Posts Tagged ‘Uruguai’

6 – Punta Ballena

sábado, outubro 4th, 2008

(Oi, amigos! Tá muito chato acompanhar a viagem? Sempre que der eu trago novidades em um ou outro post sem ser sobre o Uruguai, certo? Mas com a correria das eleições – repórter trabalha nesse dia, né, gente – não vai dar para escrever muito agora. Fiquem com mais uma parte da viagem, superespecial para mim e marido. E os recados continuam sendo respondidos. Um abraço apertado em cada um de vocês).

Quase em Punta Del Este, apenas a cerca de 16 km antes do destino, paramos em Punta Ballena. Apesar de ser um lindo local, ele é conhecido exclusivamente pela presença do Museo-Taller de Casapueblo, do artista uruguaio Carlos Paez Vilaró. O lugar é tudo: hotel, casa do artista, ateliê, museu e lojinha dos seus produtos. Uma construção enorme, branca, que parece mais um palácio à beira-mar.

Entramos e fomos para a sala de vídeo, que mostra a história de Vilaró contada por ele mesmo. De lá, seguimos para o museu, onde pudemos ver ao vivo as belas obras desse importante artista uruguaio. E muitos gatos, do jeitinho que gostamos. Cada quadro lindo que não dá nem para explicar… e conhecer a história de perto é muito mais interessante.

Vilaró nasceu em Montevideo em 1923 e em novembro completa 86 anos. Morou, durante a juventude, em Buenos Aires. Em 1958 começou a construção da Casapueblo. Ele mesmo quis construir a casa, com as próprias mãos, e sua obra demorou mais de 30 anos para ficar pronta. O resultado está em uma construção estonteante, com uma bela vista para o mar, lugar que faz o pôr-do-sol ficar ainda mais bonito.

Andamos pelo prédio, vimos as obras, olhamos os quadros à venda e marido quis nos presentear, pelos nossos aniversários, com uma pintura. Eu pedi, na cara dura, para a atendente: “queria um autógrafo do artista” e ela disse que era só buscar a obra no dia seguinte. Então insisti: “mas eu queria uma foto com ele também”. A moça não resistiu ao apelo da brasileira, entrou em contato com Vilaró e eu a ouvi ao telefone “Sim, senhor Carlos, como não? Vamos agora mesmo” ou qualquer coisa parecida com isso em espanhol. O “como no?” eu tenho certeza que ela disse. Todos eles dizem.

Então ela nos disse que iríamos ao ateliê dele. As pessoas vão ali, conhecem o museu e eu iria conhecer o artista? Era demais para meu pobre coraçãozinho. Ele bateu forte, forte, e a cada batida mais forte eu subia um degrau. Subia, subia, e passamos pela sala. Ali estava a sala do artista! Uma sala linda, não vou me esquecer, com um sofá branco feito com o mesmo cimento com que ele fez a própria casa, e as almofadas coloridas em cima, um tapete colorido, tudo tão simples que nem eu, nem você e nenhum de nós poderia imaginar. Branco, colorido e simples. Tão lindo. E os livros? Por todos os cantos, em todas as paredes. Tão lindo que oh, deu vontade de chorar.

Então subimos mais e mais. O coração não batia, ele gritava. Fica bobo, não, caro leitor. Se teu sonho é conhecer os participantes do BBB, o meu é conhecer os artistas que eu mais gosto. Os pintores e escritores em especial. E lá estava eu na casa de um que é os dois juntos num só e muito mais. Chegamos a um espaço enorme e lindo, com uma mesa grande com telas em cima, cavaletes, tintas por todos os lados, quadros pendurados e mais livros. Passamos por um espaço para chegar à outra sala parecida. De um quartinho menor ele saiu, com casaco de frio, sorriso no rosto e uma alegria contagiante.

