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10 – 2º dia Buenos Aires

segunda-feira, outubro 20th, 2008

Dia 20 de agosto de 2008. Estávamos decididos a voltar antes para o Uruguai. Passamos o dia anterior em Buenos Aires, teríamos mais um dia na cidade e a idéia era voltar mais cedo para aproveitar o final da viagem no país que nos acolheu muito bem. Trocamos as passagens de Buquebus para o dia 21 de manhã, em vez do dia 22. Então no dia 20 apriveitamos o último dia de Buenos Aires.

Acordamos e fomos para Palermo. Primeiro passeio: o Jardim Japonês. É mesmo muito bonito, mas tivemos o azar de pegar um dia nublado e chuvoso. No jardim não havia mais ninguém além de nós e a garoa atrapalhou um bocado, mas pudemos ver as enormes carpas com seus bocões abertos pedindo comida. Eu adoro peixes, tiramos fotos, passeamos, mas logo fomos embora.

Passamos em frente ao Zoológico e fomos ao Museo Evita. O lugar foi uma surpresa positiva: organizado e muito bonito, com fotos e objetos que pertenceram à primeira-dama mais querida do país. Um senhor local parou para conversar com o marido e ficaram um tempão falando sobre Eva Perón e Juan Domingo Perón.

De lá, fomos ao Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Moderno e enorme, o lugar é muito bacana para quem gosta de arte. E lá ficamos, ao lado do Abaporu, de Tarsila do Amaral, admirando a nossa arte exposta no país vizinho.

Passamos pelo palácio Alcorta e fomos parar no Museu Nacional de Arte Decorativa. Lindo. O local abrigava uma exposição com esculturas belíssimas, entre elas Rodin e Camille Claudel. Foi um dos museus mais interessantes que visitamos na cidade. Então fomos conhecer a famosa Flor Metálica, onde todos os famosos de Caras vão para tirar fotos que saem na revista. Nós fomos.

Então, sobre a avenida Alcorta, na passarela, pudemos ver a cidade iluminada no início da noite, o prédio da Faculdade de Direito e a Flor Metálica ao fundo. A passagem para o outro lado da avenida teve como objetivo a chegada ao Museu Nacional de Bellas Artes. Completo, gigantesco, lindo. Passamos horas lá, mas ainda foi pouco. É possível passar dias admirando cada obra, em diferentes áreas do museu. Lá eu vi obras de pintores incríveis: Modigliani, Kandinski, Paul Klee, Picasso, Degas, Monet, Cézanne, Gauguin, Toulouse Lautrec, Manet, Van Gogh, Pissarro e tantos outros. Foi ótimo.

Passamos pelo Buenos Aires Design (onde fica o Hard Rock Café) e pelo Cemitério da Recoleta. Como já era noite, estava fechado, mas mesmo se fosse dia, não entraríamos. Não fazia parte do nosso roteiro visitar um cemitério, por mais famoso que seja (se existem duas coisas que detesto são cemitérios e hospitais).

Naquele dia, jantamos no La Madeleine, um lugar “coma até cair”, com todo o tipo de comida deliciosa (inclusive sem carne, vejam cada achado que fizemos) e com atendimento simpático – o nosso garçom era uruguaio e batemos um longo papo sobre o seu país, enquanto ele anotava, em português, o nome de palavras como garfo, faca e colher. “Preciso atender bem meus clientes brasileiros”. Uma simpatia! Comemos bem e por um preço justo. Adoramos. Voltamos de táxi para o albergue. O dia seguinte seria de mais viagem, de volta ao Uruguai, na última cidade antes de voltarmos ao Brasil.

(Continua…)

9 – 1º dia Buenos Aires

sábado, outubro 18th, 2008

A viagem de ferry boat foi muito boa. Três horas de duração entre as duas capitais – Montevideo, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Quase não conseguimos lugar porque, sem saber, aquela segunda-feira era um feriado na Argentina. Passamos a viagem conversando com um senhor simpático que sentou ao nosso lado, o alemão Rolf Seeler. Enquanto ele falava em espanhol e nós em português, passamos um tempo ótimo contando histórias. Ele disse que como seu nome era muito diferente e há anos ele morava na América Latina, as pessoas o chamavam de Rodolf. Então assim ficou.

