Archive for agosto 4th, 2011

Dia do Orgulho Heterossexual – que vergonha!

quinta-feira, agosto 4th, 2011
Ai, ai, leiam primeiro, porque é difícil até saber como começar…

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (2) o projeto de lei 294/2005, do vereador Carlos Apolinário (DEM), que institui, no município, o Dia do Orgulho Heterossexual. O projeto depende apenas de sanção do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para virar lei.

(…)

O texto propõe que a data deverá ser comemorada todo terceiro domingo do mês de dezembro. O projeto estabelece que a data passará a constar do calendário oficial do município e afirma que caberá à Prefeitura de São Paulo “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.

Autor do projeto, o vereador Carlos Apolinário afirmou que o projeto não é contra a comunidade gay. “Faço um apelo pelo respeito à figura humana dos gays”, afirmou. Apolinário disse que o projeto foi apenas uma forma de se manifestar contra “excessos e privilégios” destinados à comunidade gay. Ele afirmou que um dos privilégios é a realização da Parada LGBT na Avenida Paulista (…)

(texto de matéria do G1, aqui).

Olha, e depois sou eu que tenho criatividade para escrever ficção? E tem coisa mais absurda do que isso? Claro que ainda podemos torcer para o prefeito de São Paulo vetar. Há esperança.

A questão é a seguinte, meu povo e minha pova: Dia do Orgulho Heterossexual, sério? Já falei aqui sobre o Dia do Homem, é quase a mesma coisa. Eu sou heterossexual e nunca precisei de um dia para que as pessoas me respeitassem por isso. Eu me casei com um homem e nunca ninguém me recriminou, nunca apanhei na rua por ser hétero, nunca sofri preconceito porque sou mulher, casada com um homem e pronto. Eu não preciso de um dia para que as pessoas me respeitem por eu ser quem eu sou. Preciso de um Dia da Mulher para lembrar que, sim, as mulheres ainda sofrem preconceito, ganham menos do que os homens nas mesmas funções e muitas sofrem violência doméstica. Como mulher, eu sei o que é precisar que as pessoas lembrem todos os dias que os avanços foram feitos, mas ainda há muito para se fazer, mas como heterossexual eu nunca sofri preconceito, você já?

Aí vem o autor dessa beleza e diz que quer “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”. Pera lá, meu amigo, e a comunidade LGBT não tem moral e nem bons costumes? E quantos heterossexuais sem moral e sem bom costume que guarda dinheiro na cueca, rouba, mata e agride homossexuais existem por aí? Ética, moral, vergonha na cara e várias outras palavras podem pertencer ou não a héteros ou a gays. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Mas tem mais, meus amigos, tem mais. Ele diz que “o projeto foi apenas uma forma de se manifestar contra “excessos e privilégios” destinados à comunidade gay”. Privilégios de serem discriminados ainda hoje, em pleno 2011? Privilégio de sofrerem violência gratuita? Não é privilégio nenhum garantir à comunidade LGBT os direitos que os heterossexuais já têm. Se o casamento gay existe em alguns lugares, não é um excesso, é um direito. Eu sou mulher e tive o direito de casar com meu marido, não tive? Então eu ter casado com um homem é um excesso ou um privilégio? Direitos iguais para uma sociedade mais justa.

Só quando a humanidade compreender que precisa aceitar as pessoas sem impor as suas próprias verdades é que passaremos a viver em paz. Cada um na sua felicidade sem se incomodar em como o outro é feliz. Porque o que importa, mesmo, é caráter, é ética, é honestidade. São os valores que determinam quem eu quero como amigo ou não. Quem eu acho que pode ser um bom líder ou não. Ser hétero, gay, negro, branco, mulher ou homem não faz a menor diferença. Faz pra você?

Alegrias,

Fernanda.