Deu boa tarde, perguntou nosso nome, cumprimentou. Deu beijinho. Ele contou que estava revisando mais um de seus livros, sobre o Tahiti. Ele morou lá um tempo. E eu disse que estava emocionada de estar ali, marido estava tão bobo quanto eu, que somos os dois amantes da arte e nos damos bem até nisso, aí Vilaró viu o nosso quadro de gatinho nas mãos e nos disse que aquela que íamos levar para casa era a Luna, uma de suas gatas. “Pinto muito gatos porque eu tenho gatos”. A Luna e o Sol moram em Punta Ballena, mas ele contou, rindo, que tem sete gatos na sua casa em Buenos Aires. “Um com nome de cada dia da semana”. Rimos todos.

O artista pegou a caneta e já sabendo nosso nome, repetiu e confirmamos. Escreveu “A Fernanda y Mauro, con mi cariño”. Assinou o nome e desenhou um peixinho embaixo. Enquanto assinava, contou que naquele dia tinha ido ao mercado para comprar comida para os gatos, assim, nessa simplicidade e doçura de quem conversa com os amigos. E rimos do jeito fofo dele falar sobre os gatos e dissemos que temos dois também, Polly e Teddy, resgatados das ruas. Ele também adota. Todos adotados. Contou sobre a Briggite Bardot, que certa vez passeava pela rua, viu um monte de gatinhos que iam morrer e pegou todos. Distribuiu para pessoas que adotaram. Coisa linda de viver, né? Gente famosa de bem.

Tiramos fotos. Tirei dele assinando, fiz um vídeo curto só para não esquecer mais a voz do artista, a moça da loja que subiu conosco ao ateliê bateu duas fotos nossas e pedi ao marido uma foto minha com ele. Estava emocionada e com os olhos cheios de água. Encostei a cabeça no ombro dele, que me abraçou como um avô faz. Perguntou de onde éramos, falamos Brasil, ele contou dos seus amigos brasileiros (de fato, Vilaró foi amigo de grandes nomes e ainda é amigo de outros tantos), do tempo que passou no nosso país. Agradecemos muito por ter nos atendido e ele disse que foi um prazer. Demos beijinhos e no fim, eu lembro bem, fiz um tchauzinho com a mão e ele respondeu “Adiós, Fernanda”. Não esqueceu meu nome, com a educação e gentileza de um grande artista, humano, educado e simpático como seu povo.

Desci as escadas tremendo. Tão feliz como uma criança que ganha brinquedo. Olhei para o marido, que estava igual. Ainda descemos no terraço, onde pudemos ver o sol se pondo. Uma alegria no cenário perfeito. Um momento que eu nunca mais vou esquecer na minha vida.

(Continua…)

5 – Piriápolis

quinta-feira, outubro 2nd, 2008

(Oba, mais um dia de viagem! Os recadinhos nos posts anteriores foram respondidos na própria caixa de comentários. Adoro conversar com vocês, mantém minha sanidade – se eu a tenho, mas me deixem na ilusão. E possuo bola de cristal, então você pode comentar no primeiro post do blog que eu vou ler, saber, amar e responder. Vamos à viagem. Saímos de Montevideo e fomos rumo a Punta Del Este, mas paramos pelo caminho. Você nos acompanha?)

O terceiro dia era de viagem com destino a Punta Del Este, que fica a cerca de 140 km de Montevideo. A verdade é que não imaginávamos como poderia ser bacana e especial fazer algumas paradas antes de chegarmos. A primeira delas foi em Piriápolis, após 100 km de estrada boa e tranqüila.

Na Rambla de Los Argentinos, na entrada da cidadezinha, encontramos um posto de informações. Em todo o país é possível encontrar um posto desses, o que facilita a viagem. Pegamos um mapa e tivemos a sorte de conhecer mais uma pessoa simpática, que nos mostrou vários locais que poderíamos conhecer. Naquele momento tivemos vontade de dormir ali mesmo. Então eu recomendo: quem passar por Piriápolis, reserve pelo menos algumas horas do dia para apreciar o local. Com o ponteiro do relógio correndo, escolhemos alguns locais e voltamos a ser turistas.

