13 de janeiro de 2008
Com a correria do final de ano, demorei a voltar a escrever neste espaço, mas uma matéria me chamou a atenção a tal ponto que eu não resisti. Preciso, mais uma vez, escrever sobre a indignação que sinto quando vejo maus tratos com os animais. A notícia em questão contou a história de Ninão, um cão da raça pit bull que foi encontrado na tarde de 26 de janeiro amarrado a uma árvore e com os dois olhos furados, no bairro da Vila Dias, Zona Leste de Mogi Mirim. Agora, ele está sob os cuidados da Spamm (Sociedade Protetora dos Animais de Mogi Mirim) e aguarda adoção.
Reparem no detalhe de que os maus tratos foram cometidos pelos próprios donos do animal, que deve ter entre seis meses e dois anos e está cego dos dois olhos, além de ter contraído a doença dos carrapatos. A matéria traz o depoimento de voluntários da Spamm, que contam que a entidade recebe diariamente denúncias de casos semelhantes. Ninão é um animal. Os animais são completamente dependentes dos seres humanos e quando escolhemos um para criar, devemos estar cientes dessa responsabilidade.
Não é um cuidado de um mês, mas de uma vida. No momento em que você decide adotar (ou comprar) um animal, deve saber que ele vai depender de você para sempre. Você não pode decidir que “não quer mais”. Animal não é um objeto, caro leitor. O problema de um cachorro pit bull é o “pit dono”. E o cachorro será apenas um espelho. Animal que recebe amor, devolve amor. Não é um papo piegas, é a realidade. Um animal não merece ser maltratado nunca, muito menos porque ele é de uma determinada raça. O preconceito existe também com os gatos. Já cheguei a ouvir que “gato preto é do mal e dá azar”. Sinceramente, eu acho que “do mal” são as pessoas capazes de pensar que um animal inocente é capaz de trazer azar porque é de uma determinada cor ou raça. Uma bobagem das grandes.
OBJETOS
Dia desses fui visitar um gato doente que estava sob os cuidados de uma loja da cidade. Notei que um cachorro estava dentro de uma gaiola, quando perguntei se também estava ali para ser doado. “Não”, me respondeu o rapaz. “Esse aí é para ser vendido. Tem seis meses e a dona não quer mais porque vai se mudar de casa”. Fiquei tão indignada que respondi para o moço, que nada tinha a ver com a história. “A dona vai vender o animal? Resolveu mudar de casa e ele não serve mais, é isso?”. Repito: animal não é objeto, que pode ser trocado, vendido ou descartado quando não queremos mais. Eu tenho dois gatos vira-latas que levo para qualquer lugar do mundo se tiver que me mudar, porque são da família. Se não puderem ir, ficam com meus pais. Na rua? Jamais.
RESPEITO
O mundo só vai ser melhor no dia em que os seres humanos aprenderem a respeitar os animais. A começar pelos domésticos, que são nossos companheiros e amigos. Que não merecem ser jogados na lata de lixo, que precisam só de cuidados, boa alimentação, esterilização (temos de ser responsáveis e evitar a superpopulação) e, o mais importante, amor. E os animais que estão soltos precisam ser preservados. Bonito é ver uma arara na natureza, não na gaiola. E para quê matar animais por causa da pele? Desse jeito, muitas espécies serão extintas e a perfeição da natureza será alterada pelas mãos do homem. E depois quem é o malvado, o pit bull?
Tenho uma amiga, a Ana Cláudia, que além do grande amor que tem pelos gatos, resolveu adotar uma cadelinha. Frida tinha apanhado dos antigos donos, sofreu muito e tinha o olhar triste. Foi para a casa da minha amiga, com seu marido, dois filhos lindos e companheiros felinos. Dias depois, já era possível ver a diferença no olhar de Frida. Ela ainda não sabe lidar muito bem com os humanos (pudera, depois de sofrer tanto), mas já sabe que é amada. Qualquer animal que recebe carinho, devolverá de maneira surpreendente. É a história do espelho.
ADOÇÃO
“Mas eu achava que você só gostava de gatos”, já me disseram, certa vez. Não. Eu gosto de todos os animais. Os que estão em casa, fora dela e fazem parte dessa natureza exuberante. Todos são criações divinas. Nós, humanos, também. Mas perto dos animais, diante de tanta maldade, eu diria que somos a pior espécie que existe e que precisamos mudar isso. Para adotar Ninão, ou qualquer outro animal em Mogi Mirim, o telefone de contato da Spamm é 3804-3368. Aqui em Mogi Guaçu, o telefone da Kapa (Kamael Associação Protetora dos Animais), que possui muitos gatos e cachorros para adoção, é 3818-2110.