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Em pauta, a traição.

quarta-feira, março 31st, 2010

Assisti a “Sexo com Amor?”, um filme brasileiro com direção de Wolf Maya. À parte dos elogios para a Maria Clara Gueiros (ótima) e a Marília Gabriela (sempre ótima, sou fã, tão fã que posso dizer que um dos maiores sonhos da minha vida é ser entrevistada por ela), o filme me trouxe à mente a novela “Viver a Vida”. Como? Por quê?

Oras, porque só há traição.

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Não são histórias que têm traição, que explicam a traição, mas que só existem porque há traição. Não assisto à novela, mas sei do que se trata. E não é porque não vejo novelas – eu vejo e adoro, a última foi “Caras e Bocas” – mas sim porque acho a novela péssima, me deem licença, minhas desculpas a quem gosta.

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Acho estranho valorizarem tanto a traição como algo normal. O normal, aliás, é trair, já perceberam? O normal é querer trair, só trair, ser traído e todo o restante que gira em torno disso. Eu vejo e me pergunto o que uma criança aprenderia com uma coisa dessas. Em “Viver a Vida” todas as personagens traem, já traíram, pensam em trair ou foram traídos. Não há um casal que possa ser feliz, só feliz, assim, porque deveria ser o normal ser feliz com quem escolhemos casar ou namorar. Porque não é uma prisão perpétua, é um relacionamento e baseado nesse fato tão claro, as pessoas ficam umas com as outras porque querem e o normal deveria gostar de estar com o/a companheiro/a.

Sinceramente, alguém acha tão normal assim a traição ser o padrão?

Eu não acho.

Alegrias,

Fernanda.

No telefone

terça-feira, outubro 27th, 2009

Quando Cláudio atendeu o telefone, a postura mudou, a voz engrossou e ele mandou ver nos comentários machistas. Do outro lado da linha, Jonas estava acompanhado pelo trio Alberto, Moisés e Felipe. Em uma mesa de bar, tomando cerveja e dando risada.

- Falaê, Claudião, e a vida? Quê? Ah, é? Hahaha! Cara, você é um barato. Gente, o Claudião tá contando que pegou umas minas lindas. Sabem a Veruska, aquela da bundinha empinada que estudou com o primo dele? Fala, Claudião, pode falar. Quê? Ah, cê tá contando porque a mulher não tá por perto, é safado? Tá na piscina? E você aí tomando solzinho em vez de tomar cerveja com a gente, viado? Tá, tá bom, já saquei. Sei como é a vida de homem casado. Quer dizer, saber eu não sei, mas eu imagino como é a prisão.

Todos na mesa riram. Cláudio riu também, claro. Antes de desligar, ainda fez piada com mais duas ou três garotas e a mesa do bar ficou entusiasmada com a virilidade do amigo que tinha tantas mulheres. Apertou o botão, desligou o aparelho, relaxou e soltou um som de alívio. Estava livre mais uma vez.

O problema de Cláudio não era que ele não conseguia parar de sair com as outras, mas confessar para os amigos que tudo não passava de mentira. Porque o problema mesmo era admitir que ele era casado e fiel e que não tinha a menor vontade de sair com as outras. Mas com que cara ele diria aquilo? Nem morto, pensou. E então foi pra piscina.