Piriápolis é uma cidade muito agradável, pequena e interessante, a começar por sua história. O Município foi fundado por Francisco Piria, que nasceu em Montevideo em 1847 em uma família rica. Trabalhou em várias áreas (foi até mesmo escritor) e ganhou muito dinheiro, principalmente loteando terras. Mas o seu desejo maior era construir uma cidade. Assim o fez, e o nome não poderia ser outro. Quem sabe, um dia, eu ganho uma Fernandalândia?

Primeiro subimos no Cerro Santo Antonio, que é o morro mais conhecido da cidade. Pode-se subir de teleférico ou carro e optamos pelo segundo método pela rapidez. O resultado é o mesmo: lá de cima vê-se toda a cidade e o lindo mar. No topo há uma lojinha e uma pequena capela com a imagem do santo que dá nome ao local.

Na mesma linha imaginária da capela, ainda no morro, está situada a Ermita Virgen Rosa Mística, que é a imagem de Nossa Senhora sobre a pedra fundamental da cidade. Não é lindo? Paramos para almoçar e, pela dica que recebemos da simpática moça do posto de informações, procuramos algo próximo à Punta Fria, a região com restaurantes mais aconchegantes e gostosos. Escolhemos a “Trattoria da Piero” e pedimos dois pratos com o peixe típico da região, recém-pescado e delicioso: a brótola. O almoço estava ótimo.

Não poderíamos ir embora sem antes conhecer o trabalho do SOS Rescate Marino, localizado logo após a Playa San Francisco, em direção à Punta Colorada. Fomos recebidos por um rapaz simpático que nos explicou que o horário de visita seria bem mais tarde. Não seria possível… fiquei com cara de desolada porque, para mim, aquele era o lugar mais interessante da cidade. “Vou abrir uma exceção para vocês”, ele disse. E nos levou para conhecer onde os animais são recuperados (contaminação com óleo, machucados pelos barcos, doentes) antes de serem soltos novamente na natureza.

Foi incrível. Conheci leões marinhos lindos, um deles inclusive gostava de receber carinho – ainda bebê, era mais receptivo ao contato humano. Havia também um elefante marinho e muitos, muitos pingüins. Peguei um bem manso e fiquei, durante longos minutos, observando o comportamento dos animais e o carinho dos tratadores. A equipe busca patrocínio de empresas ou do governo, porque vive de doações. Um trabalho bacanérrimo e que merece ser visitado.

E de lá seguimos para Punta Del Este, mas ainda teríamos uma parada pelo caminho… uma parada que se tornou a mais especial da nossa viagem.

(Continua…)

4 – 2º dia em Montevideo

domingo, setembro 28th, 2008

(Oi pessoal bacana! Vamos voltar aos posts com o roteiro da viagem. Estamos agora no segundo dia de Montevideo e ainda há muito para acontecer. Notícias no post anterior, em “Notinhas da Fê” que, aliás, deve voltar em breve por aqui. Continuem escrevendo, mandando recados, beijos e abraços porque só assim meu dia fica mais feliz)

Dia 14 de agosto de 2008. Começamos o dia no Museo Del Gaucho y La Moneda (avenida 18 de Julio, 998). Na verdade, são dois museus em um único prédio, belíssimo, na avenida mais importante da cidade, sendo que cada um funciona em um andar diferente. Há vestimentas de época, obras de arte e moedas desde 1840. O ingresso é gratuito e o lugar merece uma visita. A construção é chamada também de “Palacio Heber” e data de 1896-1897. Hoje pertence ao Banco de La República Oriental Del Uruguay, que destinou o prédio aos museus.

Logo em frente está localizada a Plaza Fabini, que leva o nome do engenheiro Juan Fabini e possui no centro o monumento Entrevero de José Belloni, inaugurado em 1967 e rodeado por água. A praça, pequena e agradável bem no centro de Montevideo, é refúgio das pessoas no meio do dia. Ao seu redor é possível ver que o sol abriga muita gente.