Rolf é escritor de livros de viagem. Foi jornalista, trabalhou em uma multinacional e resolveu largar tudo para viajar. Cada viagem que esse homem já fez que não dá para acreditar! Morou em navio de carga e deu a volta ao mundo em três meses, morou nas Ilhas Fiji (elas existem), conhece o Brasil melhor do que muitos de nós e morava, até o momento que conversamos, em Punta Del Este, mas fazia viagens diversas pela América do Sul para escrever e revisar seus livros. “Um dia eu quero ser como o senhor”, eu brinquei, mas falando a verdade.

Chegamos em Buenos Aires e pegamos um táxi para o Che Lagarto Hostel, o albergue que escolhemos. Como em Buenos Aires a hospedagem é bem cara, optamos por algo diferente e mais em conta. O albergue pertence a uma rede e é simpático, com funcionários legais e um ambiente bom. Ficamos em um quarto privativo com banheiro e TV.
Deixamos a malinha e a mochilona e fomos passear.

Vale ressaltar que não me estenderei nas descrições de Buenos Aires porque a cidade é bastante conhecida dos brasileiros e há quem a conheça bem melhor do que eu pela internet afora. Mas darei meu relato e dicas. A começar pelo choque que tivemos logo ao chegar na cidade. O lugar é bonito? É. A cidade é interessante? Sim. Gostamos de lá? Gostamos. Voltaríamos? Não sei. O fato é que depois de sair do Uruguai, foi um pouco decepcionante chegar a uma cidade tão grande, com trânsito e, em geral, pessoas educadas, mas não simpáticas, percebem a diferença? Aquele calor humano e a empatia foram embora. Desculpem-me os amantes de Buenos Aires – e eu não generalizo porque ao contrário do Uruguai, não conhecemos a Argentina. Conhecemos apenas a sua capital e sabemos que isso pode não refletir o povo como um todo – a verdade é que preferimos qualquer cidade do Uruguai a Buenos Aires. Sem críticas, apenas uma observação, ok?

Nosso primeiro passeio foi andar até Puerto Madero, o famoso porto onde estão localizados restaurantes badalados. Fizemos nossa única refeição já eram mais de 18h00 no Il Gatto, um restaurante com preço justo, ambiente agradável e comida deliciosa, além da bela vista das janelas de vidro. Voltamos para o albergue e como combinado, o pessoal do El Viejo Almacen passou para nos buscar. Fomos a um show de tango.

Eu esperava mais, muito mais. O tradicional show de tango, oh, na verdade é um show muito bonito, sim, mas com tudo: música, dança, mais música, mais música, mais sei lá o quê e o que queremos ver – os dançarinos de tango – aparecem vez ou outra, perdidos num show grandioso. O lugar era acolhedor, serviu um delicioso vinho argentino, mas ficou a desejar, ainda mais se considerarmos o preço caríssimo do ingresso. Sem o jantar, vale dizer, porque caso contrário seria assalto à mão armada. Mas vale a pena conhecer, afinal, o tango é tão famoso por lá…

No dia seguinte, 19 de agosto, fomos primeiro ao Caminito, aquele bairro das casinhas coloridas, uma periferia alegre e intimidadora. Não fizemos city tour, mas pode ser uma boa opção na cidade. Resolvemos andar durante quase todo o tempo e aqui vale uma dica: não compre nada no Caminito, ali é lugar de turista, eles enfiam a faca no preço. Visitamos o museu do Boca Juniors e, bom, sem comentários. Nem marido, que quis tanto entrar, gostou. Não quis nem entrar no Estadio La Bombonera, que vimos apenas através de um vidro, o que foi suficiente.

