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8 – Cabo Polônio

terça-feira, outubro 14th, 2008

(Voltamos com a programação normal da viagem. Calor de quase 37 graus na cabeça destrói neurônios, viu? Mas vamos voltar no tempo para um clima agradável lá no Uruguai. Beijinhos!)

No segundo dia em Punta Del este, decidimos passear um pouco de carro sentido Chuí. A estrada é boa e são cerca de 120 km até o nosso destino final: Cabo Polonio. Basta seguir a ruta 9 até Rocha e entrar pela estrada do litoral como se fosse pra La Paloma. Quando estávamos quase lá, achamos que nos perdemos. Paramos em uma rua próxima à rodovia e um senhor, que estava no gramado em frente à casa, mostrou o caminho com um sorriso no rosto e uma educação que não consigo esquecer. Logo à frente, já na estrada, encontramos uma mulher com uma criança pedindo carona. Nunca fizemos isso, mas naquele momento decidimos retribuir a gentileza uruguaia e valeu a decisão.

Conhecemos, com a carona, Jimena Serrana e sua filha Güiday, que segundo Jimena, significa luz do luar em guarani. Elas iam para o mesmo destino que nós e enquanto as ajudamos, elas nos ajudaram. Jimena foi como guia turística, mostrando e falando sobre tudo no caminho e quando chegamos a Cabo Polônio, pegamos o mesmo carro até o povoado. É preciso deixar o carro estacionado (e não há nenhum perigo quanto a isso) porque só os 4X4 fazem o trajeto. O percurso dura por volta de 30 minutos e fomos conversando com nossas novas amigas. Foi um ótimo papo, nos entendemos como se estivéssemos falando a mesma língua.

out08_cabopolonio_meninasJimena, Güiday e eu

Chegando lá, quem nos levou combinou um horário para nos buscar. É sempre assim que funciona e marcamos para dali a pouco mais de uma hora. No lugar, não há muito que se fazer, apenas contemplar. E a verdade é que somente contemplar aquele lugar é maravilhoso.

out08_cabopolonio_povoadoCabo Polonio

Jimena nos mostrou o povoado e entrou para seu curso – ela quer ser guia turística e com certeza vai ser ótima. Depois da despedida, resolvemos conhecer o farol e lá de cima pudemos avistar os primeiros leões marinhos. Pequenos pontos na pedra, todos juntinhos, que eu precisei aumentar com o “zoom” da câmera para ver melhor. Tão lindo, tão lindo, tão lindo que é só isso mesmo o que eu posso dizer. Tão lindo.

out08_cabopolonio_leoesLeões marinhos, juntinhos, tomando sol

As casas do vilarejo são peculiares também. Vimos uma casa cujo vidro da janela era um vidro da frente de um carro e uma outra que tinha uma pia do lado de fora e um telhado coberto por grama, como um jardim.
Descemos do farol e fomos mais perto das pedras onde estavam os animais. Há um limite para nós, humanos, de forma a preservar os bichanos na tranqüilidade deles. Chegamos próximo à cerca e dali pudemos ver os leões tomando sol. Para quem gosta de animais e natureza, é incrível chegar a um lugar como esse, em que os leões marinhos vivem sem medo de nós, em que podemos observar como é a natureza de verdade. Para mim, foi a mais bela vista que eu tive na viagem inteira. Cabo Polônio não é um lugar comum – é exótico e por isso mesmo é incrível. Para aqueles que estiverem em Punta Del Este com um dia livre, eu sugiro uma visitinha a Cabo Polonio.

out08_cabopolonio_ferEu, feliz, feliz, feliz… e os leões no fundo

Quando percebemos, uma hora havia se passado e tínhamos que ir embora. Ainda deu tempo de parar em uma das barraquinhas “hippies” do local e conversar com um uruguaio que faz tocas e cachecóis para vender. Como há ovelhas e épocas de calor, elas são tosadas e a lã é usada para a fabricação dessas peças. Tudo natural. “Não machuca as ovelhas?”, eu quis saber. “É como cortar o cabelo”, brincou a esposa do homem que nos atendia. E então trouxe para casa um cachecol marrom lindo e rústico.