Andando pela avenida chega-se à Plaza de Cagancha, que relembra a batalha de mesmo nome ocorrida em 1839. A praça possui no seu entorno construções importantes como o Ateneo, o Palacio Piria e o Museo Pedagógico. Neste último entramos apenas com a intenção de pedir informações para a próxima etapa do passeio, mas a simpatia da atendente foi tanta que não resistimos e conhecemos o prédio. “Entrem, fiquem à vontade, podem tirar fotos. Estão vendo aquela porta ali? Podem entrar. Temos uma biblioteca grande também”, disse a moça da porta. Entramos e gostamos, o lugar é preservado, bonito e organizado. Na saída, ela ainda perguntou “Tiraram muitas fotos?” e ficou feliz ao saber que eu tinha registrado tudo. No local funciona a Biblioteca Pedagógica Central.

A próxima parada foi no Palacio Santos, na mesma avenida, onde funciona atualmente o Ministério das Relações Exteriores. A casa rosada leva o nome de um antigo presidente, Máximo Santos, mas não pode ser visitada.

Um pouco mais à frente está a Intendencia Municipal de Montevideo, um belo e imponente prédio. O segredo maior se esconde na rua atrás, onde se encontra o Mercado de La Abundancia, um espaço onde se pode encontrar comida boa e barata. Quase não se vê turistas e os restaurantes estão lá há cerca de 10 anos. Antes disso havia uma espécie de feira. Na parte de baixo está o mercado de artesanato, com várias barraquinhas com arte local. Vale a pena pesquisar os preços e o pagamento é realizado em um caixa único, que inclusive aceita cartões de crédito.

Nesse dia almoçamos no mercado uma paella de frutos do mar no Bar Los Refranes. Estava uma delícia, o prato era enorme, com preço justo e o atendimento foi ótimo. Para duas pessoas, a paella custou 380 pesos uruguaios, pouco menos que R$ 38. Mas serve três pessoas numa boa.

Depois do almoço e das compras, voltamos andando pela avenida. Foi delicioso entrar nas lojas, conversas com as pessoas, pedir informações e ser bem atendida, parar no jornaleiro e conversar sobre as publicações locais e perceber, mais uma vez, que o povo uruguaio é incrível. Passear na avenida principal da cidade, por si só, já é muito bom. Pegamos o carro e seguimos rumo ao Obelisco a Los Constituyentes, feito com granito rosado.

De lá fomos a outro canto da cidade, próximo ao Estádio e ao Museo Del Futbol. Gostei. O museu não possui somente a história do Uruguai, mas de todo o futebol, com camisas de grandes craques, fotos, taças e pedaços de histórias desse esporte. Vale o ingresso e a visita ao Estadio Centenario, grande e muito bonito – mais para frente descobrimos que o estádio do Boca Juniors, em Buenos Aires (Argentina) não chegava nem aos pés desse em Montevideo.

A última visita foi ao Parque Rodó, onde funciona o Museo Nacional de Artes Visuales. Belo parque, lindo museu. Ainda demos a sorte de encontrar por lá o artista uruguaio Anhelo Hernández, pintor que está com 85 anos de idade e é um importante ícone para a pintura local. Vimos sua exposição, conversamos brevemente com ele e tiramos fotos. Como seu povo, Anhelo é solícito e gentil. É discípulo da arte de Joaquín Torres-García.

Ainda andamos pelo parque, saímos e avistamos o prédio do Mercosul, andamos pelas Ramblas, fomos ao Shopping de Montevideo (mas o Punta Carretas é bem mais agradável, apesar de menor) e jantamos na rede local Il Mondo Della Pizza. Uma pizza para dois de quatro queijos, deliciosa, com bom preço. Terminamos o dia no Baar Fun-Fun, tomando mais uma Uvita para nos despedirmos da cidade que nos conquistou.

