Carta do irmão

Ele devia ter uns 11, 12 anos, por aí. E minha mãe achou essa carta perdida entre outros papéis. Eu e meu irmão trocávamos cartas (a maior parte delas com gozações), mas essa aí é tão bonitinha… acho que eu devia estar triste, sei lá, e ele escreveu (meio sem jeito, já que nunca gostou de escrever) para tentar me animar. A gente brigava, se batia, depois ficava amigo de novo. Hoje somos o oposto um do outro: eu falo demais, ele fala de menos; eu sou extrovertida e ele é introvertido; eu não tenho memória pra nada, ele lembra de muita coisa; eu sou péssima com números, ele é ótimo (além de ser muito mais inteligente do que eu); eu amo escrever, ele escreve duas linhas e tá bom, mas ambos temos um grande senso de humor para qualquer situação e nos amamos muito. Eu o vi chorar, mais do que em qualquer outro momento na vida, quando eu fiquei doente. E vi naqueles olhinhos de rosto sardento uma preocupação genuína, um carinho imenso e transbordante. E quando peço a Deus pelas pessoas que eu amo, lá está ele, no topo da minha lista. Porque fico feliz em ver aquele sorriso maroto, acho graça quando ele vira o rosto quando vou dar beijinho, me acabo de rir com as melhores tiradas, que só ele tem. É meu irmão. E eu o amo.

Carta_Fla_peq

Alegrias,
Fernanda.

Tags: , ,

Deixe seu recado!