Voltamos com mais algumas pessoas no 4X4 e de lá seguimos para La Pedrera. A idéia era só conhecer e seguir para La Paloma, uma cidade bem recomendada. Andamos um trecho até que… o que houve com o carro? Não anda. Como assim, não anda? Atolou? Ai ai ai ai ai… Atolou!

Pois é, o carro atolou de bico na areia. Ela não estava lá, andávamos pela terra até que surgiu a areia e como num filme de comédia, lá estávamos nós dois, sozinhos em uma minúscula cidade praiana vazia (porque estava frio) e sem saber o que fazer. Procuramos galhos, madeira, tudo para ajudar, buscamos socorro nas casas e não havia ninguém e então algumas crianças apareceram e tentamos manter uma conversa para que elas entendessem a situação.

Os pais da criançada estavam passeando, elas também não eram de lá e nisso passamos um tempão tentando ligar para a locadora de veículos, sem sucesso ou procurar uma pessoa. Chegou um carro com mais três ajudantes, mas eram argentinos e também não conheciam ninguém na redondeza. Saíram para buscar ajuda, resolvemos trancar o carro e sair a pé, até encontrar alguém. As crianças se lembraram de um homem que conheciam, fomos até a sua casa, mas ele não sabia como ajudar e então foi conosco até a casa de outro conhecido dele, que tinha um Land Rover 1949. E então quando retornamos, encontramos novamente os argentinos e todos juntos vimos o jipe desatolar o nosso carro alugado, depois de umas três horas do início da aventura.

O episódio só nos mostrou, mais uma vez, como o povo local é bacana. Nenhuma das pessoas que nos encontrou foi embora. Todos tentaram ajudar de alguma forma, inclusive as crianças. Quando o carro desatolou, todos bateram palmas, foi muito engraçado e parecia, de fato, um filme. Agradecemos um por um, tiramos fotos e seguimos nossa viagem.

Quando chegamos a La Paloma, bem mais tarde do que o previsto e ainda sem nenhuma refeição na barriga, estava tudo fechado. A cidadezinha é mesmo linda, pequena e aconchegante, com vários restaurantes em volta da rua principal, mas todos fechados àquela hora. Paramos só para conhecer e seguimos para o primeiro posto de gasolina que encontramos, onde tomamos um chocolate quente e um sanduíche de queijo. Esse foi o nosso almoço, às 18h00. Voltamos para Punta e jantamos bem tarde, em La Barra, um sanduíche delicioso (embora caro, como tudo na região) no Flo Café e Bar.

No dia seguinte, 18 de agosto, seguimos de volta a Montevideo e devolvemos o carro. Pegamos um táxi até o porto para pegar o buque. Nossa idéia era ir até Colonia de ônibus e depois pegar o buque, mas como não compramos a passagem on-line e essa foi a única coisa que nos esquecemos de fazer pela internet, só havia passagem direto de Montevideo para o nosso destino. Uma dica de viajante é: compre as passagens online.

Naquele dia, por volta das 12h00, pegamos o barco rumo à Argentina, onde passamos um dia a menos do que o previsto, porque resolvemos voltar para o Uruguai. Acompanhe a nossa aventura…

(Continua)

7 – Punta Del Este

segunda-feira, outubro 6th, 2008

Chegamos a Punta Del Este no início da noite e fomos para o hotel que havíamos reservado pela internet, como quase tudo da viagem. O hotel escolhido foi o Amsterdam, na Calle El Foque, em frente à Playa de Los Ingleses. Considerando os preços abusivos de Punta, o hotel escolhido estava em uma boa média, com preço justo. Os atendentes são simpáticos e falam português, mas mesmo os que não falam, tentam e são gentis. Ofereceram um quarto com vista para o mar por cortesia, já que o hotel estava vazio porque estávamos em fora de temporada. E a visão da janela era muito bonita.