(Continua…)

3 – 1º dia em Montevideo

sábado, setembro 20th, 2008

Queridos, antes de começar, eu quero agradecer os recados dos últimos posts. Já respondi tudo nas próprias caixas de comentários, ok? Se tiverem alguma dúvida, podem perguntar que continuarei respondendo. Vou colocar fotos da viagem em todos os textos, para que possam conhecer os lugares. Espero que apreciem os registros que separei especialmente para colocar aqui para vocês. E continuem acompanhando essa viagem, pois estamos apenas no começo…

Nosso primeiro dia começou na Plaza Independencia. Colocamos casacos, mas não imaginávamos que aquele lindo dia de sol nos reservava seis graus. Apesar do frio e da pouca roupa, eu adorei a temperatura. Tudo perfeito: um dia ensolarado com um clima ameno e céu azul. Porque Montevideo é uma capital federal, mas o céu não é cinza. É de um azul limpo e que não dá para esquecer.

A praça está localizada em uma área chamada de Ciudad Vieja e onde estão os mais importantes pontos de visitação. A Plaza Independencia é a maior da cidade e data de 1836 e tem como monumento principal a Estátua de Artigas. Na parte de baixo da praça está o mausoléu do político e militar Jose Gervasio Artigas, herói uruguaio nascido em 1764 e falecido em 1850. Sua participação na história começa em 1810 quando passou a defender os “orientais”, moradores da margem oriental do Rio Uruguai. Participou da Revolução oriental contra o Governo Hispânico Conservador, em 1811 comandou as tropas na Batalha de San Jose e a formação da Liga Federal e passou a ser chamado de “protetor dos povos livres”. A história de exílio no Paraguai não o permitiu voltar nunca mais ao seu país e seu nome aparece hoje em diversas ruas de diferentes cidades do Uruguai.

A Plaza Independencia é rodeada por construções antigas que parecem sair de um filme dos anos 50. O cenário fica completo com os carros estacionados ou em movimento, muitos antigos como é difícil encontrar em qualquer outro lugar. A impressão que dá é que lá os carros são usados para sempre, até não funcionarem mais. E é bonito ver carros antigos conservados e nas ruas.

Um dos prédios da praça é a Casa de Gobierno, que possui uma inscrição de 1880 junto à cabeça de um leão. No local funciona atualmente um museu que nos impressionou pela organização e qualidade de material exposto. Gratuito e com um simpático senhor na porta que puxou papo conosco, o local merece ser visitado e a construção antiga é belíssima. Ao lado está sendo construída uma nova, moderna e espelhada Casa de Gobierno.

Muito próximo está o Palacio Salvo, que atualmente é um prédio de moradias – descobrimos porque tentamos entrar e um senhor perguntou gentilmente se precisávamos de algo. O prédio foi construído entre 1922 e 1928. Ao lado está o Palacio Rinaldi, também com apartamentos.

Um pouco afastado da praça, mas na mesma região e localizado entre as Calles Buenos Aires, Juncal e Reconquista, está o Teatro Solís, que foi construído em várias etapas. O prédio principal foi erguido entre 1842 e 1856 e as alas em 1869.

No princípio, a classe mais abastada entrava no teatro pela porta central, enquanto os demais entravam pelas laterais. Com a grande reforma pelo qual o prédio passou, essa diferença foi extinta. Há visitas guiadas para o teatro, mas vale confirmar antes, já que em dias de apresentação os horários são reduzidos e existe a possibilidade de não ver a sala principal. O teatro é lindo e os funcionários que realizam a visita – inclusive em português – são prestativos e simpáticos. Às quartas as visitas são gratuitas e nos demais dias custam 20 pesos uruguaios em espanhol e o dobro em outros idiomas.