De lá andamos muito, mas muito mesmo, algumas horas. E fomos parando pelo caminho, para conhecer bairros e monumentos. Vimos a replica da Casa Amarilla, do Almirante Brown, o parque Lezama, a Igreja Ortodoxa Russa e passamos por vários museus que estavam em reforma. Buenos Aires, aliás, parecia um grande canteiro de obras. O Museu de Arte Moderna, um prédio muito bonito, estava fechado, bem como o Museu do Cinema, próximo a ele e cujo prédio estava caindo aos pedaços. O Museu Penitenciário estava fechado porque não abre em todos os dias da semana e a igreja ao lado, a Parroquia San Pedro Gonzalez Telmo, belíssima por fora, estava em reforma.

Andamos mais um pouco e chegamos à simpática Plaza Dorrego e de lá pegamos um táxi para o Restaurante Bodhi, na rua Chile, 1763. A dica do restaurante vegetariano foi da amiga Luciana e fomos conferir o menu. Uma delícia! Tivemos uma ótima refeição sem carne na cidade que adora um bife! E continuamos a caminhada para o Centro – Monserrat, cuja primeira parada foi na Plaza de Los Congresos.

Conhecemos, mais à frente, o Palazio Carlos Gardel, onde funciona o Museo Del Tango, um dos lugares bacanas que vimos na cidade. Bem organizado, muito bonito e onde acontecem freqüentes apresentações de tango. Gostamos muito. Logo mais fomos ao Café Tortoni, dica do nosso amigo Rolf e ponto que merece uma visita. O prédio é magnífico e o chocolate quente uma delícia – eu pedi o normal com churros e marido um chocolate espesso.

Passamos pela Calle Florida, o famoso e lotado calçadão para compras, onde não compramos nada porque preços melhores podem ser encontrados em outras regiões e chegamos à Plaza de Mayo, com os prédios mais conhecidos da cidade. Vimos a bela Catedral Metropolitana, o Cabildo, a Sede do Governo de Buenos Aires, o Banco de La Nacion, o Palacio Del Congreso e a Casa Rosada, que mais parece ter a cor de terra desbotada e estava em reforma.

Nas redondezas, conhecemos a Parroquia San Ignácio de Loyola, que angaria fundos para uma restauração e conhecemos o Mercado de Las Luces, um lugar muito bonito e que faz parte da história do povo portenho. Continuamos caminhando e chegamos ao Museu Franciscano, ao lado da Capilla San Roque (fechada) e a bonita Parroquia San Francisco. O “complexo” fica em frente à Farmácia La Estrella, que funciona no local desde 1834. Aqui estamos entre as ruas Defensa e Alsina.

Voltamos à Plaza de Mayo e visitamos o Museo da Casa de Gobierno, sem comparação com o equivalente da capital vizinha. O espaço era menor, apesar de organizado, mas eram poucos os objetos de interesse. Vale pela história e pelo ingresso gratuito. E então vimos, de um outro ângulo, a Casa Rosada, na frente com seu monumento a Cristóvão Colombo. Caminhamos rumo ao Obelisco, passamos pela Secretaria de Comunicação (um prédio enorme e bonito) e paramos no Centro Cultural Jorge Luis Borges, lindo e iluminado à noite. A caminhada continuou e vimos o Teatro Colón e adivinhem? Está em reforma. Tão lindo por fora, mas inacessível do lado de dentro até, pelo menos, o final do próximo ano, segundo o segurança da porta.

A avenida 9 de Julio é muito bonita depois que o sol vai embora. Aquelas luzes, o obelisco e a visão daqueles prédios antigos e conservados é bonita, mas nada que seja tão diferente de São Paulo.

O lugar que eu mais gostei em toda a cidade, porém, veio a ser o último visitado no primeiro dia em Buenos Aires. Por indicação do amigo Ivo e reforço de Rolf para que não deixássemos de ir, fomos à livraria El Ateneo, que funciona em um antigo teatro. Imaginem duas das coisas que eu mais gosto na vida? Livros e teatro, juntos. O lugar era magnífico, passamos um bom tempo lá, trouxe para casa um exemplar em espanhol mesmo sem saber o idioma (eu posso começar, né) e a verdade é que não queria ir embora dali.

Jantamos próximo à livraria, no La Madeleine, onde encontramos vários pratos vegetarianos. Depois de comer bem, pegamos um táxi e fomos para o hotel descansar para o segundo dia corrido na capital da Argentina.

(Continua…)