Fomos conhecer La Barra no mesmo dia, que é colada com Punta. O diferencial do lugar é a Ponte Ondulada, uma estrutura que mais parece um tobogã para os carros, em um sobe e desce interessante. Naquele dia jantamos em Punta, no restaurante Virazón. Como quase todos da cidade, o preço é absurdo. Tudo bem, a comida estava uma delícia, mas não vale o que se gasta. O atendimento é mais ou menos e mais uma vez eu repito: a conta é assustadora. Acho que nunca paguei tanto para comer em um lugar e a comida nem era tão magnífica assim. Só o musse de doce de leite. Esse era dos deuses, então valeu por ele.

set08_uruguay27_puntaonduladaLa Barra – Ponte Ondulada

No dia seguinte, 16 de agosto, fomos conhecer a cidade e a primeira parada foi o Puerto de Nuestra Señora de La Candelária. O lugar é belíssimo. Ficamos muito, muito tempo observando os leões marinhos, os pescadores e o movimento. Tiramos fotos, chegamos perto dos leões que esperavam comida (os pescadores lhes dão todo o resto do peixe após a limpeza para a venda e os leões, sabidos, aguardam a sua vez).

set08_uruguay26_puntaportoNo porto com um leão marinho

A primeira decepção veio quando buscamos um passeio para a Isla Gorriti. Não havia. É uma ilha próxima e parece linda, mas os “barqueiros” queriam nos vender um passeio para a Isla de Lobos. Os próprios funcionários do hotel já tinham nos alertado que não vale a pena, porque o passeio é caríssimo e lobos, afinal, podem ser vistos ali no porto mesmo. O preço do tal passeio era de 50 dólares (isso mesmo, tudo lá é em dólar) por pessoa. Como? Por duas horas sem poder nem sair do barco para conhecer a ilha? Sem chance. Infelizmente também ficamos sem o passeio para a Isla Gorriti e resolvemos passear pela cidade.

A verdade é que após um dia por ali eu já estava irritada. Não gosto muito dessa coisa de “glamour” porque prefiro a natureza. O belo me agrada, não o nojento, e este último eu acabei vendo bastante por lá.

A cidade é bonita, mas não tem nada de tão especial assim. É apenas bonita. Um dia por lá é suficiente. Tudo bem que estávamos fora de temporada e dizem que no verão o lugar fica cheio de gente. Mas se a intenção é estar no mesmo lugar com o mesmo tipo de gente e ainda por cima lotado, eu passo a vez, obrigada.

Como não tínhamos planejado nada para aquele dia, resolvemos conhecer Punta Del Este. Primeiro fomos ao Faro, o farol que está localizado na Calle 2 de Febrero. Bonito, logo em frente à Parroquia de Nuestra Señora de La Candelária. Simpática por fora, porque estava fechada e foi só o que pudemos ver.

set08_uruguay30_puntafaroO farol

set08_uruguay29_puntaigrejaA igreja

De lá, pegamos o carro e seguimos para a Playa Brava, a famosa praia com a escultura da mão que emerge da areia do artista chileno Mario Irrazábal. É uma escultura interessante, apesar de estar com vários “dedos” pichados. Saímos em direção à Feira Artesanal, entre as Calles El Corral e El Mesana. Compramos um leão marinho com o filhote, minúsculos, apenas como recordação. Um trabalho bem feito de um uruguaio local com quem conversamos. E de lá paramos para almoçar no restaurante Napoleon, em frente ao porto. O preço era caro, o que não era nenhuma novidade, mas o prato de paella para duas pessoas estava maravilhoso.

set08_uruguay28_puntamanoPlaya Brava – Escultura de Mario Irrazábal

Ficamos mais um tempo no porto e procuramos algo mais para fazer. Encontramos no guia o Museo Del Mar, que fica em La Barra, a cerca de um quilômetro da ponte, de onde já se vê placas para chegar até lá. Foi uma grata surpresa, porque o lugar é grande e muito bem conservado. Gostamos muito! Voltamos à Punta e passeamos de carro. Paramos na frente do Conrad Casino, o cassino mais famoso da cidade. E entramos, claro. Gastamos a módica quantia de dois dólares, o que era equivalente a duas fichas. Elas acabaram em menos de cinco minutos, mas valeu pela rápida diversão.

O jantar aconteceu no Punta Del Este Shopping Center, pequeno e meio sem graça para a frescura da cidade. Comemos no famoso Il Mondo Della Pizza pela segunda vez no país e de sobremesa pedimos o fantástico “rogel de dulce de leche”. É algo muito, muito, muito bom. Uma torre de bolo quase alfajor gigante com camadas de doce de leite. Pouco calórico, imaginem, mas uma coisa boa demais. E foi com ele que o dia acabou. Mas nem imaginávamos como seria o dia seguinte – cheio de aventuras, com direito a carro atolado e a conhecer a cidade mais bacana da viagem.

(Continua…)