Em frente ao teatro está a Peatonal Bacacay, um calçadão só para pedestres que vai até a Peatonal Sarandí. No caminho há cafés, restaurantes e lojas. Nesse primeiro dia de Montevideo almoçamos na Bacacay em um restaurante chamado Parrilla Del Solís e para entrar no clima do nome, pedimos a especialidade, uma parrilla de frango. Não estava ruim, mas não levem em conta a opinião de dois seres que não comem carne vermelha e estão tentando parar de comer frango. Não é exatamente a melhor refeição que poderíamos ter, mas o local é lindo, os pratos são feitos de forma que os clientes podem ver o preparo, há muitas opções de guarnições e provamos uma entrada muito boa, um pão temperado.

E ali, bem perto, está o monumento que não conseguimos ver, a Puerta de La Ciudadela, que estava em plena restauração, com um enorme pano que a cobria. As pedras datam de 1746 e a maneira certa de vislumbrar esse pedaço da história é da Peatonal Sarandí. E esse mesmo calçadão nos leva a uma outra praça importante da cidade, a Plaza Matriz, também chamada de Plaza de La Constituición. É a praça-mãe da cidade, de 1726 e uma das mais agradáveis também.

Nos arredores da praça está o Club Uruguay (Sarandí, 584) e a Catedral Metropolitana, onde casou o general Artigas. A igreja é muito bonita, de estilo neoclássico do final do século XVIII. Do outro lado da praça está o prédio do Cabildo, local onde se jurou a Constituição de 18 de Julho de 1830 e onde está o arquivo e histórico municipal.

Resolvemos voltar pela Sarandí depois da visita à Plaza Matriz. E naquele calçadão (Sarandí, 683) encontra-se o Museo Torres-García, uma descoberta muito agradável. O museu é gratuito, mas aceita colaborações e possui uma lojinha com produtos bacanas logo na entrada. Joaquín Torres-Garcia (1874-1949) é um dos pintores uruguaios mais importantes e realizou muitas exposições e conferências sobre a arte construtivista, uma veia do abstracionismo.

Seguindo a Sarandí chega-se à Plaza Zabala, pequena e reservada. Próximo à praça (Calle Rincón, 437) está a Casa Rivera, que foi a casa do primeiro presidente da República e hoje faz parte do Museu Histórico Nacional. Outro museu muito bem organizado e com funcionários educados. A casa, por si só, já é um grande espetáculo com seus enormes cômodos que, um dia, já foram usados por gente muito rica.

Apesar de termos ido de carro, de lá é possível caminhar até o Mercado Del Puerto (entre Calles Perez Castellano (Peatonal), Piedras e Rambla 25 de Agosto), que funciona das 8h00 às 19h00, mas é muito mais movimentado no horário do almoço. Uma boa opção para almoçar barato e em restaurantes ou lanchonetes típicas.

Já no final do dia, resolvemos dar um passeio de carro pela principal avenida da cidade, a avenida 18 de Julio, que nasce no Palacio Salvo e vai até o Obelisco, onde começa a chamada Cidade Novíssima. Apesar do trânsito intenso do fim de tarde, algo que observamos em todos os passeios como pedestres (e aplicamos como motoristas) é que o pedestre tem preferência. Principalmente nas ruas menos movimentadas, basta pôr o pé na faixa de segurança que o carro pára na hora. Não tivemos o menor problema com isso e ficamos admirados por ser um costume local.

Chegamos ao Palacio Legislativo, um prédio simplesmente maravilhoso. De lá a vista para a avenida 18 de Julio é ainda mais bonita, com o entardecer e as luzes doa carros acesas (lá os carros precisam andam com a luz acesa em qualquer hora do dia). Também é possível ver a Torre de Telecomunicaciones, o edifício mais alto do país e símbolo da modernidade em um lugar em que existe a preservação do antigo. Chamamos a torre carinhosamente de “Torre de Dubai”, pela semelhança no formato com o original do outro país, Burj Dubai.

