não só de Exatas, mas de honestidade.

E depois vieram outros mestres. No colegial, as matérias que eu odiava, mas com professores queridos. No meio de tanta confusão, de uma das fases mais turbulentas da minha adolescência, um professor considerado bravo me chamou para conversar após ter feito a prova do Exame (é, pessoal, tinha Exame, acontecia em janeiro, antes das aulas, a gente passava as férias estudando. Acho que hoje isso não existe mais). E na conversa ele perguntou o que eu queria fazer dali em diante. E eu contei que não pretendia fazer Engenharia Elétrica ou de Telecomunicações. Anunciei que estudaria Jornalismo. Em vez de me criticar, em vez de apontar todos os erros que cometi ao longo daqueles anos, ele me incentivou e disse que eu era boa em escrever. Que as provas dissertativas mostravam aquilo. E que ele me dava a maior força. Ele pode nunca saber, mas aquela conversa foi importantíssima para minha decisão. Naquele ano, passei. E fui para a faculdade de Jornalismo.

Lá, encontrei outros professores. Um deles dava uma aula de Filosofia tão apaixonada que eu me encantei com a matéria. Com outro, tive meu primeiro emprego na escrita. Eu trabalhava em uma rádio e ele, que dava aula de técnicas de Redação, me chamou para fazer um frila (trabalho freelancer em jornalismo) com ele numa importante revista (que todos vocês conhecem provavelmente). Fui. E não parei mais. Ele me ensinou muito e foi a primeira pessoa que me disse que eu havia escrito um conto. Num dos exercícios, aos 17 anos, primeiro ano de faculdade, ele escreveu que aquilo era um conto reflexivo e que eu estava de parabéns. E então descobri que escrevia alguma coisa.

Os professores foram muito importantes na minha vida. Todos eles, cada um à sua maneira. Eu queria, no dia de hoje, poder abraçar cada um e dizer “Obrigada, obrigada, obrigada”. As pessoas deveriam valorizar mais seus professores. O Governo deveria valorizar mais seus professores. O Brasil deveria valorizar mais seus professores. Com ênfase, porque é uma necessidade urgente. Só com educação se muda um país.

A todos os educadores, meu Feliz Dia do Professor!

Alegrias,

Fernanda.

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12 Respostas to “Os professores da minha vida”

  1. Ana Says:

    Aonde eu assino???? :-)

    Parabéns, Maggie!
    Parabéns, Sr. Meu Marido!
    E parabéns a mim também porque diariamente tento educar toda a minha turma aqui, como toda boa mãe, hehehe.

    Beijos!

    Fernanda França Reply:

    Parabéns, amiga! E a todas as mães e pais. :-) E a mim também, poxa vida, eu fui professora tantos anos… não sou mais, mas fica valendo também? rsrsrs… Beijos, Fê.

  2. Elianinha Says:

    Eu tive também professores inesquecíveis, como a tia Nice, irmã do Luiz Carlos Ferreira. Ela tinha uma escolinha no Jardim Bela Vista, a Branca de Neve. Ali, passei excelentes momentos, as primeiras tarefinhas, a letra de forma e a cursiva.
    A que mais me marcou foi a profa. Iná, que hoje uma escola recebe seu nome. Ela era a filha única do professor Olavo, que foi professor do meu pai. A Iná (in memoriam), trabalhou comigo na primeira série, era muito querida, e, fui trabalhar como estagiária do estado (meu primeiro trabalho na área educacional), justamente na escola em que ela era diretora. Reconheceu meu trabalho, que me atribuiu uma excelente sala, como ela havia me dito a “terceira série A”, e, assim foi. Uma sala que recebia meus estímulos, e, que amavam escrever e ler! Inclusive eu levava os trabalhos para o professor José Luis da Silva, meu professor de Gramática, na faculdade de Letras. Ele sentia uma enorme alegria, pois as crianças que eram “tidas da periferia”, cresciam com a imaginação!!! Até me emociono ao recordar da Iná.
    Fê, também tive o professor Augusto Legaspe, no ginásio. Ele nos encaminhava para a História, com sua grandiosa sabedoria. Assim, como ele, o professor Milton Franco de Faria, que juntos viajávamos com as histórias de Monteiro Lobato …
    É muito bem saber também que trabalhei com grandes amigas educadoras que me fizeram crescer a cada dia, como a professora Dirce Pachel, Fátima Gislotti Martini de Freitas, a Rita Morelli (na época diretora do colégio Luiz Martini), a Lêda Carmona, que sempre estava pronta para o momento certo, e, a qualquer hora. E, muitos que se calavam, mesmo que outros lutavam.
    A educação é uma arte, e, nasci para o magistério. Com ele descubro o ser humano!
    Parabéns à sua mamy, receba meu grandioso abraço!

    Fernanda França Reply:

    Que memórias lindas, Elianinha!!! Adorei. Obrigada por compartilhar. Ahhh Sr. Olavo era um amor de pessoa, eu amei entrevistá-lo. Foi uma das entrevistas mais bacanas que já fiz. E Sr. Legaspe é sempre muito atencioso. É um querido aqui da Redação. Beijos! Fê.

  3. Yoyo Says:

    O nosso país certamente seria outro se existisem ainda hoje alunos como vc, querida.
    Obrigada pela parte que a mim cabe (mesmo não tendo sido sua professora)
    Bjo

    Fernanda França Reply:

    Obrigada, Yoyo!!! Parabéns para você também!! beijos, Fê.

  4. Lelei Says:

    Awnn eu tambem lembro dos meus professores,uns por bons motivos, outros nem tanto, e infelizmente alguns não deixaram marca alguma :( Quem foi o professor que te ajudou a preseguir a sua carreira tão fantástica? Queria saber qual dos carrascos (apesar que eu adorava todos eles) foi…. :D

    Fernanda França Reply:

    Hahahahaha eu conto, amiga. Me responde esse e-mail ou me manda um no que vc conhece que eu conto. Não vai se assustar com a resposta, hein!!! rsrsrsrs Ah, pode dar seu chute, rs. Beijos. Fê.

    Lelei Reply:

    Te mandei o email, ainda to esperando a resposta…Rs…

    Fernanda França Reply:

    Ué, não recebeu? Eu mandei!!! No e-mail que está cadastrado aqui. Não recebeu nada? Uééééé… pera que depois vou ver. Beijo.

  5. Osinete Says:

    Tenho ótimas lembranças dos meus “mestres”.Tive um professor de história que me encantava pois raramente escrevíamos no caderno porque ele ensinava de um jeito engraçado e com muito humor e ninguém faltava no dia dele.
    Estou falando de 1965 onde o comum era a tal da decoreba e com ele não precisava ser assim e sempre tirei 10.
    Beijos

    Fernanda França Reply:

    Ahhhh professores assim marcam a vida da gente, né? Beijo!

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