Para finalizar o dia fomos passear no Shopping Punta Carretas, no bairro de mesmo nome e onde funcionava um antigo presídio. Na praça de alimentação há opções para todos os gostos e ficamos felizes em encontrar o Verde & Wok, onde tivemos uma janta deliciosa, leve e vegetariana. O Shopping é muito agradável e os preços, embora o nosso dinheiro seja mais valorizado, são equivalentes aos do Brasil. Artigos para o frio são mais baratos, já que lá todos usam e é muito comum encontrar casacos, tocas, luvas e cachecóis em todos os cantos.

Dentro do próprio shopping fomos ao mercado Risco. Não resisto a um mercado. Você quer saber o que um povo come? Vá ao mercado. É o lugar mais típico, embora o menos atraente, para se conhecer em um novo país. E lá vimos prateleiras lotadas com alfajores. Muitos, de todos os sabores e marcas. Escolhemos um da marca Sierras de Minas, depois de conversar com atendentes do mercado, que nos explicaram que é fabricado no interior, é o mais caseiro e é considerado o primeiro alfajor do país. Delícia, simplesmente delícia. E para completar, compramos um refrigerante que vimos muito por lá, o Pomelo. É muito bom, mais doce do que soda e ainda assim mantém o azedinho. Ir a mercados também pode proporcionar refeições rápidas, típicas e muito baratas para quem quer economizar.

O dia acabou assim, depois de muito passeio e uma longa caminhada. E na quinta-feira teríamos nosso segundo dia de Montevideo. Hoje eu sei que ficaria ainda mais. Muito mais.

(Continua…)

2 – Chegada a Montevideo

segunda-feira, setembro 15th, 2008

Eu e marido viajamos de Gol e optamos por chegar e voltar por Montevideo, devido ao preço das passagens. Hoje eu digo que esse pensamento é bastante relativo. Se a idéia é passear no país vizinho, a Argentina, provavelmente você irá gastar com ferry (também chamado de buque por aquelas bandas) para atravessar para Buenos Aires. Assim sendo, não é má escolha ir por Montevideo e voltar por Buenos Aires ou o caminho inverso. Tudo depende dos valores encontrados nas passagens na época da viagem.

Outro ponto a ser observado é o dinheiro. Não esquente a cabeça com o câmbio no Brasil. Lá no Uruguai é muito mais fácil trocar qualquer moeda, por preços justíssimos. Leve Real. O Real é aceito em muitos estabelecimentos, basta apenas ficar atento ao câmbio praticado no local. Se não for bom, a opção é trocar o real em uma casa de câmbio e existem muitas delas em todas as cidades. O Dólar também é aceito e trocado com facilidade e uma opção muito boa é sacar dinheiro local com um cartão internacional. Como são cobradas taxas por saque, pense bem o valor de sacar antes de fazer a operação. O cartão de crédito internacional também é uma boa.

Lembre-se apenas de não voltar com pesos uruguaios na sua carteira. Aqui no Brasil eles serão trocados a valores muito pequenos, não vale a pena. Gaste no aeroporto comprando alfajores. Cada Real valia, em agosto de 2008, cerca de 11 pesos uruguaios nas casas de câmbio locais.

Chegamos ao aeroporto de Carrasco por volta de 17h00 no dia 12 de agosto de 2008. O aeroporto fica a cerca de 20 ou 30 minutos do centro de Montevideo, mas como alugamos um carro e acertamos tudo por e-mail, já saímos motorizados de lá. Alugar um carro não é necessário porque a cidade é pequena, mas é uma delícia andar pelas Ramblas (as avenidas costeiras, lindíssimas). O melhor preço encontrado para aluguel de carro foi na Dollar Uruguai, onde o atendimento também é muito bom. Vale lembrar que reservar hotéis e carros por e-mail facilita a vida do viajante e não custa nada a mais.

Com o hotel também já reservado, fomos para o Íbis, na Calle La Cumparsita. O hotel é muito bem localizado, tem boa relação custo/benefício e recomendo. Já na chegada à cidade, a impressão foi ótima. Apesar do movimento do rush do final da tarde, era possível ver o mar e no calçadão pessoas caminhando ou andando de bicicleta. Como pedestre, aliás, é fácil perceber que os uruguaios respeitam as faixas de segurança. Mesmo com o sinal fechado, basta pisar na faixa que os carros param.

Na mesma noite decidimos visitar o Baar Fun-Fun, na Calle Ciudadela, 1229. Quem visita Montevideo e não conhece o Barr Fun-Fun perde um pouco da visita à cidade. O bar foi fundado por Augusto López em 1895 onde funcionava o Mercado Central. A clientela começou a se formar principalmente devido às principais bebidas do local: el Pegulo e la Uvita. Esta última ainda é sucesso absoluto, tem fórmula que dizem ser secreta, é patenteada e já levou famosos ao bar para experimentá-la, como Carlos Gardel em 1933.

O local também é ponto de encontro para apreciar um bom tango, de quarta a sábado. Infelizmente ainda era terça-feira, mas prometemos voltar ao bar antes de sair da cidade. Ah, a Uvita é mesmo deliciosa. Como o bar está localizado não muito longe do hotel, logo seguimos, já que o dia seguinte prometia grandes aventuras.

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Baar Fun-Fun, um pedacinho da história de Montevideo e o único lugar onde você poderá encontrar la Uvita ;o)

(Continua…)

1 – A viagem ao Uruguai

quarta-feira, setembro 10th, 2008

“Mas o que você vai fazer no Uruguai?”, eu ouvi diversas vezes antes de viajar. O destino não é muito comum entre os brasileiros, mas posso garantir que é inesquecível. Lá eu me senti em casa, completamente à vontade e feliz. O povo uruguaio é tão simpático que não é possível explicar com poucas linhas a gentileza dos atos e das palavras. Não é nada forçado, não. É deles mesmo. São pessoas educadas, gentis e prontas a ajudar. Foram muitas vezes em que recebemos um sorriso ao pedir ajuda e sempre ganhávamos mais do que esperávamos.

Durante 10 meses, há cerca de oito anos, eu fiz aulas de espanhol no meu antigo trabalho. A verdade é que nunca fui capaz de aprender nada porque nunca tive vontade. Que vergonha! Uma amante do português, que fala outros dois idiomas, simplesmente não tinha a menor vontade de aprender espanhol. E assim passaram-se anos e nada de eu aprender. E eis que em apenas alguns dias os uruguaios conseguiram fazer por mim o que nem eu mesma tinha conseguido. Voltei com uma enorme vontade de aprender a língua dos nossos irmãos. Vontade séria.

Durante a viagem eu falei português, os uruguaios falaram espanhol e nos entendemos muito bem. Eles falam devagar, repetem se for preciso, tentam compreender o que falamos e muitos até sabem a língua portuguesa. O que o Uruguai tem de melhor, sem dúvida, é o seu povo. Mas há paisagens que nunca sairão da minha memória, lugares lindos que visitamos, museus incríveis e pedacinhos escondidos que são parte do paraíso. Por tudo isso, hoje eu sei muito bem o que fui fazer no Uruguai. Se você não sabe, venha descobrir comigo.

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Um dos momentos mais emocionantes da viagem, eu e Carlos Páez Vilaró, que além de talentosíssimo é uma simpatia. Mas calma… eu ainda vou chegar lá! ;o)

(Continua…)

¡Hola!

sábado, agosto 16th, 2008

O que o Uruguai tem de melhor? Lindas paisagens e um povo simpático e acolhedor. A viagem está sendo ótima, a cada parada conhecemos pessoas bacanas e lugares maravilhosos. Como tanta coisa incrível já aconteceu (e emocionante também), melhor deixar para escrever na volta, com tempo e carinho. Preparem-se para ler muito… Por ora, só um “hola” do hotel, rapidinho, para vocês que vêm aqui (e eu adorei ler os recados, obrigada!). Relato completo na volta, depois de uns dias ao lado da família, combinado? ;o) Cuidem-se!

Alegrias,
Beijos do Uruguai,
Fernanda.